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Mesmo fora de linha desde dezembro de 2022, o Volkswagen Gol segue como o carro de passeio preferido pelos ladrões.
Levantamento feito pela empresa de rastreamento Ituran Brasil, com base em boletins de ocorrência disponibilizados pela Secretaria da Segurança Pública de São Paulo, mostra que 3.583 Gols foram roubados ou furtados na Grande São Paulo no ano passado.
O número é 5% maior que as unidades 3.396 levadas em 2022, quando o carro popular da VW era o segundo colocado da lista, atrás do GM Onix.
No ranking dos dez carros de passeio mais roubados ou furtados na região metropolitana de São Paulo, segundo o levantamento, seis deles não são produzidos mais –o Uno, que saiu de linha em dezembro de 2021, é segundo da lista.
Há, inclusive, o caso do Corsa, que não é fabricado desde 2015 (a versão sedã Classic foi a última a ser produzida). No ano passado, cerca de 2.900 deles foram alvo de ocorrências de roubo ou furto na Grande São Paulo.
Segundo especialistas ouvidos pela reportagem, o fato de os fora de linha estarem entre os mais visados, indica que o mercado clandestino de autopeças está aquecido.
“Geralmente é uma população que não tem tantos recursos e, por isso, não leva o carro em uma oficina especializada”, afirma Rafael Alcadipani, professor da FGV (Fundação Getulio Vargas) e integrante do Fórum Brasileiro de Segurança Pública. “É um mercado difícil de ser combatido.”
Para Fernando Correia, gerente de operações da Ituran, o ranking pode indicar uma demanda contínua por peças de reposição, levando os criminosos a visarem especificamente esses veículos para desmontagem e venda das peças no mercado ilegal.
O especialista em segurança pública Alan Fernandes aponta também a possibilidade de “golpe do seguro”, quando o proprietário facilita o roubo do veículo para receber o dinheiro do bem segurado, para manter esses carros que não saem mais da fábrica no todo deste tipo de criminalidade.
Percentualmente, o Argo, foi o carro de passeio com maior alta nas ocorrências catalogadas na Grande SP, na comparação entre 2022 e 2023, com aumento de 73%.
Segundo os dados levantados pela Ituran, as queixas de roubo e furto passaram de 1.290 para 2.240.
O modelo da Fíat, que continua saindo da linha de montagem, foi o quarto carro mais vendido no país em sua categoria no ano passado, com 66.717 unidades emplacadas, segundo a Fenabrave (Federação Nacional de Distribuição de Veículos Automotores).
“Nos últimos anos a frota do modelo Fiat Argo aumentou, logo a reposição de peças também”, afirma Correia, citando o mercado clandestino.
O Renault Sandero, aponta a empresa de rastreamento, teve um aumento de 66% nas queixas registradas em boletim de ocorrência na cidade de São Paulo, passando de 586 para 973 casos, entre os dois anos comparados.
A Secretaria da Segurança Pública diz não comentar pesquisas cuja metodologia desconhece, mas afirma que o governo Tarcísio de Freitas (Republicanos) tem intensificado a fiscalização em ferros-velhos, desmanches e lojas de peças automotivas para identificar receptadores que alimentam o mercado clandestino.
Na capital, a Divisão de Investigações sobre Furtos, Roubos e Receptações de Veículos e Cargas [Divecar] faz operações constantes para fechar desmanches e comércios ilegais de peças. Em 2023, a especializada prendeu 778 criminosos, apreendeu 967 veículos, além de mais de 67,4 mil peças veiculares”, diz.
“O trabalho de inteligência, preventivo e ostensivo das forças de segurança, colaborou para a recuperação de mais de 49,5 mil veículos [no estado]”, afirma trecho da nota.
*FÁBIO PESCARINI/Folhapress
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