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O bispo emérito Dom Genival Saraiva avaliou os reflexos do episódio envolvendo o caso “Mão Branca”, conhecido como grupo da morte, na trajetória pastoral de Dom Manuel Pereira, ex-bispo de Campina Grande.
Ao tratar do assunto, Dom Genival destacou que, embora Dom Manuel nunca tenha afirmado de forma explícita que os efeitos psicológicos daquele período tenham sido decisivos para abreviar sua permanência à frente da Diocese, os acontecimentos contribuíram de maneira significativa para um processo interior profundo, vivido de forma silenciosa e intensa.
“Eu diria que, explicitamente, Dom Manuel nunca verbalizou que aquela situação tenha sido a causa direta da sua decisão. No entanto, todos nós concluímos que aquele fato desencadeou uma situação existencial muito forte nele. Somaram-se ali outros episódios, vividos ainda em períodos anteriores, e tudo isso precisa ser compreendido dentro do contexto da época e da personalidade de Dom Manuel”, afirmou Dom Genival.
Segundo o bispo emérito, Dom Manuel possuía um perfil reservado e introspectivo, o que fazia com que ele absorvesse os conflitos de maneira profunda, sem exteriorizar seus sentimentos.
“Ele não era alguém que tratava essas questões de forma aberta. Admito que esses abalos tiveram peso, porque Dom Manuel vivenciava tudo intensamente, mas de forma interiorizada, carregando consigo esse sofrimento”, explicou.
Dom Genival também destacou o fator tempo como elemento importante para compreender o agravamento da situação. Ele relembrou que deixou Campina Grande em setembro de 1978, quando era pároco do Rosário, e só retornou em abril de 1981.
“Pelo que eu me recordo, foi justamente nesse intervalo que o problema se agravou. Quando olhamos esse período, percebemos que o ambiente se tornou ainda mais pesado e isso certamente teve reflexos na vida e no ministério de Dom Manuel”, relatou.
Para Dom Genival, a decisão de renúncia tomada por Dom Manuel foi resultado de uma leitura muito consciente de si mesmo, tanto no aspecto humano quanto no ministerial.
“A renúncia não pode ser vista como consequência de um único fato isolado. Ela nasce de uma avaliação honesta que Dom Manuel fazia de sua própria condição, considerando os impactos emocionais e pastorais que vinha enfrentando”, pontuou.
Ao concluir, Dom Genival reforçou que Dom Manuel jamais atribuiu diretamente sua saída da Diocese de Campina Grande ao episódio do “Mão Branca”, mas reconheceu que o contexto vivido, marcado por tensões e desgastes, provocou abalos que influenciaram sua decisão.
“Ele nunca me verbalizou isso de forma direta, mas, olhando o conjunto da situação e a forma como aquele grupo agia, é possível compreender que esses acontecimentos provocaram impactos profundos, que acabaram se refletindo na decisão tomada com grande senso de responsabilidade pastoral”, concluiu.
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