Rabanada: tradição milenar que une fé, história e sabor à mesa

*Vídeo: ParaibaOnline

No quadro semanal Do grão ao pão, Norival Monteiro levou os ouvintes a uma verdadeira viagem histórica e cultural ao falar sobre a rabanada, um dos alimentos mais simbólicos das festas de fim de ano.

Segundo ele, a rabanada é uma tradição milenar, com origem na Idade Média, profundamente ligada ao trigo, ao pão e à fé cristã.

“O trigo e tudo o que envolve ele estão muito ligados à cultura da nossa fé. O pão e seus derivados sempre foram associados ao cristianismo, e com a rabanada não foi diferente”, explicou Norival. Ele destacou que a receita surgiu com dois propósitos centrais: evitar o desperdício e respeitar o simbolismo do pão como representação do corpo de Cristo. “Na Idade Média, não se podia desperdiçar o alimento sagrado. O pão dormido ou envelhecido era cortado em fatias e reaproveitado. Assim nasceu a rabanada”, afirmou.

Com o passar dos séculos, a receita atravessou fronteiras e ganhou adaptações conforme a cultura de cada país. “A rabanada é apreciada no mundo inteiro, mas cada povo foi colocando sua identidade na preparação”, pontuou. No Brasil, a tradição veio dos portugueses, mas sofreu mudanças. “O brasileiro adaptou a receita, acrescentando leite e leite condensado, enquanto os portugueses preferem o vinho”, explicou.

Norival também citou outras variações internacionais. Nos Estados Unidos, a rabanada é presença constante no café da manhã, servida com bacon e xarope. Já na França, o preparo elimina o óleo e utiliza manteiga, tornando-se item essencial da primeira refeição do dia, assim como o croissant. “Aqui no Brasil, a rabanada ficou marcada principalmente pelas festas de fim de ano”, observou.

Sobre o preparo, Norival explicou que o açúcar aparece especialmente na finalização. “Depois de frita, a rabanada é colocada numa calda e finalizada com açúcar e canela, o que dá aquele sabor característico que todo mundo conhece”, detalhou.