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Foto: ParaibaOnline/Arquivo
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*Vídeo: ParaibaOnline
O tradicional tareco, um dos biscoitos mais queridos do Nordeste, foi tema da coluna “Do Grão ao Pão”, assinada por Norival Monteiro, que mergulhou na história, nas versões populares e nas curiosidades que cercam essa iguaria tão presente na mesa dos nordestinos.
Segundo a coluna, a origem do tareco reúne história, controvérsias e muito sabor. Estudos apontam influências árabes — possivelmente derivado do termo taraki, que significa “coisa pequena” ou “insignificante” — além do aperfeiçoamento português, que ajudou a espalhar a receita no Brasil. O estado de Pernambuco foi um dos grandes responsáveis pela popularização do biscoito no país, especialmente após a canção “Tareco e Mariola”, eternizada na voz de Flávio José, ganhar notoriedade nacional.
Mas, como todo alimento com alma, o tareco também tem suas versões contadas pela sabedoria popular. Norival explica que parte da tradição oral associa o surgimento do biscoito às “aparas” e bordas de massas mais grossas preparadas nos fornos das primeiras padarias. “Quando aquele pedacinho caía mais rápido na bandeja e assava depressa, ganhava formato semelhante ao tareco que conhecemos hoje”, destaca.
Há ainda quem defenda outra possível influência linguística: o tupi-guarani. Assim como palavras como abacaxi, carioca e beiju foram incorporadas ao português, o termo “tareco” poderia ser uma evolução de cacareco, derivado de caco, usado pelos indígenas para se referirem à cerâmica quebrada. A semelhança sonora e visual — já que o tareco parece formado por “caquinhos” de massa — reforça a hipótese.
Além da aula histórica, a coluna traz também memórias afetivas e bastidores da produção. O tareco, de receita simples — açúcar, margarina, ovos e farinha — é descrito como “um bolo desidratado”, base que o aproxima da tradição caseira das fazendas e da cozinha de interior. Há quem o chame ainda de mentirinha ou paciência, nome que remete ao trabalho minucioso do preparo.
O colunista também compartilhou lembranças de quem aprendeu o ofício nos antigos pontos de panificação da cidade. O processo artesanal incluía, por exemplo, usar pernas de calça jeans como mangas de confeitar improvisadas, recheadas com a massa ainda crua. O segredo do forno, revela, é um só: 180 graus por 12 minutos — nem mais, nem menos, sob risco de queimar.
O resultado é um retrato completo: história, cultura, memória afetiva e gastronomia reunidos em um biscoito simples, mas cheio de significado.
Seja como herança árabe, influência indígena ou invenção popular, o tareco segue firme como símbolo da culinária nordestina — e conquistando novas gerações a cada fornada.
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