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Paraíba
Foto: Ricardo Stukert-PR/Arquivo
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O mercado imobiliário brasileiro sofreu o primeiro impacto relevante das taxas de juros elevadas. Apesar de mais de 100 mil imóveis terem sido vendidos no 3º trimestre de 2025, houve queda de 6,5% na comparação anual.
Até mesmo pelo programa Minha Casa Minha Vida (MCMV) -que tem segurado os bons resultados do setor– houve retração nas vendas no período. Uma mostra de que a Selic em 15% encareceu o financiamento e reduziu o ritmo de compra das famílias.
Os números são do levantamento da Cbic (Câmara Brasileira da Indústria da Construção) com a Brain Inteligência Estratégica divulgado nesta segunda-feira (17).
De acordo com os indicadores, as exceções a essa retração anual foram as regiões Norte e Sul, que registraram crescimento nas vendas de 46,7% e 1,3%, respectivamente.
O Nordeste teve queda de 7,9% em relação ao 3º trimestre de 2024, enquanto o Centro-Oeste registrou recuo de 20,8%, e o Sudeste, de 9,8%.
O mercado financiado pelo SBPE (Sistema Brasileiro de Poupança e Empréstimo), que abrange imóveis de R$ 500 mil a R$ 2,25 milhões e usa recursos da poupança, foi o mais afetado pelos juros. As vendas caíram 30,7%, e os lançamentos, 18,1%.
Apesar do menor volume vendido, o valor movimentado subiu 5,6% em relação ao mesmo trimestre de 2024, para R$ 62,3 bilhões, devido a imóveis de preços mais altos.
No acumulado de 12 meses, o mercado ainda apresenta crescimento: 420.511 unidades vendidas até setembro de 2025, alta de 9,5%.
Embora com registros de retração, o Minha Casa Minha Vida segue como pilar do setor. O programa voltado para segmentos de menor renda respondeu por 44% das vendas, com 44.885 unidades. No Norte, essa participação chega a 61%; no Sudeste, a 54%.
De acordo com os indicadores, o tempo necessário para escoar o estoque (oferta final) do segmento é de sete meses.
Na capital paulista, as vendas pelo programa federal cresceram 42,9% e superam média do mercado nacional no comparativo anual. Foram comercializadas 22.798 unidades entre julho e setembro de 2025.
O bairro Vila Buarque (região central) teve a maior valorização de m² no último ano: entre setembro de 2024 e setembro de 2025, os preços na região subiram 24,5%. Já Itaquera (zona leste) foi o bairro com maior volume de lançamentos no segmento entre janeiro de setembro de 2025, com 4.446 unidades lançadas.
O Minha Casa Minha Vida responde por 67,5% dos lançamentos imobiliários na capital. Foram lançadas 28.009 unidades no terceiro trimestre de 2025 –alta de 48,2% em relação ao trimestre anterior. O Valor Geral de Vendas lançado também subiu, chegando a R$ 7,3 bilhões, ante R$ 4,6 bilhões no segundo trimestre de 2024.
GERAÇÃO Z PUXA A INTENÇÃO DE COMPRA
A Selic alta funciona como um freio, mas não apagou a demanda. Mesmo com juros altos, o desejo de adquirir um imóvel aumentou. Jovens e famílias em transição sustentam o interesse, enquanto as incorporadoras seguem lançando novos projetos, aponta o levantamento da indústria da construção.
A intenção geral de compra para os próximos 24 meses está equilibrada entre as faixas de renda e atingiu 48% dos entrevistados, 2 pontos percentuais a mais que no 3º trimestre de 2024.
A Geração Z é quem mais chama atenção. Entre os jovens de 21 a 28 anos, 61% querem comprar um imóvel -um número que desmonta o mito de que essa geração não se interessa pela casa própria e prefere apenas alugar ou viver de forma mais flexível.
O grupo de compradores mais qualificado e ativo no mercado -aqueles que já visitam imobiliárias, estandes de vendas e imóveis- cresceu em 900 mil famílias no último trimestre. Hoje são 2,6 milhões de famílias, o maior volume desde o final de 2024. Metade delas está em momentos de mudança, como a compra do primeiro imóvel ou a saída do aluguel.
LANÇAMENTOS MANTÊM RITMO, COM FOCO NO SUDESTE
As vendas mais fracas não desanimaram o setor. As incorporadoras seguiram colocando novos projetos no mercado. No 3º trimestre, foram 108.819 unidades lançadas, uma alta de 1,6% em relação ao ano passado.
O Sudeste liderou com folga: cresceu 13,1%, com 59.780 lançamentos no período, e respondeu pela maior parte dos novos empreendimentos. No acumulado dos nove primeiros meses do ano, os lançamentos subiram 8,4%.
Esse ritmo elevou o estoque nacional para 312.544 unidades, aumento de 3,3% em comparação com 2024. O avanço dos lançamentos também aparece no valor movimentado. O Valor Geral Lançado chegou a R$ 68,5 bilhões, 15,3% acima do registrado um ano antes.
Regionalmente, o Centro-Oeste teve o salto mais forte entre trimestres (+53,5%), enquanto o Norte foi a única região a reduzir o volume lançado.
*ANA PAULA BRANCO/folhapress
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