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Foto: Frame/TV Paraíba
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Pacientes seguem relatando perda total ou parcial da visão após mais de 40 dias do mutirão oftalmológico que deixou cerca de 29 pessoas com complicações em Campina Grande, na Paraíba.
O mutirão foi realizado no Hospital de Clínicas, em 15 de maio, e 64 pessoas foram atendidas. A ação foi feita por meio de um contrato entre a Secretaria de Saúde da Paraíba e a Fundação Rubens Dutra.
A aposentada Anita Terina da Costa, de 89 anos, contou que perdeu a visão do olho esquerdo desde o dia do mutirão. Ela disse que sempre teve uma vida ativa, mas que, depois do procedimento, a perda da visão passou a dificultar sua locomoção.
Antes da cirurgia, ela enxergava cerca de 30% com o olho afetado, mas chegou a recuperar até 60% após um tratamento anterior. Após ser orientada a participar do mutirão, porém, relatou que tudo foi escurecendo de vez.
Segundo ela, sua rotina mudou completamente. “Em casa eu fazia tudo, cuidava das minhas obrigações. Agora não posso, só com um olho… Não dá pra fazer nada, eu ando tombando. Eu não tenho esperança de voltar com essa visão, não. Estou certa de que vou ficar assim até o fim”, disse.
Outra paciente afetada foi Errta Rianny, que também participou do mutirão e afirma ter recebido um colírio vencido para tratar uma infecção ocular. Ela relata que hoje enxerga pouco com o olho afetado e que isso também compromete sua mobilidade. Inicialmente, acreditou que os sintomas eram comuns, mas a situação piorou e ela precisou passar por uma cirurgia em João Pessoa. No procedimento, foi colocada uma nova lente, realizada a retirada de catarata, além da aplicação de antibióticos e inserção de óleo de silicone para evitar a atrofia ocular.
A família de Anita Terina afirma que não recebeu apoio de nenhum órgão público após o ocorrido. “Toda semana é duas ou três vezes no Help, tendo que pagar carro por aplicativo e medicação. É toda hora, tem que comprar todos os colírios. A gente tem um custo muito alto. A gente também tem que colocar gente pra cuidar dela, porque ela não consegue mais fazer nada”, disse o filho da aposentada, Inácio Quaresma.
A Secretaria de Saúde da Paraíba informou que Anita foi atendida e recebeu a assistência necessária, incluindo médicos e custeio do tratamento. Segundo a SES, ela se recusou a ser transferida para dar continuidade ao tratamento em João Pessoa e optou por seguir em uma clínica credenciada em Campina Grande.
O caso segue sendo investigado pela Polícia Civil, mas o inquérito corre em segredo de justiça. Profissionais que participaram dos procedimentos e pacientes já foram ouvidos, e a aposentada também deve ser chamada a depor. O Conselho Regional de Medicina e o Ministério Público da Paraíba também investigam o caso, mas ainda não comentaram publicamente.
Segundo a SES-PB, 64 pessoas participaram do mutirão, realizado em parceria com a Fundação Rubens Dutra. A secretaria confirmou que ao menos seis dos trinta frascos de colírios usados estavam vencidos e abertos. A Fundação nega que medicamentos vencidos tenham sido utilizados e afirma que, desde que tomou conhecimento dos problemas, iniciou uma busca ativa por pacientes com sintomas.
*com informações da TV Cabo Branco
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