Paraíba

Onaldo Queiroga*: O tempo e a ferrugem da vida

Da Redação*
Publicado em 8 de abril de 2025 às 9:00

Foto: Ascom

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Disse um poeta que o tempo sempre é menino. Verdade. Passam os anos, chegam os cabelos brancos, amadurecemos, as articulações sinalizam a fatiga da longa caminhada, mas ele, o tempo, nunca envelhece.

O tempo nos conduz pelo mundo, minuto a minuto. De mãos dadas com ele atravessamos crepúsculos, noites sem estrelas e lua, escuridões, tempestades e esquinas de ingratidões.

Mas, o mesmo tempo também nos leva a conhecer noites claras, banhadas pela luz exuberante da branca lua. Noites sonoras, de notas encantadoras que surgem do dedilhar das cordas de violões seresteiros que cantam o amor e alimentam sonhos de casais de enamorados.

Será que o tempo é Deus, Senhor que de tudo faz e pode? Ele conduz nossas vidas, às vezes caminha lento, deixa a sensação de que não passa, mas quando menos esperamos, basta olhar para trás e logo percebemos que ele voou, passou rápido e ainda no trajeto saiu talhando rugas no nosso rosto.

Talvez a ganância costurada pela vontade de sempre se lutar, lutar a todo custo para alcançar sonhos materiais esteja fazendo com que o ser humano não perceba o quanto o tempo é veloz, o quanto é efêmero, porém, sempre menino.

No galope desse tempo, muitas vezes quando constatamos que ele passou, então, começa aí a aflorar a ideia de que poderíamos ter corrido menos e usufruído melhor os dias, vivenciado com mais tranquilidade o caminhar da vida com a família, estendido mais a mão aos nossos semelhantes, abraçado com maior intensidade nossos pais, andado devagar pelas areias da praia, contemplando a imensidão do mar que tanto tem a nos ensinar.

O pior é que o tempo não tem ferrugem, esse mal na verdade, sem pedir licença, sem que percebamos, sorrateiramente com auxílio do próprio tempo invade a matéria que abriga nosso espírito e começa a nos mostrar o quanto somos frágeis.

O incrível é assistir pessoas se intitularem deuses, acreditarem que a terra gira em torno delas, quando não passam, como nós, de meros transeuntes desse mundo terra.

Engrossam o pescoço, agem como ditadores, se acham imortais, fomentam intrigas, mas esquecem que num estralo de dedo o tempo pode mudar tudo, levar o homem do luxo a miséria, da saúde a enfermidade, do assédio dos bajuladores a solidão do ostracismo.

Um antídoto importante para retardar a ferrugem da vida é a prática da solidariedade, vivenciar o amor e estar sempre sintonizado com os ensinamentos de Deus.

Só assim aperfeiçoaremos o espírito para transitar dignamente pela vida e com naturalidade aceitar a morte.

*Escritor e desembargador

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