É como um ser melancólico que Padre Fábio de Melo se define. Uma semana após desabafar sobre uma forte depressão que vem enfrentando, o sacerdote postou um vídeo nas redes sociais em que relata as emoções.

“Foi a beira do abismo que eu sempre andei, desde menino. Tudo em excesso. Alegria demais, tristeza demais, amor demais, ódio demais. Já me acusaram de ser muito emocionado. Falaram como se fosse um defeito, mas sei que não é.”

Na última semana, ele afirmou para uma multidão de fiéis que a dor é tão forte que o impede de executar sua rotina e que só tinha um pensamento na vida: a vontade de deixar de viver.

“Quem conduz a minha alma pela mão são elas, as emoções. Desta particularidade nascem minhas riquezas, mas também os meus limites. Quando vem a tristeza, eu sou invadido pela convicção de que será definitiva”, continuou.

“Quando sinto que está retirando a minha vontade de viver, preciso dar ao meu cérebro um amparo químico, uma ajuda para que os excessos doentios voltem a ser excessos criativos.”

Pelas redes sociais, ele recebeu uma homenagem do escritor Fabrício Carpinejar, que diz querer ser amigo do padre.

“Depressão não é brincadeira. Tudo é quero escuro, até o Sol. Você possui o dom da vulnerabilidade. Chegar aonde chegou é para poucos. Apenas queria falar que está tudo bem quando não está bem. Hoje é sombra, amanhã será luz.”

“Chorei aqui. A lágrima do reconhecimento, de poder me ler em cada palavra escrita. Obrigado, amo você”, respondeu o religioso.

*MARIA PAULA GIACOMELLI/folhapress