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O Banco do Nordeste do Brasil (BNB) pretende ampliar a capacidade de crédito a projetos de energias renováveis, segundo apresentação feita nesta terça-feira (28) a 200 investidores e analistas de investimentos, em São Paulo.
“Nessa discussão da descarbonização do mundo, o Nordeste tem uma oportunidade ímpar de participar, não só nessa parte de geração de energia eólica e solar, mas também as próximas fronteiras: energia eólica offshore e hidrogênio verde. O Brasil terá provavelmente o hidrogênio mais barato do mundo até 2030 e o grande foco é lá”, afirma José Aldemir Freire, diretor de planejamento do BNB.
“Com o aporte R$ 1,4 bilhão do governo federal a gente pode alavancar até R$ 12 bilhões. Esse é o limite que podemos captar nos próximos anos das diversas fontes.”
Entre os projetos está o lançamento de títulos verdes, mas ainda não há definição sobre valores nem prazos, de acordo com os executivos do banco.
Em 2023, o BNB aplicou R$ 11 bilhões em infraestrutura, valor parecido com o liberado para o orçamento deste ano, mas abaixo do necessário para suprir a demanda -em torno de R$ 40 bilhões por ano, segundo estudos. Dos R$ 11 bilhões, cerca de 70% a 80% foram direcionados para energia.
A estratégia do banco para bancar os investimento tem sido buscar cooperações com entidades e organismos multilaterais como o NDB (banco dos Brics) e o BID (Banco Intermaericano de Desenvolvimento); e os privados AFD (Agência Francesa de Desenvolvimento) e KFW; além de contar com recursos do BNDES (Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social), da Financiadora de Estudos e Projetos (Finep) e do Novo Fundo Geral de Turismo (Fungetur).
O plano está em fase inicial de planejamento e conversas. Não há estimativas de valor, volume e prazo para a captação dos recursos. “Uma coisa é certa: a gente quer estar participando disso, a gente não vai estar fora”, disse o presidente do BNB, Paulo Câmara.
Entre 2021 e 2023, o Banco do Nordeste financiou 388 projetos, totalizando R$ 26,7 bilhões, a maioria com recursos do Fundo Constitucional de Financiamento do Nordeste (FNE).
Deste total, R$ 21,1 bilhões foram destinados via FNE Verde, R$ 511,1 milhões via FNE Inovação e R$ 5,1 bilhões via Proinfra.
Para 2024, o orçamento previsto é de R$ 8,1 bilhões nesse segmento para investimentos em toda a área de atuação do banco, que compreende todo o Nordeste e parte dos estados de Minas Gerais e Espírito Santo.
“É um banco que tem um porte prioritário por pequeno [empresário]. Se fala muito em energia renovável, e nós somos os grandes investidores da região nisso, mas o nosso foco, 60% da nossa atuação, é para micro e pequeno. Então essas práticas também têm que estar nomeadas a eles também”, afirma Câmara.
“As energias [renováveis] têm que chegar a todos. Quem está no campo, na agricultura familiar, tem que ter acesso a linha de financiamento que possa gerar sua energia renovável na sua área de atuação e, mais na frente, até haver a discussão do excedente também poder gerar uma renda para essas pessoas. Esse conceito também precisa chegar às cidades, precisa chegar ao comerciante, ao pequenininho, poder ter realmente acesso a práticas sustentáveis que vão ajudar nos custos dele.”
Freire acredita que será fácil captar os recursos porque o BNB “tem uma carteira praticamente dentro de casa, que é absolutamente capaz de absorver esses recursos”. Para as energias solar e eólica, o diretor diz que são basicamente os mesmos atores que já tem até 15 anos de atuação na região.
“A gente precisa diversificar o funding, porque a região necessita disso. O FNE não é mais suficiente. Uma outra importância para a gente é que o banco precisa diversificar e diminuir a sua dependência do FNE. O banco é de desenvolvimento, mas também é um banco comercial”, diz.
O BNB diz estar especialmente atento à discussão sobre o hidrogênio verde e seus investidores e compradores de diversas regiões do mundo.
O Piauí tem o principal projeto brasileiro para a produção de hidrogênio verde, com investimento estrangeiro de cerca de R$ 10 bilhões ao longo de dez anos. O empreendimento será instalado em Parnaíba, a 340 km da capital Teresina, na ZPE (Zona de Processamento de Exportação) do estado.
Estão previstos 20 mil megawatts (MW) de potência, maior do que a capacidade da usina de Itaipu. A primeira etapa do processo deve ter início em 2027.
*ANA PAULA BRANCO/folhapress
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