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Se um consumidor parar para pensar que um refrigerante pet ou uma cerveja em lata que ele consumirá no Maior São João do Mundo em Campina Grande pode ser resíduo de uma embalagem que já foi descartada no próprio Parque do Povo, ele perceberá a importância da reciclagem. Toneladas de alumínio, plástico, papelão e vidro são recolhidas diariamente neste grandioso evento. Para dar essa logística reversa nesses materiais, existe há sete anos o projeto Recicla São João, uma iniciativa municipal que recolhe todos os descartados do Parque do Povo.
Nesta sexta-feira (17), Dia Mundial da Reciclagem, temos a boa notícia de que os dados sobre a sustentabilidade da maior festa junina do País, provavelmente serão superiores ao ano de 2023. De acordo com a coordenadora do Projeto Recicla São João, a engenheira Rafaela de Oliveira, existem sim, durante o MSJM, produtos a partir de resíduos que são coletados no Parque do Povo um ano antes, por serem reciclados rapidamente no mercado local.
Em 2024, o projeto terá 55 catadores e catadoras trabalhando dia e noite, nos 33 dias do MSJM. Com a expansão do Parque do Povo para o Parque Evaldo Cruz por uma ponte, haverá um consequente crescimento da festa, o que poderá causar aumento em torno de 10% no volume de resíduos coletados, conforme Rafaela. Ela prevê que esse ano a coleta final chegue a cerca de 64 toneladas.
Para o diretor de Marketing da empresa organizadora d’O Maior São João do Mundo, Pedro Aryell, o trabalho de sustentabilidade realizado em Campina Grande durante os festejos juninos é exemplar. Uma pauta em comum entre a Prefeitura e a Arte Produções. “Para todos nós que fazemos parte do Grupo Arte Produções é sempre importante ter o olhar cuidadoso para o meio ambiente. Em nossos eventos buscamos sempre práticas e operações que colaborem com a sustentabilidade. Ações como reciclagem de lonas, política de neutralização de carbono, coleta seletiva entre outros são ações que já executamos em 2023 e 2024. No São João de Campina o destaque é para a coleta seletiva e a reciclagem.”, explicou Pedro Aryell.
São quatro empreendimentos de catadores de Campina Grande que fazem a reciclagem durante o maior evento turístico do Estado. As cooperativas Catamais, Arensa, Cavi e Cotramare vão disponibilizar seus catadores para a coleta de 2024. Ano passado, a soma do valor pago pela Prefeitura de Campina Grande (PMCG) e do arrecadado com a venda do reciclado gerou dois salários mínimos para cada catador ou catadora. Este ano, a renda individual deve fechar em R$ 3 mil, considerando que a prefeitura está pagando R$ 1.412, e a comercialização dos materiais será maior.
“Não há uma divisão por cooperativa. É um trabalho que envolve todas igualmente. E ainda promovemos a inserção de catadores que atuam na informalidade. A comercialização dos resíduos ficam sob a responsabilidade dos catadores. Eles vendem a quem oferecem o maior preço. Estou fazendo contato com algumas indústrias, como a Novelis e Oi-glass para auxiliá-los nesse ponto. Todos os tipos de materiais, eles reciclam, papel, plástico (PET, PP e PEAD), metal (alumínio) e vidro”, detalhou Rafaela.
O destino final dos materiais reciclados são as indústrias de reciclagem da cidade. Cada resíduo tem um destino de acordo com o tipo. No caso dos alumínios, o resíduo é triturado depois submetido ao processo de laminação, para posterior fabricação de novas latinhas e retorno à indústria de bebidas. E é rápida sua volta ao mercado, com o devido aviso nas embalagens. “Pode ser que esses produtos novos, criados a partir dos resíduos gerados no MSJM, cheguem no PP no ano seguinte, embora a maioria seja posta no mercado até um mês após o término do evento, de tão rápida que é a reciclagem”, disse.
Veja a arrecadação dos materiais de 2023:
Papelão – 20.390 toneladas;
Plástico (PET, PP e PEAD) – 15.162 toneladas;
Vidro – 11.500 toneladas;
Alumínio – 10.926 toneladas.
O que acontece com cada material
Muitos consumidores entendem o que acontece com esses materiais, como passar por um processo de recriação dele mesmo ou transformação em algum produto novo. A ideia é que haja uma rotatividade dos mesmos materiais e não mais um aumento de novos produtos. Para entender melhor, veja o que acontece com cada um desses produtos:
Papelão e papel – Volta ao mercado ao estado original e às vezes como papel higiênico;
Plástico – Há uma indústria para a transformação, mas manufatureira, como no artesanato de corda, vassoura, camiseta, balde, bacia e da própria garrafa PET;
Vidro – Volta ao mercado como garrafa mesmo ou potes de conserva;
Metal alumínio – A grande maioria volta como lata de bebida gaseificada.
Expectativa de renda maior
As pessoas cadastradas no projeto já estão ansiosas, à espera do início do Maior São João do Mundo. Pela Catamais, serão quatro cooperadas: Jamile, de 21 anos, Kézia, de 28 anos, Andreza, de 25 anos e Eliene se 41 anos. Todas já têm experiência com o serviço, que dura em média 12 horas por noite, das 18h às 6h, além de algumas vezes durante o dia.
Já na cooperativa Arensa, os catadores darão Francisco Cleido Firmino de Sousa, de 52 anos, Maria do Carmo Trajano, de 54 anos, e Edna dos Santos Oliveira, de 52 anos. A outra cooperativa, Cavi, disponibilizou Solange, de 46 anos, Vicente, de 26 anos, Amanda Joyce, de 34 anos. Por último, a Cotramare estará com as catadoras Valdinete Aires da Silva, de 29 anos, Auciete Luis da Silva, de 40 anos, e Edneide Dos Santos Oliveira, de 47 anos.
História do Recicla São João
O projeto começou em 2016 e faz parte da Política Nacional de Resíduos Sólidos. Desenvolvido pela Prefeitura de Campina Grande, por meio da Secretaria de Serviços Urbanos e Meio Ambiente (Sesuma), o Recicla São João estabelece um contrato de serviço com os catadores e catadoras. Os trabalhadores recebem um salário mínimo e uma renda extra, a partir do valor obtido na venda do material, que é proporcional à quantidade de toneladas alcançadas.
Aproximadamente 80% da produção de resíduos sólidos produzidos nos polos da festa têm potencial para ser reciclado, de acordo com a coordenação do projeto, o que torna o Maior São João do Mundo sustentável e aliado do meio-ambiente. Além disso, as açõescolaboram com a limpeza do PP e do Distrito de Galante, fortalecem a geração de trabalho e renda.
A coordenadora do projeto contou que nos últimos anos foram cerca de 135 toneladas de resíduos sólidos comercializados e encaminhados para a destinação correta, o que garantia uma renda extra para os trabalhadores envolvidos. “Promove a sustentabilidade, gera emprego e renda, ajuda na sustentabilidade e limpeza do evento e na redução do trabalho infantil. Com o recorde que está ocorrendo podemos alcançar 50 toneladas, garantindo para cada colaborador uma renda superior a R$ 3 mil”, comentou Rafaela.
Como é feita a coleta
Os catadores se revezam em equipes que trabalham na coleta e triagem. Depois da seleção os materiais passam pela prensa, são organizados em fardos, e vendidos. As ações de coleta seletiva, aliadas às atividades da equipe de limpeza do Parque do Povo, garantem um ambiente mais organizado e seguro para quem vem curtir o Maior São João do Mundo.
As atividades injetaram mais de R$ 130 mil na economia da cidade até o fim do mês de junho, além de colaborar com a destinação correta e segura dos materiais. O projeto dispõe de um ponto de apoio no PP, que fica localizado na Vila Nova da Rainha. Nele, são distribuídas as informações sobre a divisão de equipes, e os equipamentos de proteção individual (EPI’s).
O Recicla São João também fortalece mensagens de como o descarte inadequado impacta o meio ambiente e como a atuação do projeto sempre trouxe resultados positivos. “A festa fica mais bonita, os resíduos produzidos vão para o lugar certo, os colaboradores aumentam a renda e o meio-ambiente agradece. O Maior São João do Mundo fica ainda maior quando há consciência e responsabilidade ambiental entre todo mundo: trabalhadores, visitantes e turistas”, concluiu Rafaela.
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