Esportes

Paralimpíadas têm início com cerimônia ‘militante’

Da Redação*
Publicado em 28 de agosto de 2024 às 23:19

PARIS PARALYMPICS

Foto: X/COB

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Uma cerimônia “militante” –na definição de seu criador, o diretor de teatro Thomas Jolly–, com uma mensagem de conscientização para a inclusão das pessoas com deficiência, abriu os Jogos Paralímpicos na noite de quarta-feira (28) em Paris.

Menos ambiciosa do que a abertura dos Jogos Olímpicos, no rio Sena, um mês atrás, nem por isso a festa foi menos grandiosa.

Usou como espetacular cenário a praça da Concórdia, onde em 1793 o rei Luís 16 e a rainha Maria Antonieta foram guilhotinados durante a Revolução Francesa.

Expurgada de seu lado sangrento, a revolução serviu de mote para a cerimônia em alguns momentos.

“Espero que Paris-2024 inicie uma revolução paralímpica, a revolução da inclusão”, disse o presidente do Comitê Paralímpico Internacional, o brasileiro Andrew Parsons, arrematando discurso grandiloquente com o lema da Revolução Francesa: “Liberté! Égalité! Fraternité!”.

O Obelisco de Luxor, erigido a mando do faraó Ramsés 2º no século 13 a.C. e oferecido pelo Egito à França na década de 1830, serviu de inusitada tela de projeção no centro do palco da cerimônia.

Na abertura olímpica, Jolly tinha criado polêmica com diversas provocações, entre elas uma cantora representando a rainha decapitada.

Desta vez, em suas próprias palavras, o diretor decidiu enfatizar a “concórdia” que dá nome à praça.

O nome dado por Jolly ao espetáculo, “Paradoxe”, era, segundo ele, uma referência à contradição entre o heroísmo dos campeões paralímpicos e os desafios cotidianos às vezes prosaicos com que eles se deparam nas ruas –como descer uma escada para pegar o metrô.

“É a primeira vez que uma cerimônia de abertura paralímpica é realizada no centro de uma cidade, e sabemos que as cidades não são adaptadas [para pessoas com deficiência]”, afirmou.

As coreografias, que contaram com 500 artistas e foram ensaiadas durante dois meses, deram amplo destaque a dançarinos em cadeira de rodas ou usando próteses e muletas. O cantor francês Lucky Love, que nasceu sem o braço esquerdo, foi um dos que mais chamaram a atenção —vestido à Freddie Mercury, cantou uma música de sua própria autoria, “My Ability” (“Minha Habilidade”).

Como definiu a ministra dos Esportes e dos Jogos Olímpicos e Paralímpicos, Amélie Oudéa-Castéra, a intenção da cerimônia não era “chocar”, mas “chamar a atenção”.

Assim como ocorreu nos Jogos Olímpicos, foi a primeira vez que a cerimônia de abertura paralímpica ocorreu fora de um estádio.

Boa parte dos cerca de 4.400 atletas, representando 168 delegações, desfilou dos Champs-Elysées, principal avenida de Paris, até a praça, diante de um público de cerca de 50 mil pessoas.

Os 88 atletas russos inscritos, autorizados a competir como “atletas individuais neutros”, foram impedidos de participar em razão da invasão da Ucrânia.

Entre as delegações mais aplaudidas estiveram a da Palestina, a da Ucrânia e a da equipe paralímpica de refugiados.

A equipe francesa, última a desfilar como manda a tradição, entrou ao som de “Les Champs-Elysées”, ode à avenida gravada em 1969 pelo cantor Joe Dassin.

Beth Gomes (atletismo) e Gabriel Araújo, o Gabrielzinho (natação), campeões paralímpicos em Tóquio, três anos atrás, representaram o Brasil como porta-bandeiras. A delegação brasileira é a segunda maior dos Jogos, com 255 paratletas, atrás da China (282) e à frente até da anfitriã França (237).

Doze tochas paralímpicas diferentes convergiram de todas as regiões da França em direção ao local da cerimônia de abertura, depois de um revezamento de quatro dias e mil participantes, iniciado no Reino Unido, em Stoke Mandeville, localidade berço do movimento paralímpico: ali, em 1948, foi realizado o embrião do que viria a se transformar nos atuais Jogos.

A mesma pira que fez sucesso nos Jogos Olímpicos, em um balão no Jardim das Tulherias, voltou para os Paralímpicos.

Foi “acesa” (na verdade, não tem fogo, mas um jogo de luzes e vapor d’água) simultaneamente por cinco estrelas paralímpicas da França: Alexis Hanquinquant (triatlo), Nantenin Keita (atletismo), Charles-Antoine Kouakou (atletismo), Elodie Lorandi (natação) e Fabien Lamirault (tênis de mesa).

Fogos de artifício encerraram o show, simbolicamente ao som de “Born to Be Alive” (“Nascido para Estar Vivo”), sucesso da música disco dos anos 1970, que, apesar da letra em inglês, é de autoria de um francês, Patrick Hernandez.

Os Jogos Paralímpicos terão 22 esportes em quase todas as icônicas sedes de competição dos Jogos de um mês atrás, como Versalhes (paraequitação), Grand Palais (esgrima em cadeira de rodas e parataekwondo) e Torre Eiffel (futebol de cegos).

O evento terminará em 8 de setembro, com uma cerimônia também concebida por Thomas Jolly, que será realizada no Stade de France, mesmo palco do encerramento dos Jogos Olímpicos, no último dia 11.

*ANDRÉ FONTENELLE E SANDRO MACEDO/folhapress

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