Esportes

Fifa alcança meta de tornar Mundial um fenômeno além de Europa e Américas

Da Redação*
Publicado em 6 de julho de 2025 às 12:30

taça mundial de clubes

Foto: Ascom/Fifa

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Gianni Infantino, presidente da Fifa, estava de olhos arregalados e testa franzida. Meio estático até, enquanto Marcos Leonardo e os companheiros de Al Hilal comemoravam o quarto gol do time saudita sobre o Manchester City.

A façanha nas oitavas de final do Mundial de Clubes foi a primeira vitória de times asiáticos sobre europeus em competições da Fifa. O Al Hilal só não foi mais longe porque não resistiu ao Fluminense nas quartas de final.

Só que mais do que reforçar o viés da eficiência esportiva e da estratégia de investimento pesado em jogadores feito pelos clubes (e governo) da Arábia Saudita, a inserção de um time do Oriente Médio entre os oito melhores do Mundial ajudou a dar a dimensão que Infantino queria para a primeira edição do torneio.

“Verdadeiramente, uma competição global”, resumiu o presidente da Fifa em uma postagem nas redes sociais.

Ao lado de Infantino naquela vitória do Al Hilal, e tão incrédulo quanto, estava outro representante de investimentos pesados que vieram da mesma região.

A diferença é que Khaldoon Al Mubarak, presidente do City, estava a serviço de um conglomerado dos Emirados Árabes Unidos que não turbinou o campeonato local, mas montou uma rede de clubes que tem o futebol inglês como cartão de visitas.

Os asiáticos já estão na elite do jogo (ou seja, nos clubes europeus) há algum tempo, por conta da estratégia de sportswashing – aquela de usar o esporte para melhorar a imagem de um país. O investimento do Qatar no Paris Saint-Germain é um exemplo.

Mas o Al Hilal acrescentou mais um ingrediente de diversidade de origem nos times na reta final.

Nas quartas, Palmeiras e Fluminense foram os representantes sul-americanos, oriundos de um mercado naturalmente engajado. Não seria difícil atrair a atenção por aqui. O Flu sobreviveu e leva a América do Sul à semifinal contra o Chelsea.

Os europeus, por sua vez, estão afastando na prática a tese de que não ligam para o Mundial. Até mesmo nas derrotas, vide o exemplo do próprio City.

Eles foram maioria desde o início, mantêm o status de favoritos ao título e chegam à semifinal com três representantes: Chelsea, PSG e Real Madrid.

O Real Madrid é um elemento importante na pulverização do Mundial, pela característica global da sua base de fãs. Nos estádios da Copa do Mundo, dá par ver isso. E os jogos do time espanhol estão sempre cheios.

Os enfrentamentos

O chaveamento colocou uma “zebra” perto da final. O Fluminense veste fácil essa carapuça. Mas ainda que dê Chelsea, o campeão da Conference League – terceiro escalão dos torneios de clubes da Uefa – não era, antes do torneio, o mais cotado para estar na decisão, considerando os participantes europeus.

Não importa o desfecho, o Mundial fez os europeus descerem do “Olimpo” que é a Champions League para medir forças-e até passar perrengue — contra times de outros continentes, sobretudo sul-americanos.

Ver esses enfrentamentos todos era justamente o que a Fifa de Infantino queria quando moveu mundos e fundos – inclusive Public Investment Fund (PIF) saudita – para organizar o Mundial. O PIF, inclusive, você já deve ter reparado que está nas placas de publicidade dos jogos do torneio, pois é um dos patrocinadores da competição. Assim como a “Visit Qatar” ou Qatar Airways.

Na estratégia de globalizar o Mundial de Clubes, o país-sede cumpriu papel nisso também. Se acontece nos Estados Unidos, potencialmente repercute mais. É um jeito de incluir mais uma confederação continental, além de

Uefa (Europa), Conmebol (América do Sul) e a já citada Ásia. Esportivamente, foi importante também que Inter Miami e Monterrey tenham chegado às oitavas de final.

Os times africanos não foram tão longe, mas o engajamento in loco da torcida deles – especialmente dos marroquinos do Wydad Casablanca – está entre os destaques do torneio. A torcida do Espérance de Tunis se uniu a do

Flamengo para fazer o maior barulho em um estádio no torneio — 127 decibéis.

O Auckland City, time semiprofissional representante da Oceania, teve seu momento de brilho por conseguir o primeiro ponto e um gol na competição, ao empatar com o Boca Juniors.

O discurso da Fifa de globalizar o Mundial encontra eco também na representatividade dos jogadores. Na fase de grupos, 72 nacionalidades foram representadas. Nas oitavas, jogadores de 49 países diferentes.

Entre todas as pessoas que receberam uma credencial da Fifa para trabalhar -considerando todos os setores- 184 nacionalidades estiveram representadas. A Fifa emitiu 68.526 credenciais.

Infantino tem repetido por aí que o Mundial de Clubes abre uma nova era no futebol. Se isso vai ser visto ao longo do ciclo de quatro anos, é difícil prever. Mas esse espaço de um mês no calendário para esse tipo de torneio parece ter sido uma aposta certeira.

* IGOR SIQUEIRA (UOL/FOLHAPRESS)

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