Esportes

Endrick e Estêvão são exemplos de movimento sem volta

Folhapress
Publicado em 25 de maio de 2024 às 19:42

palmeiras Endrick 2024

Foto: Ascom/Palmeiras

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O Palmeiras está próximo de fechar a venda de Estêvão para o Chelsea e já negociou Endrick com o Real Madrid. Somando as duas negociações, o time alviverde poderá receber mais de R$ 250 milhões apenas em bônus por metas isso com os atletas atuando pelo próprio Palmeiras ou em seu novo clube. Mas por que as negociações com bônus por metas entraram na moda e devem se tornar um movimento sem volta?

Vendas de atletas são essenciais para os clubes brasileiros garantirem suas receitas. Cada vez mais, os clubes brasileiros precisam negociar seus principais atletas para manter as contas em dia e os bônus por metas são uma forma de alavancar ainda mais essas cifras de acordo com o desempenho do jogador.

Incentivo ao clube formador de seguir cuidando do atleta até a transferência. No caso de Endrick, por exemplo, ele foi vendido aos 16 anos e só concluirá a transferência para o Real Madrid quando completar 18. As metas garantiram que, durante esse período de um ano e maio, o Palmeiras seguiria trabalhando no desenvolvimento do jogador —o que também fazia sentido para o clube alviverde, já que Endrick é considerado um craque geracional.

Se os clubes que recebem os atletas não atingem os objetivos colocados como gatilhos nas operações, ou se os atletas não atingem as metas individuais, o valor pago pelas suas transferências pode ser até da metade do valor máximo, especialmente quando envolvem os mais jovens. O que fica certamente maior é o valor máximo a ser pago, mas não necessariamente o valor pago. Fred Pena, CEO da divisão brasileira da Roc Nation, que cuida da carreira de Endrick e Vinicius Junior, em entrevista ao UOL.

Modelo agrada clubes europeus por servir como uma espécie de “proteção”. Em sua maioria, os bônus por metas são número de gols, número de vitórias, número de jogos e títulos conquistados. Se um atleta contratado não consegue se adaptar ao novo clube, quem compra acaba se protegendo de ter que pagar esse valor adicional.

Endrick bateu diversas metas no futebol brasileiro e sua venda já passou dos R$ 260 milhões. O Real Madrid pagou 35 milhões de euros fixos (R$ 198 milhões na cotação da época), além de 25 milhões de euros (R$ 141 milhões) em bônus para fechar a aquisição do atleta em 2022 —o restante do valor em metas poderão ser atingidos pelo desempenho do atleta no clube merengue.

A venda de Estêvão também terá bônus por metas que serão fáceis de ser atingidas, de acordo com pessoas envolvidas no negócio. A proposta é de 40 milhões de euros fixos (R$ 222 milhões), mais 25 milhões (R$ 138 milhões) variáveis.

Vendas do Palmeiras viraram exemplo no mercado brasileiro. O Corinthians, por exemplo, quer negociar o atacante Wesley em moldes parecidos as negociações do Alviverde. É uma forma que o clube tem de faturar ainda mais.

O modelo de negócio agrada todos envolvidos? “O modelo de negociação que agrada os envolvidos é sempre o que gera um acordo. O que temos visto, são negócios que antes eram concluídos, por exemplo, com trinta milhões, sendo concluídos com vinte fixos mais a possibilidade de pagamento de outros vinte, diria. Um prêmio pelo risco”, diz Fred Pena.

Isso será cada vez mais natural nas negociações? “Sem dúvida. Cada vez mais as negociações apresentam componentes sobre as receitas garantidas e premiações dos clubes, e a performance coletiva e individual dos atletas. As negociações são cada vez mais minuciosas e personalizadas”.

Por que está cada vez mais comum vermos as vendas de jovens para a Europa com altos valores em bônus por metas?

“Uma das razões é a necessidade de vincular pagamentos maiores a receitas maiores, e por isso, clubes recebem mais por uma transferência se o clube que recebe o atleta vai conquistar títulos ou disputar competições que renderão mais prêmios. Em outros casos, como o de Endrick, que tinha metas para serem atingidas no Brasil para que o Palmeiras recebesse mais, essas cláusulas funcionam como um incentivo para que os clubes que estão cedendo o atleta sigam dando atenção a ele enquanto ele não se transfere. Existem ainda casos em que o clube recebe mais por uma transferência se o atleta, no seu novo clube, atinge metas individuais específicas. Se atua em um determinado percentual de jogos, se marca determinado número de gols, ou se obtém certo número de vitórias. Se ele não se adapta, e não tem performance satisfatória, custa menos para quem o recebeu. É uma partilha do risco da operação”, Thiago Freitas, COO da Rock Nation.

* FLAVIO LATIF (SÃO PAULO, SP (UOL/FOLHAPRESS)

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