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Na última partida de 2024, a seleção brasileira deixou o empate por 1 a 1 com o Uruguai debaixo de vaias e protestos, na Arena Fonte Nova. Das arquibancadas com espaços vazios devido aos preços altos dos ingressos, teve quem ignorava a lesão de Neymar e pedia a sua volta, talvez como forma de provocação ou desespero.
O cenário, na noite desta terça-feira (19), em Salvador, destoa da empolgação com Dorival logo na sua estreia em março deste ano. No dia 23 daquele mês, o Brasil derrotou a Inglaterra por 1 a 0 em Wembley, em Londres. O Brasil vinha de quatro jogos sem vitória, na época comandado por Fernando Diniz.
Na sequência, o time verde-amarelo empatou com a Espanha em 3 a 3, no Santiago Bernabéu.
Pouco mais de três meses depois, no dia 14 de julho, Espanha e Inglaterra decidiram a final da Eurocopa. Enquanto o Brasil, naquela mesma semana, foi eliminado pelo Uruguai nas quartas de final da Copa América.
O futebol já não convencia, e Dorival teve que lidar com o primeiro burburinho do ano por ter ficado de fora da rodinha dos jogadores antes de começar a decisão pelos pênaltis contra os uruguaios.
O treinador encerra a sua primeira temporada à frente da seleção com aproveitamento de 59% em 14 partidas -seis vitórias, sete empates e uma derrota. É uma campanha superior a da dupla Ramon Menezes e Fernando Diniz, técnicos interinos da equipe em 2023.
Com Ramon e Diniz, o time sofreu cinco derrotas, contabilizou três vitórias e um empate, com aproveitamento de apenas 37%, um dos piores da história da seleção.
No entanto, apesar de os números garantirem simples vantagem, Dorival ainda busca uma formação ideal. O time exibe falhas defensivas, sobretudo na marcação, e tem dificuldades na hora de finalizar as jogadas.
Como sintomas de insegurança no comando da seleção, Dorival convocou 50 jogadores diferentes neste ano, sendo que 11 deles não entraram em campo.
“Estamos num caminho, queremos o resultado, mas temos que ter paciência para encontrar a equipe ideal, uma que passe mais confiança ao torcedor”, afirmou o técnico, após o empate com o Uruguai nesta terça.
Foram dez atacantes convocados, e o técnico ainda não encontrou soluções para extrair o melhor de Vinicius Junior, o principal nome do time hoje, e de Rodrygo.
Cotado para o prêmio Bola de Ouro, o atacante do Real Madrid não faz gols pela seleção desde a vitória por 4 a 1 sobre o Paraguai pela Copa América, em junho. Ele ainda não balançou a rede nas Eliminatórias da Copa do Mundo de 2026, e inclusive desperdiçou um pênalti no empate com a Venezuela no último dia 14.
“Precisamos ser mais diretos e incisivos [na hora de definir as jogadas]. Ainda não estamos da forma ideal, mas estamos melhorando, tenho certeza. O que está nos faltando é isso”, admite o técnico.
Com a ineficiência no ataque e vacilos defensivos, o Brasil é apenas quinto colocado nas Eliminatórias da Copa com 18 pontos em 12 confrontos -os seis primeiros vão ao Mundial de 2026, e o sétimo disputa a repescagem. O time está sete pontos atrás da líder Argentina.
A seleção poderia encerrar a temporada na vice-liderança, caso não tivesse empatado com a antepenúltima colocada Venezuela ou com o Uruguai em seus domínios. Hoje, à frente do Brasil, o Uruguai soma 20 pontos, enquanto Equador e Colômbia têm 19 cada.
“Nós, brasileiros, sempre olhamos o lado negativo das coisas: “o Brasil só subiu uma posição”. E eu vejo por outro lado, não estaria satisfeito se fôssemos o segundo colocado, por um gol que faltou. Ainda estamos em um processo”, afirmou Dorival.
O técnico já afinou um discurso de que o time está melhorando e que os resultados virão naturalmente como forma de afastar os questionamentos da imprensa e dos dirigentes da CBF (Confederação Brasileira de Futebol).
É sabido que o presidente da entidade, Ednaldo Rodrigues, só contratou Dorival depois de ter anunciado o técnico italiano Carlo Ancelotti, que por sua vez optou por seguir no Real Madrid.
Como forma de convencer que faz um bom trabalho, Dorival trouxe à público nesta quinta declarações de Marcelo Bielsa, técnico do Uruguai e apontado como um dos gurus futebolísticos de Pep Guardiola, do Manchester City.
“Eu não falaria isso para não expor ele (Bielsa) ou me promover, mas na entrada das duas equipes, o Bielsa falou que estava impressionado com o que vinha vendo da seleção e das mudanças que tivemos. Partindo da pessoa dele, das colocações que ele fez, eu concordo exatamente”, afirmou Dorival.
A seleção volta a campo em março de 2025, quando receberá a Colômbia no dia 20 e visitará a Argentina, no dia 25.
* CARLOS PETROCILO (FOLHAPRESS)
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