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Gabigol e diretoria do Flamengo não falam a mesma língua há algum tempo. Depois de o atacante criticar publicamente a postura na negociação da renovação e ampliar o desgaste interno, foi a vez de os dirigentes responderem.
Ele está afastado do jogo desta quarta-feira (13), contra o Atlético-MG, pelo Campeonato Brasileiro. O clima é cada vez pior e pode ser que ele nem volte mais a vestir a camisa rubro-negra.
O problema de Gabriel com a diretoria é principalmente com pessoas que ficam mais na Gávea. Ou seja, que não estão totalmente no dia a dia do futebol, como o presidente Rodolfo Landim.
Em nota, o jogador deixou claro que o afastamento foi unilateral. O Fla justifica dizendo que quer manter a harmonia no ambiente. Um descontentamento do camisa 99 com a substituição na final teria motivado isso.
Quem vai conduzir essa situação é o vice-presidente de futebol, Marcos Braz. Apesar de terem tido alguns atritos, o dirigente era quem mais lutava pela permanência e renovação do jogador.
O acordo de cinco anos acertado no fim de 2023 foi tocado por ele e Bruno Spindel, mas parou nas mãos do presidente. Após o título no domingo, Gabigol abraçou o dirigente e disse “obrigado por tudo”.
O Flamengo anunciou a punição apenas para esta rodada do Brasileirão. A ideia é conversar com os representantes do atacante antes de uma decisão definitiva sobre o que vai acontecer. A tendência é que o retorno não aconteça.
No meio do ano, quando conversava com o Palmeiras, Gabigol também foi afastado para não completar os sete jogos no Brasileiro. O atacante treinou com os companheiros nesta terça-feira e prometeu ir à arquibancada.
O desgaste dos dois lados já era grande, mas chegou ao ápice. Esse foi um dos principais motivos para Gabigol decidir sair do Flamengo, mas também para os dirigentes não repensarem o caso. Ele chegou a propor um período menor de contrato, como dois ou três anos, mas o clube nunca voltou atrás na oferta de apenas mais uma temporada.
As declarações após o título repercutiram mal para a diretoria. O “climão” ficou insustentável com o somatório de eventos. Esse foi mais um episódio visto pelos dirigentes como desnecessário.
“Nesses últimos anos, houve negociações, o presidente, a diretoria, apertou minha mão, do meu pai, da minha mãe, e depois aconteceram coisas que eu realmente não gostei. Sempre soube das coisas pelo podcast [entrevistas de dirigentes em podcasts], nunca pessoalmente. Falei com Marcos Braz para ficar por dois, três anos, mas nunca houve uma proposta do Flamengo”, disse Gabigol após o título.
Neste momento não há previsão de uma despedida. Diego Alves, Diego Ribas, Rodrigo Caio e Filipe Luís foram jogadores que saíram nos últimos anos e ganharam um momento especial no Maracanã. Everton Ribeiro, que ainda negociava a renovação na última partida da temporada, teve apenas uma ida ao Ninho do Urubu para ser reconhecido. Rodolfo Landim barrou maiores homenagens no retorno do meia quando vestia a camisa do Bahia.
As torcidas levaram bandeiras do ex-camisa 7.
Quando usa a música “Me dê motivo”, Gabigol se refere também a isso tudo. Na visão dele, não faltaram motivos para o fim dessa relação com o Flamengo. Já desgastado também internamente, apesar da sobrevida sob o comando de Filipe Luís, ele também não reúne mais a força que tinha no vestiário. Mais isolado, tudo caminhou para esse cenário atual. Nos tempos de Tite, indiretas e o claro descontentamento regeram a relação. Com o atual técnico, mesmo que tenham terminado a final abraçados, o jeito explosivo não mudou.
Gabigol não quis externar para onde está indo. Apesar de ter um acerto bem avançado com o Cruzeiro, o Santos tenta atravessar o negócio e outros interessados também podem aparecer. Nem os apelos da torcida rubro-negra com “fica Gabigol” adiantaram. O certo é que o camisa 99 disse querer aproveitar até 31 de dezembro o fato de ser atleta do Flamengo, mas pode nem ter mais oportunidades para isso.
* LUIZA SÁ (UOL/FOLHAPRESS)
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