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Duas exposições – uma de fotografias e outra de caricaturas e charges – vão servir de “sala de visita” na reabertura do Museu Casa de José Américo, que acontecerá às 18h da próxima segunda-feira (25). A exposição ‘Eu, eles e elas – fragmentos de um notável anfitrião’ terá imagens fotográficas conhecidas e inéditas do escritor e político paraibano. Já a exposição ‘José Américo de Almeida – as múltiplas faces do humor’ exibirá uma mostra resumida da presença do ex-ministro e ex-governador na mídia nacional por mais de meio século, através de charges e caricaturas publicadas em jornais e revistas.
“Espera-se que o visitante desfrute do prazer análogo e conhecimento implícito proporcionados e absorvidos pelo imortal dono do lugar”, prevê Fernando Moura, presidente da Fundação Casa de José Américo (FCJA), localizada à Avenida Cabo Branco, 3336, na orla da capital paraibana. O museu da instituição, dirigido pela professora Janete Lins Rodriguez, reabre após um ano fechado para manutenção e reformas, promovidas pelo Governo da Paraíba, por meio da Superintendência de Obras do Plano de Desenvolvimento do Estado (Suplan).
A casa onde funciona o museu na FCJA foi construída no comecinho da década de 1950. “Ela guarda em suas sólidas e silenciosas colunas, sorrisos, gritos e sussurros de uma época, de uma família, de um homem. Por quase 30 anos, José Américo de Almeida, o ‘Solitário de Tambaú’, vivenciaria perdas e ganhos, encontros e desencantos, nesse espaço aprazível recheado de memórias do escritor refinado e leitor voraz. O tempo era todo seu”, registra Fernando Moura.
“No endereço, que hoje abriga um legado inestimável, o mais proeminente paraibano do século XX desfrutaria, ao lado da esposa Alice, da companhia de gente famosa e do povo simples da redondeza”, ressalta Moura, destacando que pela varanda da casa circulariam Assis Chateaubriand, Jorge Amado, Juscelino Kubitscheck, entre outros notórios e anônimos brasileiros e paraibanos, “em prolongadas conversas recheadas com cafezinho, água de coco e suco de frutas colhidas do pomar cultivado pelo notável anfitrião”.
A exposição fotográfica ‘Eu, eles e elas – fragmentos de um notável anfitrião’ é inspirada no texto ‘Entre o mar e a colina verde’, onde José Américo descreve o ambiente acolhedor e quase primitivo, embora cosmopolítico, desta casa. Esse texto reapareceria em 1970 reunido a outros escritos memorialísticos, no livro ‘Eu e Eles’ (republicado em 1994, com apresentação do jornalista Gonzaga Rodrigues).
Presença na mídia – Caricaturas e charges estão presentes nas mídias como ilustrações gráficas de textos relacionadas a assuntos do cotidiano. Grande parte dessas imagens é dedicada a temas políticos e questões sociais, carregadas de humor e exagero, com ênfase nos traços característicos das personagens e adorno livre do contexto temático.
O pesquisador e escritor Chico Pereira, membro da Academia Paraibana de Letras (APL), lembra que as charges e caricaturas são elementos complementares da notícia e, dependendo da qualidade da arte ou criatividade do ilustrador, induzem ao reconhecimento imediato da pessoa retratada, ampliando os efeitos de uma comunicação rápida, alegre e replicada – ou comentada – em alta escala.
“No caso de José Américo de Almeida, uma das mais destacadas personalidades da história nacional moderna, atuando no campo da política, da literatura e da gestão pública, a decantada miopia seria a característica mais explorada por desenhistas de diversas épocas”, analisa Chico Pereira, em relação à exposição ‘José Américo de Almeida – as múltiplas faces do humor’. “Os óculos de grossas lentes virariam uma marca inconfundível. Enxergaram mais o que todos viam muito”.
Parte da dimensão de José Américo na história brasileira, portanto, pode ser medida pelas centenas de caricaturas e charges abordando o paraibano, crítica ou elogiosamente, estampadas em jornais, revistas, livros e panfletos, reunidas pelo escritor ao longo de sua trajetória. Na mostra resumida, a Fundação Casa de José Américo exibirá uma documentação variada, a partir de estilos, temas, traços e autorias diferentes, embora tragam em comum a essência da comicidade, do exagero, do inusitado e da leitura social, abastecendo a história com um pouco de humor e descontração
“Repaginando a própria sisudez atribuída ao austero modelo – que arqueava os lábios, recortava com zelo e guardava os registros para reboliço do espírito e deleite da posteridade”, avalia Chico Pereira.
As exposições da reabertura do Museu Casa de José Américo, que tiveram concepção e pesquisa por parte de Fernando Moura, envolveu profissionais como Chico Pereira (texto e consultoria), Alexsandro Oliveira (escaneamento e digitalização), Antônio David (tratamento de imagens), Gustavo Maia (projeto gráfico), Rossiane Delgado (projeto gráfico) e equipe do Arquivo da FCJA.
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