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A três dias do segundo turno, a vantagem do prefeito Ricardo Nunes (MDB) sobre o deputado federal Guilherme Boulos (PSOL) passou de 18 para 14 pontos percentuais, mostra nova pesquisa Datafolha. Esta é a menor vantagem observada pelo instituto na segunda fase da disputa.
O emedebista reúne 49% das intenções de voto, contra 35% de seu adversário na corrida pela Prefeitura de São Paulo. Outros 14% pretendem votar em branco ou nulo e 2% estão indecisos.
Há uma semana, no levantamento anterior, Nunes tinha 51% das intenções, e Boulos, 33%. No primeiro turno, o emedebista teve 29,48% dos votos válidos, contra 29,07% do psolista.
Contratado pela Folha de S.Paulo, o instituto ouviu 1.204 eleitores terça (22) e quarta-feira (23). Com margem de erro de três pontos percentuais para mais ou menos, dentro do nível de confiança de 95%. O levantamento está registrado na Justiça Eleitoral sob o código SP-07600/2024.
Considerando apenas os votos válidos, que excluem brancos, nulos e indecisos, Nunes tem 58%, frente a 42% de Boulos.
Na pesquisa de voto espontânea, quando nenhum nome é apresentado ao eleitor, 40% declaram voto no prefeito e 30% no psolista. Outros 10% estão indecisos e 12% votam em branco ou nulo.
Em comparação com o levantamento anterior, Nunes recuou entre os eleitores de 16 a 24 anos (de 41% para 33%), enquanto Boulos variou positivamente entre os homens (de 27% para 35%) e entre os pretos (de 38% para 46%).
Na reta final da campanha, o deputado vem emulando comportamentos de Pablo Marçal (PRTB), que marcou 28,14% no primeiro turno.
Boulos prometeu, por exemplo, divulgar denúncias graves contra Nunes —segundo ele, algo nunca visto antes em uma campanha. No fim, o psolista trouxe fatos já noticiados pela imprensa, sem novos indícios ou provas, sobre a relação do prefeito com envolvidos na chamada máfia das creches.
O parlamentar visa crescer entre os eleitores do autointitulado ex-coach, especialmente os empreendedores e trabalhadores de plataformas, como motoristas de aplicativo.
O novo Datafolha mostra que Nunes ainda tem larga vantagem entre os eleitores de Marçal, mas indica que Boulos oscilou positivamente entre o grupo. Hoje 74% declaram voto em Nunes (eram 77% na semana passada), contra 11% que escolhem o deputado federal (eram 8%).
PADRINHOS POLÍTICOS
Na última semana, Nunes e Boulos cumpriram agenda com padrinhos políticos de peso no campo nacional.
A cinco dias do segundo turno da eleição, na terça-feira (22), o ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) participou de seu primeiro evento na campanha do prefeito, a quem declarou apoio em janeiro.
Por um lado, houve resistência de Bolsonaro a manifestar apoio mais enfático a Nunes, por ter sido pressionado por seus eleitores, que preferiam Pablo Marçal (PRTB). Por outro, o próprio MDB queria se preservar das polêmicas e da rejeição do ex-presidente, mirando o eleitor moderado ao eleger como mote da campanha o discurso sobre a cidade e a gestão.
No mesmo dia, Boulos cumpriu agenda ao lado do vice-presidente Geraldo Alckmin (PSB), visto pelo seu entorno como uma peça importante para acenar a segmentos mais moderados.
O presidente Lula (PT), que costurou o apoio do PT à candidatura, teve uma presença na capital menor do que a esperada por aliados do deputado. No fim de semana, foram cancelados dois atos de campanha com a participação do petista em função da chuva na capital paulista.
No primeiro turno, também houve compromissos desmarcados.
Após ter batido a cabeça em acidente doméstico, Lula avisou a campanha de Boulos que não viajará para São Paulo às vésperas das eleições. O parlamentar e seus assessores ainda tinham a expectativa de que o presidente participasse de um ato na avenida Paulista no sábado (26).
As agendas com os candidatos nesta semana não parecem ter provocado grandes mudanças entre os apoiadores de Lula e Bolsonaro.
Entre os eleitores do petista em 2022, 66% pretendem votar em Boulos, e 26% preferem Nunes. Já entre os apoiadores de Bolsonaro, o prefeito tem 84% das intenções de voto, contra 6% do deputado. As porcentagens permanecem estáveis em relação à semana passada, com oscilações de um ponto para mais ou menos.
Na reta final, na tentativa de reduzir sua rejeição, Boulos replicou estratégia do presidente, seu padrinho político, e leu uma carta intitulada
“Ao Povo de São Paulo”, na qual disse que sua gestão não terá “amarras a qualquer tipo de sectarismo”.
O deputado é rejeitado por 55% dos eleitores, oscilando negativamente um ponto em relação à semana passada. Já Nunes é rechaçado por 37% dos entrevistados, dois pontos a mais do que na última pesquisa.
*ANA LUIZA ALBUQUERQUE/folhapress
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