Educação e Ciência

Sete em cada 10 alunos do ensino médio admitem já ter usado IA

Da Redação
Publicado em 16 de setembro de 2025 às 17:09

Foto: Antônio Cruz/Agência Brasil/Arquivo

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Sete em cada dez alunos de ensino médio admitem usar ferramentas de inteligência artificial generativa para fazer os trabalhos escolares. Apenas 32% relatam ter recebido orientação da escola sobre essas tecnologias.

Os dados são da pesquisa TIC Educação, do Cetic.br (Centro Regional de Estudos para o Desenvolvimento da Sociedade de Informação), ligado ao CGI.br (Comitê Gestor da Internet no Brasil. Os resultados foram divulgados na manhã desta terça-feira (16).

Para os pesquisadores, os números revelam um cenário acelerado de transformação nas atividades escolares sem que haja uma mediação pedagógica para o uso adequado e crítico dessas ferramentas, como ChatGPT, Copilot, Gemini, entre outros. É a primeira vez que o estudo traça um panorama dos instrumentos usados pelos alunos para fazer as tarefas da escola.

A pesquisa revela que o uso da inteligência artificial já acontece desde o início da vida escolar, mas se intensifica ao longo dos anos.

Os dados mostram que 15% dos alunos dos anos iniciais do ensino fundamental (do 1º ao 5 ano) disseram ter usado essas ferramentas para trabalhos escolares nos três meses anteriores à pesquisa, realizada de agosto de 2024 a março de 2025. Entre os estudantes dos anos finais (do 6º ao 9º ano), essa proporção sobe para 37%.

Foram realizadas 10.756 entrevistas em 1.023 escolas públicas e particulares de todo o país. Ao todo, foram ouvidos 954 gestores escolares, 864 coordenadores pedagógicos, 1.462 professores e 7.476 alunos.

O estudo mostra ainda que canais de vídeo, como Youtube e TikTok, têm sido quase tão usados para ajudar nas tarefas escolares quanto sites de busca, como o Google.

Considerando as três etapas de ensino, 74% dos estudantes declaram usar os buscadores para fazer atividades da escola e 72% dizem usar canais de vídeo – as mais utilizadas são: YouTube (95%), TikTok (66%) e Kwai (19%).

Além disso, 88% dos alunos mencionaram o WhatsApp e 71% o Instagram.

O uso dessas plataformas é maior do que a utilização de sites como o Wikipedia, indicado apenas por 43% dos alunos.

“Os dados nos mostram como o processo de ensino e aprendizagem está passando por uma transformação acelerada, já que mais de dois terços dos alunos usam inteligência artificial e canais de vídeo para fazer as tarefas escolares. No entanto, não temos ainda uma mediação pedagógica estruturada para um uso crítico dessas ferramentas”, diz Daniela Costa, coordenadora da pesquisa.

O levantamento também analisou que tipos de orientação os alunos dizem receber de seus professores. Apenas 32% dos alunos do ensino médio relataram ter sido orientados sobre como usar ferramentas de inteligência artificial generativa nas atividades escolares.

Além disso, 65% dos jovens dessa etapa de ensino disseram ter recebido dos professores orientações sobre quais sites deveriam usar para fazer as tarefas solicitadas.

“A pesquisa não consegue identificar se os jovens usam a IA como apoio para fazer as atividades ou se deixam essas ferramentas fazerem toda a tarefa. Sabemos que adolescentes são criativos, por isso, precisamos de maior monitoramento e mediação desse uso”, diz Costa.

Ela destaca ainda que, para um uso benéfico, é preciso que os educadores saibam orientar e alertar os estudantes sobre os riscos dessas ferramentas, por exemplo, de entregarem informações incorretas ou falsas, respostas enviesadas e até mesmo as “alucinações”.

A parte da pesquisa com entrevista aos professores identificou que pouco mais da metade deles (54%) disse ter participado de alguma formação continuada sobre tecnologias digitais nos processos de ensino e aprendizagem nos 12 meses antes da pesquisa. Desses docentes, 59% receberam cursos voltados para o uso de IA em atividades escolares e 61% sobre avaliação da veracidade de informações na interne.

“Não há um julgamento sobre o uso dessas ferramentas, se elas são boas ou ruins para o aprendizado. O que sabemos é que as escolas e professores ainda não estão preparados e estruturados para lidar com elas, mas os alunos já estão usando. É aí que estão os riscos, sem orientação ou uso crítico, elas podem interferir substancialmente no processo de formação de toda uma geração”, afirma Costa.

*ISABELA PALHARES/folhapress

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