Vencedores do Cariri Ideathon iniciam projeto de aplicativo comercial

Um novo projeto de vendas de produtos e serviços on-line está entrando em uso ainda este mês de dezembro. O Vitrine da Gente, um aplicativo comercial, foi o protótipo vencedor do Cariri Ideathon, realizado este mês pelo Sebrae/PB na cidade de Monteiro, no Cariri paraibano. Com o objetivo de fortalecer uma plataforma comercial local, estimulando mais vendas dentro das próprias cidades e do território, o aplicativo inicia a fase de testes no município do Congo, mas já nasce com a perspectiva de alcançar todo o território.

Idealizador do projeto, Marcos Farias explica que a ideia surgiu a partir de uma problemática concreta apresentada durante o Ideathon. “A demanda inicial era clara: como melhorar o giro de capital na cidade, gerar mais oportunidades de emprego e, ao mesmo tempo, informar tanto o turista quanto o comprador local sobre quais produtos e serviços estão disponíveis no município”, relatou Marcos. A partir desse desafio, ele e o amigo Vinicius de Almeida Clemente, que residia em Santa Cruz do Capibaribe (PE) antes de se mudar para Monteiro, desenvolveram a proposta e mostraram uma espécie de “vitrine digital”, simples e acessível, capaz de aproximar consumidores e comerciantes.

Segundo Marcos, a simplicidade foi o principal diferencial do Vitrine da Gente. “Pensamos em um aplicativo que rodasse direto no navegador do celular, sem precisar baixar nada. Com apenas dois cliques, a pessoa encontra o produto ou serviço que procura e já é direcionada para o WhatsApp do vendedor”, explicou. Essa lógica, segundo ele, foi determinante para a vitória no Ideathon, justamente por considerar a realidade de cidades pequenas, onde ainda existe um grande número de pessoas pouco familiarizadas com ferramentas digitais.

Para a gerente da agência regional do Sebrae/PB em Monteiro, Madalena Arruda, houve uma conexão real com a problemática local e foi um momento de verdadeira comemoração para a cidade do Congo, que trouxe os competidores do ecossistema que vem ajudando nesse processo de evolução das startups.

“A banca de jurados foi criteriosa, com a presença do consultor do Sebrae, Ayron Kerlly, eu também estava lá acompanhando tudo e tivemos ainda o apoio de um professor da Universidade Federal da Paraíba, Erivaldo, e da própria prefeita do Congo, Flavinha Sousa. O mais bacana nisso tudo, é a gente poder realmente visualizar o que é um ecossistema de inovação, para juntos solucionarmos os problemas em comum da sociedade e a gente encontrar isso através da inovação”, pontuou Madalena.

Contato pelo WhatsApp
A proposta foi pensada desde o início com foco na inclusão digital. “Sabemos que muita gente ainda está excluída do mundo digital. Então todo o projeto foi formulado em torno da facilidade de uso, sem necessidade de cadastro, login ou senha. A ideia é ser intuitivo, acessível e humano”, destacou Marcos. O contato direto via WhatsApp também facilita negociações sobre entrega e forma de pagamento, algo já comum no cotidiano da população.

Outro ponto central do projeto é o caráter social. A equipe do Vitrine da Gente planeja formar jovens do próprio município como “agentes transformadores digitais”, que seriam capacitados para cadastrar os empreendedores no aplicativo, tirar fotos dos produtos, organizar os catálogos digitais e gerar QR Codes. Isso cria oportunidades de primeiro emprego e movimenta a economia local, segundo o criador do aplicativo. Esses QR Codes poderão ser usados tanto no comércio cotidiano quanto em feiras e eventos.

Inclusão gratuita
A funcionalidade do Vitrine da Gente voltada para eventos é vista como estratégica, no contexto do cariri. “Muitas feiras acontecem em um único dia, mas quando o evento acaba, as vendas também acabam. Com o catálogo digital e o QR Code, aquele produtor continua visível durante a semana inteira”, explicou Marcos. Assim, um evento pontual passa a gerar resultados prolongados para os empreendedores.

No modelo financeiro do projeto, o aplicativo é gratuito para comerciantes e consumidores. “Não faria sentido cobrar de quem já enfrenta tantas dificuldades. Pensamos que a prefeitura pode custear a infraestrutura, como hospedagem e manutenção do sistema”, detalhou o criador. A única possibilidade de cobrança direta seria opcional, para comerciantes que desejarem destacar seus produtos na página inicial, como um anúncio patrocinado.

Marcos ressaltou que o Vitrine da Gente vai além de uma solução tecnológica. “É um projeto de economia circular. Quando as pessoas passam a comprar no próprio município, o dinheiro gira ali mesmo, gera emprego, fixa os jovens na cidade e reduz o êxodo para outros centros”, avaliou. O empreendedor citou ainda o impacto para pequenos produtores e artesãos. “Dona Maria, que acorda cedo, produz com esforço, mas vende pouco por falta de visibilidade, agora estará lá nessa plataforma gratuita e acessível para toda a cidade ver e saber o que ela comercializa”, demonstrou Marcos.

Embora o projeto ainda aguarde contato formal da Prefeitura do Congo, os idealizadores estão confiantes. “A realidade das pequenas cidades do cariri é muito parecida. Se der certo no Congo, queremos adaptar para outros municípios. Estamos animados, porque é uma solução que resolve vários problemas ao mesmo tempo: invisibilidade digital, inclusão, geração de renda e primeiros empregos”, concluiu Marcos Farias.