Economia

Empreendedora rural investe no cultivo de frutas orgânicas no semiárido paraibano

Da Redação com Ascom
Publicado em 10 de setembro de 2025 às 15:30

semiárido

Foto: Divulgação/Fazenda Nova Boa Vista

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Uma história de amor pelo campo e de resgate às tradições familiares de três gerações inspirou uma experiência de cultivo frutífero que se transformou em negócio sustentável no semiárido nordestino. O caso de sucesso é observado na Fazenda Nova Boa Vista, área rural do município de Monte Horebe, no território do alto sertão da Paraíba.

O projeto, que começou a ser desenvolvido há quatro anos, é acompanhado pelo Sebrae/PB e atingiu na última safra uma produção de 24 toneladas em frutas orgânicas do melão amarelo e melancia.

O início desse processo começou no ano de 2021 pelas mãos da empreendedora Inara Souza. Ela revela que a ideia de investir no cultivo de frutas orgânicas surgiu da necessidade de auxiliar o próprio pai, José Dias de Souza, na época com 88 anos, na gestão da Fazenda. O ambiente rural, que pertence à família desde a década de 1930, tinha suas atividades originárias ligadas à cultura da mandioca e a criação de bovinos.

“Meu pai saiu do sertão e migrou para São Paulo em 1950. Depois decidiu voltar, encontrou o lugar que nasceu totalmente abandonado e usou das economias para recuperar a Fazenda. Isso aconteceu em 2011 e quando chegou o ano de 2020 ele me ligou falando que precisava de ajuda por conta da sua idade avançada. Eu sempre morei em São Paulo e após esse pedido tomei a iniciativa de viajar para Paraíba, comecei a pesquisar soluções, e então, encontrei algo que poderia ser desenvolvido: a fruticultura que ganhou vida em nossas terras a partir de 2022”, destaca.

Inara Souza revela que a mudança da atividade agrícola na cultura da Fazenda Nova Boa Vista teve o intuito de garantir uma solução sustentável e inovadora à região. Por se tratar de um ambiente semiárido com temperaturas elevadas e poucas chuvas, o controle da produção era o principal desafio para chegar até o processo da colheita sem grandes perdas.

O cultivo começou em uma área de dois hectares e atualmente abrange quase o dobro do terreno utilizado inicialmente. “O primeiro passo foi executar uma análise na propriedade e, em seguida, elaborar um planejamento viável para entender os processos de cada etapa. O cultivo começou pela melancia e estruturamos um sistema de irrigação. Como nunca houve o uso de agrotóxicos em nossas terras, o passo posterior foi conseguir a certificação IBD, que atesta o produto como orgânico para comercialização e assim fizemos”, comentou.

Superação à primeira colheita e apoio do Sebrae

Com uma estrutura de campo de 111 hectares com reservatórios como açude e sistema de irrigação eficiente, a Fazenda Nova Boa Vista teve a sua primeira colheita registrada em 2022, e no ano seguinte, em 2023. Neste período, foram colhidas 18 toneladas de melão amarelo e seis toneladas de melancia para distribuição e comercialização no mercado. Parte das frutas foi destinada para estabelecimentos comerciais no território paraibano e o restante direcionada para estados como São Paulo e Paraná.

“Não é sobre apenas uma preservação do solo, mas uma preservação da memória e um legado familiar. Se a gente mata a história, a gente perde nossa referência. O que mais aprendi com esse projeto é que a gente pode inovar dentro do tradicional, dentro do que já existe”, diz a empreendedora ao se referir a opção pelo cultivo frutífero sem o uso de agrotóxicos. O histórico de outras culturas no solo da propriedade rural sem o uso de produtos também facilitou o processo de concessão da certificação.

Ainda de acordo com Inara Souza, o apoio do Sebrae/PB foi fundamental para que a produção da propriedade ganhasse destaque na região e recebesse boa aceitação em outros ambientes de negócios. “Lembro que a gente conversou para entender o que realmente era possível, qual o tamanho disso, como é que essa produção deveria ser escoada para outros centros. Existiu todo esse planejamento e a ideia da certificação orgânica ganhou referência para conquistar os investidores no momento das vendas”, destaca.

Ao enfatizar o protagonismo conquistado pelo projeto, a gerente da agência regional do Sebrae/PB em Sousa, Camila Nóbrega, enfatiza que o resultado alcançado pela empreendedora se traduz em uma história de coragem, de inovação e de amor à terra sertaneja. “Essa iniciativa mostra que, mesmo no semiárido, com planejamento, tecnologia e dedicação, é possível produzir de forma sustentável, gerar oportunidades e inspirar outras mulheres. Esse exemplo reafirma a missão do Sebrae, que é apoiar os pequenos negócios, orientando, qualificando e abrindo caminhos para que histórias como essa continuem transformando a economia e a vida das pessoas”, comentou.

O solo da propriedade rural também adotou em 2024 a prática da horticultura, garantindo para estabelecimentos comerciais da região o fornecimento de coentro, alface, beterraba, quiabo, cenoura, mandioca, batata doce, entre outros itens. Neste momento, a etapa de produção do melão amarelo se encontra na fase de preparação do solo e tem a expectativa de uma nova colheita com números entre 18 e 20 toneladas.

O analista técnico do Sebrae/PB, Fabrício Vitorino, acompanha o desenvolvimento do projeto desde a sua fase inicial e detalha que é preciso associar técnica e conhecimento para alcançar os resultados esperados. “Esse projeto exigiu estudos técnicos e toda uma estruturação de planejamento com o auxílio de consultorias e orientações para que o cultivo fosse feito de acordo com as normas da legislação nacional. É uma iniciativa pioneira e que mostra a possibilidade de produzir de forma sustentável no semiárido”, frisou.

Premiação

O negócio desenvolvido pela empreendedora foi um dos destaques da edição 2025 do Prêmio Sebrae Mulher de Negócios. O reconhecimento à ação aconteceu na categoria “Produtora Rural” e conquistou a primeira colocação entre os projetos inscritos na Paraíba.

“Por mais que você faça tudo certo, a agricultura é um ato de fé. Porque você pode ter os melhores profissionais, a melhor terra e a melhor estrutura, ainda assim, pode surgir uma praga e acabar com tudo. É preciso ter fé para continuar o seu trabalho, não desistir e ter a consciência muito clara de que, a terra ela dá para gente o que a gente entrega para ela. O que você planta. Po r isso a preservação é importante e ocorre como uma ação necessária para manter o que nossos antepassados já fizeram”, disse Inara Souza.

O evento, que premiou o projeto, é uma realização do Sebrae e aconteceu no último mês de agosto como parte das atividades da Feira do Empreendedor na cidade de Campina Grande. Ao todo, 12 empresárias foram contempladas com a premiação em cinco categorias.

Além de valorizar e incentivar o empreendedorismo feminino no Brasil, reconhecendo o trabalho e a dedicação de mulheres empreendedoras que contribuem para o desenvolvimento do país, a ação visa homenagear empreendedoras com capacidade de inovação, visão de futuro, estratégia e gestão empresarial.

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