Feminino e forte, o cariri paraibano concentra histórias de mulheres empreendedoras que superam desafios e se destacam em suas áreas de atuação. Na cidade de Monteiro, por exemplo, onde essa força descende da ancestralidade da renda Renascença e da pifeira Zabé da Loca, as mulheres se revelam minuciosas no empreendedorismo .
Neste sábado (8), Dia Internacional da Mulher, ganham destaque as histórias das três mulheres da região ganhadoras do Prêmio Sebrae Mulher de Negócios 2024: Maria Sueli Soares da Silva, Jessika Monteiro Cordeiro e Paula Suerda Ferreira Rocha.
Maria Sueli é do sítio Malhada da Pedra, em Monteiro, onde construiu um sonho depois de trabalhar durante 23 anos no ramo do comércio varejista. “A minha vontade sempre foi de vir morar na zona rural. E em dezembro de 2023 resolvi me mudar. Meu esposo tem um sítio aqui, onde eu montei a minha produção de hortaliças”, contou.
Junto com um grupo de 13 mulheres, ela começou a produção de hortaliças, o que a levou, como produtora rural, a conquistar o segundo lugar do Prêmio. Logo que iniciaram a atividade elas participaram de programas do governo Federal, como compras da Conab. Atualmente, o grupo conta com 27 mulheres produzindo hortaliças, além da produção de leite de algumas vacas de Maria Sueli. “Eu ganhei, foi gratificante, uma honra e além do que eu imaginava. Me deu uma elevada na autoestima e fez eu perceber que estou no caminho certo”, declarou.
Já Jessika Monteiro, é social media e presta serviços de gestão completa de redes sociais, além de mentorias e consultorias de posicionamento digital. Ela realiza as vendas no mundo digital e trabalha em parceria com outros profissionais como designers, programadores e videomakers. A empreendedora ficou em 2° lugar na categoria MEI do Prêmio Mulher de Negócios.
Além do trabalho totalmente remoto, Jessika foca também nas mulheres como clientes. O público-alvo dela são prestadoras de serviços ou empreendedoras que sabem a importância do digital e desejam explorar os potenciais dos produtos e delas mesmas para vender mais. “Eu mantenho uma cartela enxuta de clientes para conseguir entregar a mesma qualidade igualmente, atendendo oito pessoas fixas e, eventualmente, mentorados”, explicou.
Um perfil dinâmico é o de Paula Suerda, que montou seu negócio mais lucrativo no sítio Angiquinho. Ela ficou em 3° lugar na categoria produtora rural. Em 2003, ela começou a ser revendedora de produtos de beleza e em 2018 iniciou o negócio das hortaliças, mas com a chegada da pandemia em 2020, decidiu abrir o Bar da Suerda. No ano de 2023, ela agregou as mudas de hortaliças e frutíferas na agricultura, além de iniciar duas estufas.
“Comecei a vender produtos de beleza, depois fui trabalhar com hortaliça orgânica, vendia porta a porta, em feiras. Fiz a estufa para mudas das hortaliças e frutíferas. Foi onde eu consegui empreender mais o que fazia e por isso fui premiada, através da agricultura familiar. E por último montei o bar, no sito onde moro. Até hoje ainda trabalho com todas essas atividades. Mas o meu ponto mais forte são as hortaliças e mudas. Eu trabalho com várias coisas, porque quando um negócio está devagar, o outro substitui”, concluiu.
A gerente da agência do Sebrae/PB, Madalena Arruda, enalteceu as mulheres do cariri. “É uma terra de mulheres que transformam esse sertão do semiárido. O cariri é um polo desse perfil feminino, com a Rede de Mulheres Empreendedoras, um fenômeno singular com grandes protagonistas. As três ganhadoras do prêmio fazem parte desse movimento”, comentou.
Madalena Arruda citou o programa Lideranças Femininas que Transformam como uma iniciativa da economia social liderada por agricultoras, como foi o caso de duas que levaram o prêmio. “Elas estão na arte, no arranjo produtivo da renda Renascença, no comércio, no serviço, como foi o caso de Jessika, como microempreendedora individual. São artistas e poetisas que vêm de uma tradição muito forte, como a que está sendo construída na política. São elas que reescrevem a história do semiárido com protagonismo e mudam tudo”, completou.