Fechar
O que você procura?
Continua depois da publicidade
Continue lendo
A associação orienta a evitar o desperdício de café. Segundo a entidade, o produto rende muito, e as pessoas têm o hábito de jogar fora o que sobra. Apesar de não ter o número oficial e específico sobre o desperdício em lares brasileiros, a Abic citou estudos americanos e do Reino Unido que estimam uma perda na faixa de 17% a 25% no café preparado em casa.
“Se considerarmos uma garrafa térmica média de 500 ml e uma pessoa consumindo cerca de 200 ml por dia, o desperdício poderia ser de cerca de 100 ml por dia. Em uma semana, isso representaria cerca de 700 ml. Em um mês, cerca de três litros de café poderiam ser jogados fora”, afirma.
Todos os consumidores entrevistados nos seis supermercados na zona oeste e na região central de São Paulo na sexta-feira (20) disseram sentir o impacto do aumento, o que levou alguns a mudarem hábitos de consumo, como a troca por marcas mais em conta. Dentre os relatos, também há quem tenha deixado de comprar outros produtos para não abrir mão do cafezinho.
Uma segurança que trabalha em unidades do Extra na região central e na zona norte disse que, desde outubro, aumentaram as tentativas de furto de café. Os principais alvos, afirmou, seriam as cápsulas. Em 12 meses até outubro de 2024, essa categoria teve aumento de quase 19%. Hoje, o quilo de café em cápsulas é vendido a R$ 183,49, segundo a Abic.
DISPARADA DE PREÇOS TEM RELAÇÃO COM O CLIMA
Após um ano com problemas na lavoura e a preocupação com a próxima safra, que deve ser menor do que inicialmente esperado, a tendência é que os preços continuem em alta pelo menos até o início de 2025.
O menor valor encontrado pela reportagem para a embalagem tradicional de 500 gramas dos tipos tradicional e extraforte é cerca de R$ 20. As marcas mais comuns chegam a ser vendidas a R$ 29,99. As embalagens de 250 gramas de alguns tipos especiais, como cafés gourmets ou aromatizados, também chegam a R$ 29,99.
O café acumula alta de 32,66% em 12 meses até novembro, segundo o IPCA (Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo). No dia 10 de dezembro, o valor do grão do café arábica, o mais consumido no mundo, bateu o recorde histórico, chegando a US$ 3,44 por libra, unidade de medida que equivale a 0,45 kg.
A pesquisa realizada pelo Procon-SP (Programa de Proteção e Defesa do Consumidor de São Paulo) e pelo Dieese (Departamento Intersindical de Estatística e Estudos Socioeconômicos) diariamente em 70 supermercados paulistanos, mostra que o preço das embalagens de 500 gramas acumulou, em um ano, alta de 22% até setembro de 2024.
O principal motivo da disparada de preços foi o impacto das altas temperaturas na produtividade da lavoura. Segundo dados divulgados em setembro pela Conab (Companhia Nacional de Abastecimento), o aumento da extensão das áreas onde se planta café no Brasil não foi totalmente revertido em aumento na produção.
Em comparação com 2023, as áreas de produção cresceram 2,4%, e a quantidade produzida, em 1,7%. Isso significa que a produtividade (medida em sacas por hectare) diminuiu 0,6% até setembro.
Tiago César Duarte, 38, produtor rural de São Sebastião da Grama, em São Paulo, disse à reportagem que a quebra de safra trouxe redução de 10% na projeção da colheita deste ano. O produtor afirma que uma das consequências da redução da produção é o aumento nas horas de trabalho. “A gente precisa trabalhar mais na hora colheita, por que a produção precisa render mais”, diz.
Tiago também projeta um resultado similar para 2025. Segundo ele, os quatro meses de estiagem e as altas temperaturas já diminuíram a produtividade para o ano que vem.
“É possível notar que a florada dos pés de café [que acontece entre setembro e novembro] foi menor em 2024, o que indica uma produção também menor para o ano que vem”, diz.
© 2003 - 2024 - ParaibaOnline - Rainha Publicidade e Propaganda Ltda - Todos os direitos reservados.