Economia

Coletivo Mulheres Empreendedoras: Sororidade, transformação e a força do empreendedorismo

Thamires Tamares
Publicado em 1 de junho de 2024 às 9:37

Exposição artesanato

Foto: Arquivo Pessoal/ Roberta Gerciane

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Coletivo Mulheres Empreendedoras

Foto: Ascom

Um levantamento recente do Sebrae apontou que 154.368 mulheres são donas do próprio negócio na Paraíba, o que representa 32% dos empreendedores no estado. De 2020 a 2023 o Sebrae fez 352.029 atendimentos destinados ao público feminino. A maioria voltado ao público de 30 a 39 anos.

Ainda conforme a pesquisa, feita pelos Agentes de Dados do Sebrae, mais de 50% das empreendedoras paraibanas têm filhos sob os seus cuidados. 79% se sentem sobrecarregadas por cuidar da empresa, filhos e idosos ou parentes ao mesmo tempo e 63% já deixaram de fazer algo por si ou pela empresa por ter que cuidar de filhos ou parentes.

Quando o assunto é relação de gênero, 24% das empresárias afirmam que já sofreram preconceito em seu negócio pelo fato de ser mulher e 35% das empreendedoras sofreram preconceito de gênero. No quesito incentivo, p ais, cônjuges, filhos, amigos e fornecedores demonstraram apoio às mulheres na hora de empreender e o Sebrae segue sendo a instituição que mais apoia, incentiva e oferece formação as empreendedoras

Para impulsionar o empreendedorismo feminino e superar os desafios da comercialização individual, surgiu em Campina Grande, no agreste da Paraíba, o Coletivo “Mulheres Empreendedoras”. A iniciativa foi criada através de Fabiana Miná, artesã com 25 anos de experiência, e Roberta Gersiane, historiadora e também artesã. Juntas, elas idealizaram o coletivo em 2020, no dia 8 de março, em meio à comemoração do Dia Internacional da Mulher com uma feira na Praça da Bandeira.

Com a pandemia, o sonho precisou ser engavetado, mas ressurgiu em 2022 com força renovada. Atualmente o coletivo conta com cerca de 12 mulheres que comercializam uma variedade de produtos artesanais, desde papelaria criativa e brechós até ilustração, gastronomia e cosméticos naturais.

Feirinhas temáticas: impulsionando vendas e visibilidade:

As feirinhas temáticas, segundo conta Fabiana, são organizadas pelo coletivo cuidadosamente e planejadas para oferecer a melhor experiência para as empreendedoras e o público.

Elas ocorrem em locais movimentados da cidade, com boa iluminação, atrações musicais e ampla divulgação. A frequência das feiras foi ajustada ao longo do tempo, com base na demanda e no retorno das vendas, atualmente acontecendo em meses alternados, com exceção de janeiro e fevereiro, quando o movimento na cidade diminui.

Através das feiras, as integrantes do coletivo Mulheres Empreendedoras vem conquistando maior visibilidade para seus produtos e marcas, impulsionando significativamente suas vendas. Além disso, o coletivo promove o fortalecimento da autoestima e a sororidade entre as mulheres, proporcionando um ambiente de apoio mútuo e aprendizado constante.

Uma grande conquista do coletivo foi conseguir a participação de algumas mulheres no 38º Salão de Artesanato da Paraíba, que ocorre de 06 a 30 de junho, em Campina Grande, com a participação de 500 artesãos e expositores.

O salão acontece em meio aos festejos do Maior São João do Mundo em Campina Grande, gerando oportunidades para que elas possam comercializar os seus produtos.

Projeto de extensão:

O “Mulheres Empreendedoras” também se tornou um projeto de extensão da Universidade Estadual da Paraíba, UEPB, com a organização de feiras semanais no hall da Central Integrada de Aulas (CIA). Parcerias com o Museu dos Pandeiros também ampliam as oportunidades de divulgação e venda dos produtos.

Capacitação e desenvolvimento

O coletivo oferece às suas integrantes a oportunidade de participar de diversas capacitações, com temas como precificação, mídias sociais e gestão de negócios. De acordo com Roberta Gerciane, as capacitações são realizadas no Núcleo da Economia Solidária do Instituto Federal da Paraíba (IFPB).

Nita Keoma Lustosa de Sousa, professora e artesã, é uma das mulheres que se beneficiam do Coletivo. Ela utiliza a cerâmica plástica para criar acessórios e comercializar nas feirinhas.

“As feiras são vitrines para muitas empreendedoras promover seu empreendimento, apresentar e conquistar clientes. Graças ao coletivo, meus produtos chegam a um público mais amplo e pude aumentar minhas vendas significativamente.”

Gastronomia, artesanato, música, cosméticos naturais, produtos que são pensados, criados e comercializados em um universo de expressão, inovação e realização profissional, dentro do cenário da economia criativa que, além de gerar renda e promover os pequenos negócios, também desenvolve soluções, mostra habilidades e paixões com criatividade, talento e conhecimento. Através da economia criativa, as mulheres de diferentes segmentos encontram o seu lugar e as suas oportunidades.

Enfrentando desafios com resiliência e união:

Fabiana conta que o projeto tem ajudado muitas mulheres a empreender, mas apesar das conquistas, ainda existem os desafios a serem enfrentados “A falta de estrutura financeira e a dificuldade de acesso a recursos para investimentos são os principais desafios enfrentados pelo coletivo. Somos nós por nós”, apontou.

Sonhos e planos para o futuro:

O futuro do “Mulheres Empreendedoras” é promissor. As idealizadoras sonham em levar a feira para outras cidades do interior da Paraíba, expandindo o alcance do coletivo e impactando a vida de ainda mais mulheres, assim como aconteceu com Vânia Maria da Silva.

A empreendedora chegou em Campina Grande vinda de São Paulo, sem perspectivas e sem trabalho. Ao conhecer o coletivo, ela começou a confeccionar bolsas de tecido e, na primeira feira, já teve a alegria de vender uma delas. Essa experiência a motivou a continuar e hoje suas bolsas são um dos produtos mais proc urados nas feiras.

O coletivo ME tem se tornado um espaço de oportunidades para mulheres que desejam empreender e conquistar sua independência financeira. Segundo a organizadora Roberta, a união das mulheres é um diferencial, já que elas apostam na sororidade como missão. “Juntas, nos apoiamos. Juntas somos mais fortes”.

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