Economia

IBGE divulga como foi o PIB do Brasil no ano passado

Da Redação*
Publicado em 1 de março de 2024 às 22:06

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Foto: Marcello Casal Jr/ Agência Brasil

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Sob influência de alta recorde na agropecuária, a economia brasileira fechou o ano de 2023, o primeiro do governo Luiz Inácio Lula da Silva (PT), com crescimento acumulado de 2,9%.

É o que apontam dados do PIB (Produto Interno Bruto) divulgados nesta sexta-feira (1º) pelo IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística).

O resultado ficou levemente abaixo da variação de 2022 e da mediana das expectativas do mercado financeiro, ambas de 3%.

Os dados do IBGE também mostram uma desaceleração da atividade econômica no segundo semestre, após o impulso da agropecuária, mais concentrado nas safras do início de ano.

Considerando somente o quarto trimestre de 2023, o PIB ficou estagnado (0%) em relação aos três meses imediatamente anteriores. A expectativa de analistas era de variação de 0,1%, segundo a agência Bloomberg.

O PIB também ficou estagnado no terceiro trimestre de 2023, na comparação com os três meses imediatamente anteriores. O IBGE revisou o desempenho desse período de 0,1% para 0%.

Os dois intervalos de variação nula (0%) vieram após altas de 0,8% no segundo trimestre e de 1,3% no primeiro.

Apesar da perda de força na segunda metade de 2023, o PIB fechou o ano passado com um resultado superior (2,9%) ao projetado inicialmente por analistas.

Ao final de 2022, o mercado financeiro esperava um crescimento de apenas 0,8% para o acumulado de 2023, conforme a mediana do boletim Focus, divulgado pelo BC (Banco Central). As previsões subiram com o passar dos meses.

“As commodities deram o tom do crescimento em 2023”, diz a economista Juliana Trece, do FGV Ibre (Instituto Brasileiro de Economia da Fundação Getulio Vargas), em referência ao comportamento positivo da agropecuária (15,1%) e da indústria extrativa (8,7%).

“A economia cresceu bastante, mais do que o esperado no início do ano passado. É um bom resultado, mas ainda tem pontos de alerta”, pondera.

Os pontos de alerta, segundo a pesquisadora, estão associados ao desempenho negativo em 2023 de componentes do PIB como indústria de transformação (-1,3%), construção (-0,5%) e investimentos produtivos na economia (-3%).

O trio sentiu os efeitos dos juros elevados no ano passado, mas o recente ciclo de queda da taxa Selic pode trazer estímulos em 2024, apontam analistas.

O PIB registrou no primeiro ano do terceiro mandato de Lula um desempenho inferior ao de 2007 (6,1%), que marcou o começo do segundo governo do petista. Na comparação com 2003 (1,1%), ano inicial do primeiro mandato do presidente, a variação de 2023 é mais expressiva.

Em 2019, período inicial do governo Jair Bolsonaro (PL), antecessor de Lula, o PIB teve alta de 1,2%, segundo o IBGE.

AGRO DÁ IMPULSO NO ANO

Ao subir 15,1% em 2023, a agropecuária registrou sua maior variação em um ano fechado na série histórica do IBGE, iniciada em 1996.

Puxado por culturas como soja e milho, o setor foi responsável diretamente por cerca de um terço do avanço do PIB no ano passado.

“A agropecuária teve papel fundamental na economia brasileira”, afirmou Rebeca Palis, coordenadora de Contas Nacionais do IBGE.

Os serviços (2,4%) e a indústria (1,6%) também avançaram no período. No caso da indústria, o instituto destacou a influência positiva do setor extrativo.

Essa atividade teve alta de 8,7% no ano, por causa do aumento da extração de petróleo, gás natural e minério de ferro. A agropecuária e o setor extrativo têm grande impacto do mercado externo.

Ainda na indústria, o segmento de transformação e a construção patinaram em meio ao cenário de juros elevados. As atividades recuaram 1,3% e 0,5%, respectivamente.

O economista-chefe da Fiesp (Federação das Indústrias do Estado de São Paulo), Igor Rocha, afirma que, enquanto as grandes economias se apoiam em uma indústria de alta tecnologia, o Brasil segue dependente dos setores primários.

“Fica muito difícil superar a armadilha da renda média se a gente não entender que uma cadeira não fica de pé somente numa perna”, afirmou.

Para a Fiesp, a queda dos juros e os programas do governo devem contribuir para um resultado positivo em 2024 para o setor, mas ainda abaixo da média do PIB nacional. A entidade prevê crescimento de 1,8% para o PIB neste ano, com avanço de 1% na indústria de transformação.

*LEONARDO VIECELI E EDUARDO CUCOLO/folhapress

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