Black Friday: saiba quais produtos os varejistas apostam para as vendas

Robôs, inteligência artificial e transporte aéreo são as principais apostas de Mercado Livre, Amazon e Casas Bahia para reduzir prazos na Black Friday deste ano. As três varejistas investiram em automação, contratação de milhares de funcionários temporários e ampliação de frotas para atender uma demanda que deve movimentar R$ 5,4 bilhões no país, segundo projeção da CNC (Confederação Nacional do Comércio de Bens, Serviços e Turismo).

O Mercado Livre aposta na automação dos galpões, a Amazon usa inteligência artificial para prever demanda e organizar estoques, e a Casas Bahia reforça a frota para acelerar entregas de produtos pesados.

No Mercado Livre, quase 500 robôs atuam nos centros de distribuição, divididos entre 125 de separação e mais de 300 móveis autônomos. Os robôs de separação processam até 105 mil itens por dia em 670 m² e reduziram em aproximadamente uma hora o ciclo de expedição, além de aumentar em 25% a eficiência dessa etapa.

Segundo Luiz Vergueiro, diretor sênior de logística do Mercado Livre, a automação com essa tecnologia acelera o processo de consolidação de pedidos, especialmente quando um mesmo consumidor compra mais de dois itens armazenados em áreas diferentes dos centros de distribuição.

Os outros 300 robôs móveis autônomos são responsáveis por distribuir e mover produtos, com capacidade de processamento de até 20 mil itens por dia. A tecnologia integra o trabalho dos colaboradores do centro logístico e, de acordo com Vergueiro, reduz o tempo de processamento de pedidos em até 20%.

O diretor afirma ainda que, no primeiro semestre de 2025, cerca de 60% das compras foram entregues até o dia seguinte nas capitais brasileiras. Segundo ele, houve queda nos prazos sobretudo no Norte e no Nordeste, favorecida pela entrada em operação de centros de distribuição na Bahia e em Pernambuco e pela expansão da frota aérea, que hoje inclui oito aviões operados em parceria com a GolLog.

Na Amazon, 75% dos pedidos globais já são processados com suporte de inteligência artificial e automação. Ricardo Pagani, diretor de operações da Amazon Brasil, afirma que, com o uso de IA, a empresa prevê demanda e distribuição de estoque com até três meses de antecedência, otimiza rotas de entrega e identifica produtos danificados antes do envio. No Brasil, a companhia consegue realizar entregas de mais de 2,5 milhões de produtos em até 48 horas.

Pagani diz que a rede de 250 centros logísticos da Amazon distribuídos por todo o país —com mais de 100 inaugurados somente em 2025— foi planejada usando algoritmos de IA que identificam localizações ideais para manter os produtos mais próximos dos consumidores.

Já a Casas Bahia ampliou em 79% sua frota de veículos para entrega de itens pesados para a Black Friday, saltando de 776 para 1.392 carros. A empresa também opera com aviões para acelerar entregas em regiões mais distantes, especialmente no Nordeste.

Um dos focos da varejista é justamente a operação de produtos volumosos, como geladeiras, sofás e móveis, que exigem logística mais complexa. “Entregar uma geladeira no prazo agendado é muito diferente de entregar um liquidificador. A pessoa se programa, negocia home office com o chefe, e precisa estar em casa”, diz Willemberg Cruz, diretor de logística da Casas Bahia.

Cruz conta que a empresa faz cenários de capacidade operacional desde setembro. Com 25 centros de distribuição e 1.045 lojas físicas, a varejista possui 2,5 milhões m² de armazenagem. Ele destaca que, hoje, as vendas da varejistas podem ser feitas em três frentes: nas lojas físicas, no ecommerce próprio ou no site do Mercado Livre, mas toda a logística é integrada e realizada pela própria Casas Bahia.

Segundo o diretor de logística, a empresa utiliza inteligência artificial e machine learning em praticamente todos os processos, desde a roteirização até a distribuição de produtos por região e a definição do perfil de veículo a ser usado.

Para itens leves, praticamente todos os centros de distribuição usam o sistema sorter, que lê a etiqueta e separa automaticamente o produto para a região correta. Ele diz ainda que a expectativa é que as entregas deste ano sejam consideravelmente mais rápidas e eficientes que as do último ano.

Para dar conta do volume de pedidos, as varejistas também reforçaram suas equipes com contratações temporárias. A Amazon anunciou a contratação de mais de 13 mil funcionários temporários para o último trimestre do ano, o dobro em relação a 2024, que se somam aos mais de 36 mil funcionários diretos e indiretos da empresa no Brasil.

O Mercado Livre abriu 20 mil vagas no país, sendo 75% permanentes e 25% temporárias, concentradas principalmente na área de logística.

A Casas Bahia contratou aproximadamente 600 pessoas para operar no período sazonal, um aumento de quase 20% em relação ao quadro base do time de logística. Com isso, a varejista passou a contar com cerca de 3.500 pessoas apenas na área logística.

*JÚLIA GALVÃO/Folhapress

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