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Foto: X/GovernoSP
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A prisão preventiva do ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) neste sábado (22) por ordem do ministro Alexandre de Moraes, do STF (Supremo Tribunal Federal), foi criticada por políticos da direita bolsonarista e do centrão, enquanto representantes da esquerda celebraram.
Apoiadores do presidente Lula (PT) se reuniram em frente à superintendência da Polícia Federal em Brasília, onde o ex-presidente está preso. Três mulheres estouraram champanhe, e o militante Fabiano Trompetista tocou em seu instrumento a marcha fúnebre e a música “Tá na hora do Jair”, e foi aplaudido.
Manifestantes pró-Bolsonaro, com bandeira do Brasil e adesivos na boca, também estiveram no local. Houve um princípio de bate-boca entre os grupos.
Tido como sucessor político de Bolsonaro e possível candidato à Presidência da República em 2026, o governador de São Paulo, Tarcísio de Freitas (Republicanos), afirmou que o ex-presidente é inocente e que lutará para que “essa injustiça seja reparada o quanto antes”.
“Tirar um homem de 70 anos da sua casa, desconsiderando seu grave estado de saúde […], além de irresponsável, atenta contra o princípio da dignidade humana”, diz a publicação nas redes.
O pastor Silas Malafaia chamou a prisão de “cortina de fumaça”, ou seja, uma suposta tentativa de Moraes de afastar a atenção pública das denúncias contra o Banco Master.
Pelas redes sociais, o prefeito de São Paulo, Ricardo Nunes (MDB), que recebeu apoio de Bolsonaro nas eleições do ano passado, prestou solidariedade, mencionou a saúde debilitada do ex-presidente e disse que o argumento de tentativa de fuga é frágil.
Fábio Wajngarten, ex-assessor de Bolsonaro, afirmou que a prisão é uma vergonha e deveria ser revista num futuro próximo.
Outros apoiadores do ex-presidente falaram em injustiça e ironizaram a coincidência da data com o número de urna do PL, o 22, como sinal de uma suposta perseguição por parte do ministro do STF.
“Hoje, dia 22, número do nosso partido, Alexandre de Moraes, no seu mais alto grau de psicopatia, manda prendê-lo preventivamente, porque seu filho Flávio Bolsonaro convocou vigília de oração para hoje à noite. Estamos vivendo o maior capítulo de perseguição política da história do país”, disse o líder do PL na Câmara, Sóstenes Cavalcante (RJ).
O líder da oposição na Câmara, Zucco (PL-RS), afirmou que estava a caminho de Brasília para prestar apoio e que não aceitará que o Brasil seja um “país onde a vingança política suplanta a lei”.
Os deputados Helio Lopes (PL-RJ) e Bia Kicis (PL-DF) estiveram na superintendência da PF. “Uma extrema injustiça e ainda com uma pessoa que está com a saúde comprometida, então colocando em risco mesmo a vida do presidente, que é um homem inocente”, disse a deputada.
Bia Kicis acrescentou ainda que a vigília convocada por Flávio estava mantida a princípio.
O líder do PL no Senado, Rogério Marinho (RN), disse em publicação que a decisão de Moraes ultrapassa limites constitucionais e ameaça pilares essenciais do Estado de Direito.
Parlamentares do PL afirmam que vão insistir para que o Congresso vote uma anistia completa ao ex-presidente e aos demais condenados na trama golpista e pelo 8 de Janeiro. Defensor de um caminho alternativo, o da redução de penas, o deputado Paulinho da Força (Solidariedade-SP) disse à Folha que a prisão facilita a negociação em torno do projeto que relata.
Após a divulgação do vídeo em que Bolsonaro admite ter usado “ferro quente” em sua tornozeleira, integrantes do centrão passaram a afirmar que tanto a anistia quanto a redução de penas devem ter dificuldade para avançar.
Um integrante da cúpula da Câmara afirma, sob reserva, ser “impossível” que a matéria avance. Para outra liderança do centrão, levar adiante esse projeto neste momento poderia ser compreendido como uma afronta ao Supremo. Além disso, um político do grupo diz que isso poderia gerar críticas ao Congresso junto à opinião pública.
Entre políticos do centrão, a primeira avaliação era a de que a prisão foi exagerada. Nos bastidores, eles dizem que a medida deve tensionar ainda mais a relação entre os três Poderes e pode acelerar uma definição da direita para se unir em torno de uma candidatura que tenha mais chances no enfrentamento a Lula.
O presidente do PP, senador Ciro Nogueira (PI), afirmou nas redes sociais que a prisão é “mais uma provação no martírio” que Bolsonaro está passando, mencionando a fragilidade do seu estado de saúde. “Mitos não sucumbem a violências. São eternizados por elas.”
O ex-presidente da Câmara Arthur Lira (PP-AL) disse que a prisão “reabre as feridas da polarização política”. “Já faz mais de uma década que essa marcha e contramarcha prejudica a economia, a geração de empregos e criminaliza a política.”
O presidente do PSD, Gilberto Kassab, chamou a prisão de “triste episódio”. “Registro minha incompreensão por uma medida jurídica tão severa e injusta, especialmente quando sua saúde inspira cuidados”, publicou.
Políticos da esquerda afirmaram que Bolsonaro pagará pela tentativa de aplicar um golpe de Estado e defenderam a ação policial como forma de evitar uma fuga.
A ministra das Relações Institucionais, Gleisi Hoffmann (PT), disse que a medida considera as “tentativas de coação” à Justiça brasileira e “segue rigorosamente os ritos do devido processo legal.
O ex-ministro José Dirceu (PT), que foi preso no mensalão e na operação Lava Jato, afirmou que a prisão significa “um recomeço para o Brasil”. “O chefe da tentativa do golpe está preso”, escreveu nas redes.
O líder do governo na Câmara, deputado José Guimarães (CE), declarou que o país vive “um momento histórico”. O líder do PT na Casa, deputado Lindbergh Farias (RJ), disse que, mesmo em prisão domiciliar, “Bolsonaro seguia atuando politicamente para tensionar o ambiente e pressionar instituições”.
* ANDRÉ FLEURY MORAES, ANNA VIRGINIA BALLOUSSIER, BRUNO RIBEIRO, MARIANA BRASIL, MARIANNA HOLANDA, RAPHAEL DI CUNTO E VICTORIA AZEVEDO (FOLHAPRESS)
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