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Foto: Fabio Rodrigues-Pozzebom/Agência Brasil
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O segundo dia de julgamento na Primeira Turma do STF (Supremo Tribunal Federal) sobre a trama golpista, nesta quarta-feira (3), teve a sustentação oral das defesas dos principais réus do processo, como o ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) e o ex-ministro Walter Braga Netto.
Alexandre de Moraes, ministro relator do processo, tomava notas com uma caneta e passava as centenas de páginas em sua mesa destacando trechos dos documentos com um marca-texto.
O ministro Luiz Fux também fazia suas anotações durante cada fala de destaque das defesas. Ele participou de todas as fases do processo e assumiu uma posição informal de revisor, dando indícios de que abrirá a principal divergência contra Moraes no julgamento.
Flávio Dino e Cármen Lúcia também mantiveram atenção durante as falas dos advogados, fazendo perguntas pontuais sobre as sustentações. A ministra –também presidente do TSE (Tribunal Superior Eleitoral)– reservou novamente parte de suas manifestações para defender o sistema eleitoral brasileiro.
O plenário da Primeira Turma do Supremo estava mais esvaziado nesta quarta do que no primeiro dia de julgamento. A presença de parlamentares ficou reduzida a três deputados governistas –Lindbergh Farias (PT-RJ), Fernanda Melchionna (PSOL-RJ) e Orlando Silva (PCdoB-SP).
O ex-ministro da Defesa Paulo Sérgio Nogueira, único réu a ir ao Supremo na terça (2), também faltou nesta quarta. O general da reserva achou melhor se ausentar depois de um primeiro dia exaustivo e de pouco proveito. Ele usa uma tipoia para imobilizar o braço esquerdo, ferido em acidente durante partida de pingue-pongue com um de seus netos.
O segundo dia de julgamento foi mais curto que o primeiro. Foram cerca de quatro horas de sustentações orais das defesas dos réus Augusto Heleno, Jair Bolsonaro, Paulo Sérgio Nogueira e Walter Braga Netto.
Os advogados chamados a falar foram os estrelados Celso Vilardi e José Luis de Oliveira Lima, ambos de longa carreira e com atuação de casos relevantes no Supremo, como o Mensalão.
Também foram à tribuna os advogados Matheus Milanez, uma das principais revelações do julgamento, Paulo Bueno Cunha e Andrew Fernandes, defensor de Paulo Sérgio cuja marca é a discrição.
Até pelo perfil mais discreto, gerou surpresa e curiosidade a citação que Andrew fez à sogra durante sua sustentação oral.
“Aqui eu me lembro da minha sogra. Minha sogra fala: ‘Às vezes as palavras são como um punhal, uma arma: machucam e doem’. E por que lembrei da minha querida sogra?”, disse Andrew.
Flávio Dino interrompeu o discurso e disse que estava curioso com a citação; Alexandre de Moraes entrou na brincadeira: “A sua sogra fala isso ou as palavras dela são um punhal?”.
O momento de descontração seguiu no fim da sustentação oral de Andrew, quando ele precisou rapidamente colocar o celular no silencioso após o telefone tocar no púlpito do Supremo.
“Não se esqueça de atender o telefone. Era sua sogra”, disse Dino.
O segundo dia de julgamento teve menos momentos constrangedores e gafes que a sessão de terça-feira.
Os advogados tiveram como foco a desconstrução do acordo de delação premiada do tenente-coronel Mauro Cid, críticas ao alegado cerceamento do exercício de defesa e o debate sobre o mérito das acusações da PGR (Procuradoria-Geral da República).
Após o fim da sessão, imprensa e advogados se encontraram em uma das saída do Supremo para fazer entrevistas e pegar seus carros para deixar o local. A poucos metros do local, em estacionamento público, um trompetista se posicionou para tocar as músicas “Marcha Fúnebre” e “Tá na Hora do Jair Já Ir Embora”.
Fabiano Leão virou um dos personagens da fase final do processo contra Bolsonaro. Sempre que o ex-presidente dava entrevista ou o Supremo avançava alguma fase da ação penal, o trompetista aparecia para tocar o instrumento.
O Supremo retoma o julgamento da trama golpista na próxima terça-feira (9), com o voto de Alexandre de Moraes. Os outros ministros também podem apresentar seus posicionamentos. A sentença final, porém, só deve ser conhecida na sexta-feira (12).
*CÉZAR FEITOZA, ANA POMPEU E JOSÉ MARQUES/folhapress
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