Brasil

Governo decide duelar com o Congresso Nacional no Judiciário

Da Redação*
Publicado em 30 de junho de 2025 às 22:55

Foto: Fabio Rodrigues-Pozzebom/Agência Brasil

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Apesar da resistência de uma ala do governo e do PT, o presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) decidiu brigar na Justiça pela reativação do decreto com elevações no IOF (Imposto sobre Operações Financeiras), que foi derrubado na terça-feira (24) pelo Congresso Nacional.

A AGU (Advocacia-Geral da União) deve protocolar uma ação no STF (Supremo Tribunal Federal) nesta terça-feira (1°). A ideia é questionar a constitucionalidade da decisão do Congresso, com base na análise técnica e jurídica.

A própria ministra das Relações Institucionais, Gleisi Hoffmann, informou a parlamentares nesta segunda-feira (30) que a decisão está tomada. A pedido do presidente, o ministro-chefe da AGU, Jorge Messias, já concluiu a ação -apontada por integrantes do governo como tentativa de resgate da normalidade institucional no país.

Na semana passada, o presidente solicitou que AGU elaborasse recursos ao STF para reativar o decreto. A orientação foi dada a Messias na noite da quinta-feira (26), durante reunião que contou com a presença de Gleisi.

Segundo integrantes do governo, Lula pediu à AGU para analisar a constitucionalidade da decisão do Congresso, com o argumento de que a derrubada do decreto ameaça uma prerrogativa do presidente da República de editar esse tipo de mecanismo.

Ministros afirmam haver brechas legais, e o próprio ministro da Fazenda, Fernando Haddad, já se manifestou a favor de um recurso ao STF.

Aliados do presidente chegaram a defender um esforço para evitar novo confronto entre a cúpula do Congresso e o Supremo, uma vez que, na avaliação desses governistas, existe base legal para uma vitória judicial na corte.

Integrantes do governo também alegam que uma ação direta de inconstitucionalidade poderia fornecer um discurso para a oposição nas redes sociais: o de que Lula teria entrado na Justiça para aumentar imposto (ainda que sobre operações financeiras).

Lula está, no entanto, irritado com a condução do presidente da Câmara, Hugo Motta (Republicanos-PB), que informou no fim da noite de segunda-feira (23), pelas redes sociais, a decisão de levar a matéria a voto no dia seguinte.

O presidente teria classificado o gesto como uma traição a ele, não apenas a Haddad.

Esse mal-estar se acentuou depois de Motta responder, com um vídeo, às críticas de integrantes do governo e da base.

Nesta segunda, ele criticou discurso do Executivo de que seu objetivo é fazer justiça tributária, a que chamou de “polarização social”.

“Capitão que vê barco ir em direção ao iceberg e não avisa não é leal, é cúmplice. E nós avisamos ao governo que essa matéria de IOF teria muita dificuldade de ser aprovada no Parlamento”, disse Motta.

“Presidente de qualquer Poder não pode servir ao seu partido. Tem que servir ao seu país”, completou, após classificar como falsa a declaração de que o governo se sentiu traído e foi pego de surpresa com a derrubada da medida.

Motta avisou no fim da noite que antecedeu a votação que o tema estaria na pauta da Câmara. Na manhã seguinte à postagem, dia da derrubada do decreto, ele não atendeu aos telefonemas de Gleisi e Haddad. Uma audiência com o presidente, programada para a mesma manhã, acabou cancelada.
Já há duas ações sobre o tema no STF (Supremo Tribunal Federal), apresentadas pelo PL e pelo PSOL, com pedidos

opostos. O presidente da corte, Luís Roberto Barroso, encaminhou a ação do PSOL para retomar o decreto com mudanças no IOF ao gabinete do ministro Alexandre de Moraes, que será relator do caso.
Nesta segunda, o ministro redistribuiu o processo que havia sido sorteado inicialmente ao decano da corte, Gilmar Mendes, por entender que outra ação semelhante já está sob o comando de Moraes.

*CATIA SEABRA E ANA POMPEU/folhapress

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