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Presidente dos Estados Unidos comunica cessar-fogo entre Israel e Irã

Da Redação*
Publicado em 23 de junho de 2025 às 19:28

donald trump

Foto: Reprodução/Instagram

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O presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, anunciou nesta segunda-feira (23) um cessar-fogo na guerra entre Israel e Irã, após 12 dias de troca de fogo aéreo. Ele fez a postagem em rede social horas depois de aceitar um ataque retaliatório simbólico de Teerã contra a principal base americana no Oriente Médio.

“Parabéns a todos! Israel e o Irã concordaram que haverá um cessar-fogo completo e total”, escreveu Trump na sua rede, a Truth Social. Ele disse que o acordo começa a valer em 6 horas, com um período inicial de 12 horas sem ataques iranianos.

Cumprido o prazo, diz, Israel fará o mesmo. Ao fim do dia completo, ainda segundo o americano, a guerra terá acabado. “Eu gostaria de parabenizar os dois países por seu fôlego, coragem e inteligência para encerrar o que deveria ser chamado de ‘guerra dos 12 dias’. Ela poderia ter durado anos e destruído o Oriente Médio, mas isso não aconteceu nem acontecerá!”, escreveu.

A postagem não trata de temas fundamentais, como a negociação acerca do programa nuclear iraniano, o “casus belli” usado por Israel para iniciar os maiores ataques em 46 anos de rivalidade com a teocracia instalada pela Revolução Islâmica de 1979.

O premiê Binyamin Netanyahu afirmou que o impasse nas conversas EUA-Irã, mais o relatório da ONU indicando que o país persa está em violação de suas obrigações de transparência, significava que Teerã estava a um passo de ter até 15 bombas. Israel tem 90 ogivas nucleares.

Trump entrou na guerra no sábado (21), quando uma espetaculosa operação militar bombardeou três instalações nucleares do Irã, uma delas a fortaleza subterrânea de Fordow. Ele afirma ter obliterado todo o programa dos aiatolás, algo discutível segundo seus próprios generais.

Seja como for, a senha para uma solução da crise estava dada, já que Trump disse querer a paz. O Irã rejeitou o ultimato e prometeu retaliar, e o fez nesta segunda, deixando o mundo com a respiração presa devido ao temor de uma escalada.

Na hora da ação, contudo, fez algo simbólico: lançou 14 mísseis contra a maior base americana no Oriente Médio, Al-Udeid, que fica em Doha. Só que avisou tanto os EUA quanto o Qatar, país com quem tem boas relações, que iria fazer o ataque.

A base em si já tinha tido quase todos seus aviões retirados pelos EUA. Ao fim, 13 mísseis foram abatidos, e o 14º, perdido sem consequências. O Qatar falou grosso, os países da região entraram em alerta, mas rapidamente o próprio Trump desfez o teatro.

Foi à Truth Social agradecer o aviso prévio do Irã, reafirmar que seu ataque foi devastador no sábado e que estava na hora de Irã e Israel pararem a guerra. Segundo relatos, ele negociou o cessar-fogo com mediação do próprio Qatar.

Passadas mais duas horas, veio o anúncio do cessar-fogo. Ele ocorreu após tanto Teerã quanto Tel Aviv emitirem alertas de que iriam lançar ataques uma contra a outra na madrugada.

Agora é ver se o combinado será cumprido. Da forma que foi feita, algo farsesca, a acomodação serve aos três atores da crise, embora haja muitas dúvidas subsequentes.

Trump fez o anúncio tendo em mãos nova pesquisa Ipsos/Reuters na qual sua popularidade está no menor nível do novo mandato, iniciado em janeiro, e que apontava o temor do americano de mais uma guerra no Oriente Médio com participação de Washington.

Na última semana, o americano recebeu diversas críticas de integrantes de sua base ideológica, que o acusavam de trair a promessa de não mais ser o policial do mundo.

Apesar do agradecimento pelo aviso do Irã, Trump está fixando seu eixo narrativo na ideia ainda imprecisa de que os aiatolás não poderão mais fazer a bomba. E, com esse discurso, tenta encerrar o conflito, retomando a imagem de pacificador que tentou vender sem sucesso antes em Gaza e na Ucrânia.

Para Teerã, há um alívio militar importante. A campanha israelense anulou a defesa aérea do país, onde caças de Tel Aviv operam quase impunemente. Sua retaliação contra o Estado judeu, na forma de quase 500 mísseis balísticos e centenas de drones, causou muita destruição, mas vinha minguando —seja por falta de recursos imediatos ou de estoques futuros.

Assim, o ataque no Qatar serviu para o aiatolá Ali Khamenei, o líder supremo do regime, tomar o manto de vencedor para seu público interno. “Nós não agredimos ninguém, mas não vamos aceitar agressão de ninguém”, disse, antes do anúncio do cessar-fogo.

O fim do conflito interessa aos dois rivais. O Irã está tendo suas capacidades militares dizimadas. Trump busca driblar as críticas de sua base, que não aceitam intervenções estrangeiras dos EUA.

Com isso, o cenário repete janeiro de 2020, quando Teerã atacou uma base americana no Iraque após Trump, em seu primeiro mandato, ter mandado matar o mais importante general iraniano, Qassim Suleimani, em Bagdá.

Ambos os lados se proclamaram vencedores, e a tensão baixou.

Por fim, mas não menos importante, Netanyahu consegue uma vitória política em um momento em que estava em baixa devido à tragédia humanitária que provoca em Gaza, onde luta uma guerra desde que o Hamas, grupo terrorista palestino apoiado pelo Irã, lançou o mega-ataque de 7 de outubro de 2023.

A guerra existencial contra o Irã tinha apoio popular em Israel, e melhorou as condições eleitorais do premiê que, se perder o cargo, terá de responder rapidamente à Justiça por acusações de corrupção pelas quais é julgado.

Ainda é algo incerto o impacto de longo prazo da destruição causada pelo Irã em grandes cidades de Israel, como Tel Aviv e Haifa. Morreram no Irã mais de 400 pessoas na campanha, segundo o governo, e 24 em Israel. Os feridos são milhares.

O ataque iraniano, segundo Trump algo salutar porque tirou ódio “do sistema” dos aiatolás, foi recebido com temor de uma escalada, em especial por envolver mais um país na confusão.

Mais cedo, Israel havia feito ataques pesados a centros ligados ao regime de Teerã, sinalizando buscar sua queda. Essa motivação subjacente foi admitida por Netanyahu e insinuada por Trump, mas dada as circunstâncias atuais, ficou para outro momento.

O mesmo não se sabe sobre a questão atômica. O vice de Trump, J.D. Vance, foi às redes para dizer que Teerã irá se ver com as forças americanas caso insista na busca pela bomba. Como isso será pactuado, ainda é uma incógnita.

* IGOR GIELOW (FOLHAPRESS)

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