O cantor Gusttavo Lima anunciou nesta quarta-feira (19) que desistiu da candidatura a presidente da República e a qualquer outro cargo político nas eleições de 2026.
Em vídeo publicado em redes sociais, ele disse aos fãs que se dedicará inteiramente à carreira musical.
“Esse não foi e não será o meu objetivo, mas mesmo não fazendo parte da política continuarei fazendo minha parte. Não tenho partido e não serei político, ao contrário, quero que todos os partidos se unam em prol do povo brasileiro”, afirmou.
O sertanejo disse ao portal Metrópoles que a oposição da família (que tentava fazê-lo desistir da carreira política, como mostrou a Folha de S.Paulo) pesou na decisão, mas que nada impede que ele se candidate em outro pleito.
Ao Metrópoles Gusttavo Lima disse que as eleições do próximo ano serão “muito polarizadas” e que seria preciso sentar para negociar pautas que podem não ser do interesse do Brasil, mas de partidos ou pessoas.
“Não tenho estômago. Meu negócio é trabalhar e ajudar as pessoas.”
No pronunciamento de sete minutos, ele afirmou que “continuará contribuindo para as mudanças no Brasil” por meio de trabalhos sociais e empreendedorismo.
O sertanejo ainda reclamou por ser alvo de notícias falsas e críticas nos últimos meses, apesar de não se aprofundar no tema, e pediu respeito.
“Peço a todos que respeitem a minha opinião e a minha posição e a minha imparcialidade, de forma justa e respeitosa, assim como ocorre na vida de outro brasileiro que expressa seu ponto de vista. É um ponto de vista diferente, ok?”, disse.
“Sempre quando a gente se posiciona politicamente ou de alguma forma, têm aqueles que querem nos atingir e de forma desrespeitosa nos apontar, distorcer as coisas, inventar fake news ao nosso respeito, ao meu respeito”, afirmou.
O sertanejo finalizou dizendo que em 2026 “espera que o povo esteja acordado para tomar a decisão certa para essa grande nação”.
O cantor é descrito como alguém de direita, com perfil conciliador. Em 2022, pediu voto para Jair Bolsonaro (PL) e deu entrevista ao lado do então presidente após um almoço com músicos sertanejos.
O artista havia ventilado no início do ano a possibilidade de se candidatar à Presidência.
Partidos logo correram para negociar a filiação do cantor, um dos mais populares do país.
Em fevereiro, Gusttavo Lima comemorou os resultados de pesquisa Genial/Quaest sobre as eleições de 2026, que o apontava como aquele com menor desvantagem ante Lula (PT) em cenários de segundo turno entre os nomes da direita para a Presidência.
Ele teria 35% em uma segunda rodada contra o petista, que marcaria 41%, conforme o levantamento.
Outros nomes testados foram Tarcísio de Freitas (Republicanos), Pablo Marçal (PRTB) e Eduardo Bolsonaro (PL), além de Romeu Zema (Novo) e Ronaldo Caiado (União Brasil).
Aquela foi a primeira pesquisa do instituto em que o nome dele foi citado como opção aos entrevistados, diante da manifestação do cantor de que teria a intenção de concorrer ao Palácio do Planalto.
Em tom de candidato, ele afirmou, após a divulgação do levantamento, que “o Brasil tem jeito”.
“Só Deus, só ele lá, pode parar um sonho.”
Nos últimos meses, o artista se aproximou ainda mais do governador de Goiás, Ronaldo Caiado (União Brasil), de quem é amigo.
O governador chegou a afirmar em entrevista no início do mês que ele e o cantor estariam em uma mesma chapa, mas o artista disse que não havia tomado uma decisão sobre o tema.
Gusttavo Lima já externou opiniões alinhadas com o bolsonarismo, como críticas à Lei Rouanet, e condenou o uso de maconha. Ao mesmo tempo, defendeu “todas as formas de amor”, referindo-se à diversidade sexual, destoando desse campo político.
A possibilidade de o músico concorrer embaralhava ainda mais o cenário para o campo da direita em 2026, que conta com uma variedade de nomes possíveis, mas nenhum consensual, especialmente devido à inelegibilidade de Bolsonaro até 2030.
O cantor sertanejo havia confirmado presença ao lado de Ronaldo Caiado em um ato em Salvador, no próximo dia 4 de abril, onde o governador de Goiás lançará sua pré-candidatura à Presidência. No entanto, após o anúncio, nenhum dos dois se pronunciou sobre o assunto.
O ex-presidente Bolsonaro chegou a criticar a possibilidade de o artista se lançar à Presidência na cabeça de chapa. “O PL tem candidato para presidente em 2026. O candidato sou eu!”, disse à CNN, em janeiro.
*ARTHUR GUIMARÃES DE OLIVEIRA E VICTÓRIA CÓCOLO/folhapress