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Presidente Lula demite ministra e inicia reforma no governo

Da Redação*
Publicado em 25 de fevereiro de 2025 às 19:00

Foto: Marcelo Camargo/Agência Brasil

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O presidente Lula (PT) demitiu nesta terça-feira (25) a ministra da Saúde, Nísia Trindade, após uma breve conversa entre os dois no Palácio do Planalto. Ela será substituída por Alexandre Padilha, que deixa a Secretaria de Relações Institucionais e abre caminho para o início da reforma ministerial.

Lula se reuniu com Nísia durante a tarde e comunicou a interlocutores que efetivou a mudança.

Padilha já chefiou a pasta no governo Dilma Rousseff (PT). A saída de Nísia também reduz, ao menos por enquanto, a quantidade de mulheres na Esplanada do petista: agora, elas chefiam 9 de 38 ministérios.

Mais cedo, Nísia participou de uma cerimônia ao lado de Lula com autoridades para anunciar um acordo para a produção de 60 milhões de doses anuais da vacina contra a dengue pelo Instituto Butantan. Funcionários do ministério encheram o salão do Palácio do Planalto e aplaudiram a ministra quando sua presença foi anunciada. Ela também fez menção aos secretários da pasta.

Como a Folha antecipou na semana passada, Lula já havia avisado a aliados que substituiria a ministra. A gestão de Nísia vinha sendo alvo de queixas de integrantes do Congresso, de membros do Palácio do Planalto e do próprio presidente, que chegou a fazer cobranças pela falta de uma marca forte na área.

Ex-presidente da Fiocruz, Nísia assumiu o cargo no início do governo, com um perfil técnico. Sua atuação, no entanto, foi marcada por críticas, crises sanitárias e pela pressão do centrão para ampliar o controle sobre o orçamento da pasta.

Em 2024, ela chegou a se emocionar e deixar uma reunião ministerial após o presidente da República ter feito uma cobrança para que ela começasse a “falar grosso”. No mês seguinte, Lula fez um gesto à aliada, dizendo que ela fala “com a alma e a consciência das pessoas”.

A mudança de Nísia ocorre em um momento de baixa popularidade do governo federal. Há uma avaliação no Palácio do Planalto de que, nesse contexto, a pasta da Saúde tem potencial para apresentar e implementar políticas públicas de maior visibilidade, entre elas o programa Mais Acesso a Especialistas.

O programa promete reduzir filas e ampliar o acesso da população a exames e consultas especializadas nas áreas de oncologia, cardiologia, oftalmologia, otorrinolaringologia e ortopedia. Auxiliares de Lula apostam que, sob nova direção, essa iniciativa pode ser uma vitrine e virar uma marca da gestão petista.

As conversas sobre a reforma ministerial se arrastam há meses. Até o momento, Lula só tinha oficializado a entrada de Sidônio Palmeira na Secom (Secretaria de Comunicação Social) da Presidência. Integrantes do entorno do presidente da República dizem que as mudanças começarão primeiro com integrantes do PT e com os ministros da chamada “cota pessoal” de Lula.

Essas possíveis trocas na Esplanada ocorrem em um momento em que o petista é pressionado pelos baixos índices de popularidade de seu governo e precisa garantir sustentação política no Legislativo – também já mirando uma possível campanha à reeleição em 2026.

De um lado, é preciso garantir a governabilidade do Executivo no Legislativo, com a votação de matérias consideradas estratégicas para o Palácio do Planalto e que poderão ajudar a aumentar a popularidade da gestão. De outro, o próprio Lula sinalizou que é preciso saber quais partidos que têm assento na Esplanada seguirão apoiando o projeto no futuro, afirmando que “2026 já começou”.

Para garantir governabilidade no Congresso, o petista distribuiu ministérios para partidos de centro e centro-direita, como PSD, União Brasil, MDB, Republicanos e PP. Apesar disso, essa relação entre Executivo e Legislativo foi marcada por instabilidade nesses dois primeiros anos de gestão.

Lula também quer incluir os presidentes da Câmara, Hugo Motta (Republicanos-PB), e do Senado, Davi Alcolumbre (União Brasil-AP), nessas conversas sobre a reforma, assim como líderes e presidentes dos partidos aliados.

A cúpula da Câmara pleiteia um espaço no Palácio do Planalto, com a indicação do líder do MDB, Isnaldo Bulhões Jr. (AL), para a SRI, com a saída de Padilha. Por esse desenho, aliados de Motta também gostariam de ver o ex-presidente da Câmara Arthur Lira (PP-AL) com um assento na Esplanada.

O Ministério da Saúde também foi alvo de cobiça por integrantes do centrão, inclusive de Lira, nesses dois primeiros anos da gestão petista. Isso porque a pasta tem uma das maiores verbas da Esplanada e concentra o maior volume de emendas parlamentares.

Apesar da pressão, Lula indicou que não abriria mão de ter um petista no comando da Saúde – que, assim como o Ministério da Educação, controla áreas consideradas estratégicas para o governo.

A distribuição das emendas parlamentares pela Saúde foi alvo de queixas de integrantes do Congresso ao longo do mandato de Nísia. A cúpula da Câmara criticou o que chamava de baixa execução orçamentária da pasta.

*CATIA SEABRA, VICTORIA AZEVEDO, MATEUS VARGAS E MARIANA BRASIL/Folhapress

 

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