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O Relógio do Juízo Final, conhecido internacionalmente como Doomsday Clock, foi ajustado nesta terça (28) ao meio-dia (horário de Brasília), quando seu novo horário foi divulgado pelo Boletim dos Cientistas Atômicos.
Dispositivo é uma metáfora. O Relógio do Juízo Final foi criado em 1947 pelo Boletim dos Cientistas Atômicos da Universidade de Chicago, nos EUA, que anualmente “ajusta” seu horário -já que não há um maquinário e ele não funciona de verdade.
Grupo de cientistas calcula o novo horário do ano. Eles levam em consideração o quão próximos da destruição da humanidade estamos a partir de tecnologias que nós mesmos criamos. Originalmente, a estimativa começou a ser feita levando em consideração o risco de uma guerra nuclear após as bombas de Hiroshima e Nagasaki ao fim da Segunda Guerra.
A meia-noite marca o fim do mundo para os cientistas. Desde 2023, o relógio está mais perto das doze badaladas do que nunca em toda a sua trajetória. Com a invasão da Ucrânia pela Rússia e, no último ano, com a escalada dos conflitos entre Israel e Hamas em Gaza, o dispositivo marca 90 segundos para a meia-noite.
Estudiosos que estimam o horário do Relógio do Juízo Final são parte do Comitê de Ciência e Segurança da organização. Atualmente, 18 nomes compõem este comitê, mas um deles não participa do ajuste do relógio. Entre os participantes há ex-funcionários da Casa Branca, militares, pesquisadores na área de segurança e geopolítica, cientistas atmosféricos e até um médico especialista em doenças infectocontagiosas.
Comitê se encontra duas vezes por ano para analisar a situação do mundo. Questões como mudanças climáticas, risco nuclear, tecnologias disruptivas (como a inteligência artificial), biossegurança e conflitos armados são discutidas para decidir o horário do relógio, se uma mudança for considerada necessária. Os parâmetros foram estabelecidos pelo ex-editor do boletim, o biofísico Eugene Rabinowitch, falecido em 1973.
Horário não é alterado todo ano necessariamente, apenas quando cientistas julgam que novos fatos alteraram o risco global. Os membros do comitê ainda podem se consultar com colegas de fora da organização, mas que são experts nas suas áreas, além de membros do painel de patrocinadores do boletim, que conta com nove vencedores do prêmio Nobel de diferentes categorias.
Horário anunciado não funciona como contagem regressiva. Caso o comitê decida que faltam 80 segundos para a meia-noite, por exemplo, isto não quer dizer que a humanidade se aniquilará nos 80 segundos a partir do anúncio, mas que estamos perigosamente próximos de uma crise catastrófica e irreversível.
Relógio esteve mais distante da meia-noite em 1991. Com o fim da Guerra Fria, EUA e União Soviética assinaram o Tratado de Redução de Armas Estratégicas (Start 1), o primeiro a garantir cortes significativos nos arsenais estratégicos de armas nucleares das duas potências, o que levou o boletim a alterar o horário do relógio para 23h43 -ou 17 minutos para a meia-noite. Confira o anúncio de 2025:
Em 2025, questões como a guerra entre Rússia e Ucrânia, a escalada de conflitos no Oriente Médio entre Israel e o Eixo da Resistência financiado pelo Irã e a inteligência artificial devem ser levadas em consideração. As ameaças de invasão do Panamá e da Groenlândia pelos EUA, epidemias como a mpox na África, além de as crescentes tensões entre Venezuela, Brasil, Colômbia e Guiana também podem pesar no cálculo.
Primeiro relógio foi resultado de uma ‘encomenda’ do coeditor do boletim, o físico Hyman Goldsmith, à artista Martyl Langsdorf. Ela criou o design da capa da edição de junho de 1947 do boletim (a primeira publicada como revista científica, e não como newsletter) inspirada no sentimento de urgência a respeito das consequências da bomba atômica -daí a ideia de usar um relógio. Martyl era casada com o físico Alexander Langsdorf, que trabalhou no Projeto Manhattan na Universidade de Chicago, desenvolvendo as bombas de Hiroshima e Nagasaki.
*UOL/Folhapress
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