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CFM: Um médico é vítima de violência no Brasil a cada três horas

Da Redação*
Publicado em 22 de outubro de 2024 às 14:38

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Foto: Pixabay

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Um médico é vítima de violência enquanto trabalha a cada três horas no Brasil. A informação foi divulgada nesta terça-feira (22) pelo CFM (Conselho Federal de Medicina).

Em 11 anos, 38 mil boletins de ocorrência foram registrados por violência contra médicos no país. Os dados do CFM foram baseados em registros de boletins de ocorrência em todos os estados do Brasil e no Distrito Federal entre 2013 e 2024.

Em média, nove novos casos foram registrados por dia entre 2013 e 2024, de acordo com o CFM. A pesquisa revela, ainda, que a maior parte dos atos de agressão tem por autoria pacientes e familiares de pacientes.

Na série histórica, 2023 foi o ano mais violento para a classe. Foram 3.992 casos de violência contra médicos no ano passado – equivalendo a uma média de 11 casos por dia.

Em 2024, foram analisados apenas dados parciais. Os resultados totais para o ano poderão ser colhidos apenas em 2025.

O CFM leva em consideração registros junto à Polícia Civil de violências diversas: lesão corporal, ameaça, perturbação do trabalho, injúria, desacato, calúnia, difamação e furto.

São Paulo é o estado com maior número absoluto de agressões a médicos, segundo CFM. No levantamento, o órgão apontou para 18 mil registros de violência no estado, quase metade de todos os casos registrados no Brasil desde 2013. Vale pontuar que São Paulo tem o maior número de registros de médicos do país (26%).

Maior parte dos casos de violência (45%) registrados em São Paulo aconteceram dentro de hospitais. Na sequência, estão postos de saúde (18%), clínicas (17%), e consultórios (9%). Os outros 11% dos registros não especificam o tipo de unidade de saúde onde a violência ocorreu.
O segundo estado com mais registros de violência contra médicos é o Paraná, com 3.900 casos. Minas Gerais ocupa a terceira posição, com 3.617 boletins de ocorrência entre 2013 e 2024.

SOCO E ATAQUE COM MARTELO
Em 2023, ano mais violento da série, um médico foi agredido a marteladas no Paraná. O profissional, um homem de 57 anos, levou golpes de martelo do marido de uma paciente no dia 18 de outubro – Dia do Médico -em Irati (PR).

À época, o suspeito acusou o médico de ter, supostamente, abusado de sua mulher. Contudo, a Prefeitura de Irati informou que a acusação não foi comprovada em investigação interna. O responsável pela agressão acabou preso.

Em 2020, durante pandemia de covid-19, um paciente agrediu um médico após diagnóstico de infecção. Revoltado com o resultado, um homem de 40 anos deu um soco no rosto dele.

O profissional agredido, Igor Kazuo Onaka, relatou que o paciente também o sujou com sangue ao retirar o acesso venoso. Ao UOL, o médico relatou:

“Fui dizer a ele que se fugisse iria configurar até um crime. Nisso ele já arrancou o acesso venoso, jogando sangue para todo lado, arrancou a máscara e começou a cuspir, querendo contaminar toda a equipe. Pedi para ficar dentro da sala de novo e partiu para cima de mim, me agredindo com um soco no nariz quando começou a ser cercado pela equipe”, disse Igor Kazuo Onaka, médico agredido ao UOL.

PROTEÇÃO PARA MÉDICOS
“O médico precisa contar com condições para exercer em paz o seu ofício”, diz presidente do CFM. Em nota, José Hiran Gallo comentou que pode até haver uma subnotificação dos casos de violência, e orientou a classe a denunciar toda e qualquer manifestação de agressão.

“Os profissionais carecem de segurança física dentro das unidades. Não é apenas o patrimônio que precisa de cuidados. A garantia de condições para o exercício da atividade médica, dentre os quais a oferta de espaço seguro, é imprescindível (…) Se for necessária a presença de seguranças nos hospitais e unidades de saúde para que tentativas de agressão sejam coibidas, que o Estado tome as providências”, disse José Hiran Gallo, presidente do CFM.

O CFM alerta que os dados sobre violência contra médicos podem estar subnotificados. Isto pelo fato de a coleta de informações depender da formalização das ocorrências por meio de boletins de ocorrência nas delegacias.
Além disso, alguns estados não forneceram informações completas sobre a profissão das vítimas nos boletins de ocorrência. O CFM destacou que isso dificultou a contabilização precisa dos casos de violência contra médicos.

*UESLEY DURÃES/uol-folhapress

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