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Padroeira do Brasil: turismo religioso é vital para economia de Aparecida

Da Redação*
Publicado em 13 de outubro de 2024 às 14:30

Foto: Thiago Leon/Ascom

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As comemorações do Dia da Padroeira do Brasil movimentou mais de R$ 120 milhões em Aparecida (SP), segundo estimativa do CIET (Centro de Inteligência da Economia do Turismo), órgão da Setur (Secretaria de Turismo e Viagens de São Paulo). Só no sábado (12), a expectativa foi de R$ 40 milhões em receita direta para a cidade.

O feriado atrai romeiros e excursionistas de todo o país, que enfrentam longas horas de caminhada ou passeios bate-volta de ônibus. Mas agências de viagem, o Santuário Nacional de Aparecida e a própria prefeitura apostam em oferecer conforto e opções de lazer durante as comemorações para maximizar ganhos com turistas.

Isso porque impactos econômicos do viajante restrito à atividade religiosa tende a ser menor, de acordo com Vagner Sérgio Custódio, chefe do departamento de turismo da Unesp (Universidade Estadual Paulista) em Rosana.

“Nesse tipo de turismo estritamente religioso, o gasto é mínimo, e a ideia é não ter nenhum luxo”, diz. “O povo não vai para se divertir, ficar em bom hotel e comer bem. Vai para se penitenciar”.

A Turismo da Fé é uma das empresas que vendem pacotes, com diária em hotéis, restaurantes e passeios na cidade. A tarfia média ronda os R$ 700 para um final de semana em alta temporada em Aparecida, mas a empresa também faz peregrinações pelo exterior e cobra cerca de R$ 20 mil para temporada visitando igrejas na Europa. Agências similares ofertam pacotes de até R$ 30 mil.

Ela é uma das mais de 150 associadas à Abav (Associação Brasileira de Agências de Viagens) especializadas em turismo religioso no Brasil. O setor, que movimenta 3% das viagens nacionais, de acordo com o Ministério do Turismo, já retomou os níveis de viagens pré-pandêmicos, segundo a Abav.

Excursões de um dia, sem pernoite, ainda são maioria entre os visitantes, de acordo com Custódio, da Unesp. Mas não são suficientes para conhecer todos os pontos turísticos de Aparecida, segundo Evaldo Rodrigues, diretor da Turismo da Fé. A agência aposta em outro tipo de público, diz Rodrigues.

“As pessoas vêm, rezam, vão fazer devoção, mas depois querem passear, comer num lugar legal”, diz.

Alguns clientes evitam o dia oficial do feriado para fugir de aglomerações, usando até o feriado do 15 de novembro (Proclamação da República) para visitar a cidade, de acordo com o diretor da agência de viagem. “Eles entendem que dia 12 costuma ser lotado”.

“O público quer um pouco de conforto, sem que ele fique se sacrificando o tempo todo. Já é sacrifício caminhar longas distâncias dentro da própria cidade”, diz.

O Santuário Nacional de Nossa Senhora Aparecida, oferece circuito com mirante, museu, fachada e cúpula, com preços entre R$ 15 e R$ 25. Há também bondinhos aéreos (R$ 38 a R$ 44) e um expresso para a Cidade do Romeiro (R$ 10 por trecho).

Na Cidade do Romeiro, as opções incluem pedalinhos (R$ 15) e um trem turístico (R$ 18 por trecho). O complexo ainda oferece passeio de balsa e acesso ao Parque Três Pescadores por R$ 48 e R$ 28, respectivamente.

A expansão da gama de passeios mostra esforço empreendedor por parte da fundação que administra o Santuário, segundo João José dos Santos Júnior, doutorando em turismo pela USP (Universidade de São Paulo) que tem Aparecida como foco em pesquisa.

Mesmo não sendo responsável pela programação do Santuário, a ligação econômica da cidade de Aparecida com as celebrações têm raízes históricas. A transformação do local em polo turístico religioso remonta ao século 18, desde o começo da difusão de relatos sobre encontro da imagem de Nossa Senhora no rio Paraíba do Sul em 1717.

“O fluxo de pessoas pela antiga Estrada Real, hoje rodovia Dutra, difundiu a devoção”, diz Santos Júnior.

A instituição do feriado nacional por Getúlio Vargas em 1931 e melhorias na infraestrutura, como a pavimentação das ruas e a construção da estrada de ferro, intensificaram o fluxo de visitantes a partir das décadas de 1930 e 1940.

O comércio varejista é o setor que mais emprega formalmente na cidade, de acordo com o pesquisador. “São mais de 2.000 pessoas diretamente afetadas pelo Santuário Nacional, fora os empregos indiretos em hotéis, pousadas e restaurantes”, diz.

A cidade tem capacidade de 4.000 a 5.000 quartos, sem contar alojamentos informais, com a maioria das diárias variando entre R$ 300 e R$ 500, segundo a Abih (Associação Brasileira da Indústria de Hotéis). O Booking registrou aumento de 51% nas buscas de brasileiros para o feriado de 12 de outubro deste ano, em comparação ao ano anterior.

*LAURA INTRIERI/Folhapress

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