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A juíza Andréa Calado da Cruz, da 12ª Vara Criminal do Recife, autorizou que o avião Cessna Citation XLS, apreendido na Operação Integration, possa ser utilizado pela Polícia Civil de Pernambuco. Segundo investigações, a aeronave já pertenceu ao cantor Gusttavo Lima.
Justiça atendeu pedido do delegado Paulo Gondim, responsável pelas investigações da Integration. Além do Cessna Citation XLS, foram autorizadas as utilizações também de dois helicópteros EC 130 T2 e um avião Falcon 2000EX, estes pertencentes a casa de apostas Esportes da Sorte, também envolvida nas investigações por suposta lavagem de dinheiro.
Juíza entende que o uso das aeronaves pela polícia atende ao interesse público. “Objetivo da medida é garantir o funcionamento eficaz das atividades da Polícia Civil”, escreveu a magistrada na decisão.
O avião é de um modelo muito utilizado por empresários e celebridades. Ela foi construída pela Cessna Aircraft em 2008.
Investigações mostram que a aeronave foi vendida duas vezes. Primeiro para a Esportes da Sorte, por U$ 6 milhões (cerca de R$ 32,8 milhões) e depois para J.M.J Participações Ltda., que também a dona da casa de apostas VaideBet, por R$ 33 milhões. Segundo a polícia, as vendas configuram suspeita de lavagem de dinheiro. A aeronave foi retida pela Polícia Civil durante uma operação no aeroporto de Jundiaí, no interior de São Paulo, no dia 4 de setembro.
OPERAÇÃO INTEGRATION LEVOU A INDICIAMENTO DE GUSTTAVO LIMA
Gusttavo Lima foi indiciado por lavagem de dinheiro e organização criminosa. A investigação apura a atuação em jogos ilegais, mas a defesa do artista reafirma a sua inocência.
Indiciamento do sertanejo ocorreu no dia 15 de setembro. O inquérito diz que sertanejo virou sócio da VaideBet em julho de 2024. A empresa é uma das citadas na investigação, resultado da Operação Integration. Gusttavo Lima teria 25% de participação na companhia, mas a polícia suspeita que ele era sócio bem antes disso, o que é negado pelo cantor.
Empresa fechou contrato de patrocínio com o Corinthians no fim de 2023. Segundo o inquérito, um conselheiro contou que o presidente do clube conversou com o artista por telefone e que o mandatário afirmou -naquela época- que o sertanejo “era um dos donos da VaideBet”. A empresa hoje é alvo de outra investigação da polícia e rescindiu o patrocínio com o Corinthians.
Gusttavo Lima foi indiciado por lavagem de dinheiro e organização criminosa. Cabe agora ao MP (Ministério Público) decidir se irá denunciar ou não Gusttavo Lima à Justiça.
A Justiça de Pernambuco chegou a pedir a prisão do cantor sertanejo, que havia viajado horas antes para a Flórida (EUA). Os advogados do artista, no entanto, conseguiram derrubar o pedido na segunda instância menos de 24 horas de depois.
A LINHA DO TEMPO DA OPERAÇÃO
Operação Integration apura um suposto esquema milionário de lavagem de dinheiro de cassinos online e casas de jogo do bicho. A ação policial ganhou popularidade após a influenciadora Deolane Bezerra e sua mãe, Solange Bezerra, serem presas por suspeita de envolvimento.
Ação não mira diretamente os sites de apostas esportivas (bets), mas o uso dessas plataformas para lavar dinheiro de atividades ilegais, como o jogo do bicho. Um dos relatórios da investigação, por exemplo, diz que o site Esportes da Sorte era usado para ocultar receitas oriundas do jogo do bicho. A empresa nega irregularidades.
Os investigados ocultaram bens de origem ilícita, segundo a Polícia Civil. Carros, aeronaves, imóveis e contratos milionários de publicidade foram firmados para lavar o dinheiro oriundo de casas de aposta e de jogo do bicho. A investigação apurou que o esquema girava em torno de Darwin Henrique da Silva Filho. O empresário de 33 anos é CEO da Esportes da Sorte. Ele foi preso na operação, mas a Justiça mandou soltá-lo. A família de Darwin também está envolvida no esquema, com cada membro desempenhando um papel específico na lavagem de dinheiro, segundo a polícia.
Empresas envolvidas no inquérito tiveram bens bloqueados na casa dos R$ 2 bilhões. Aeronaves e veículos de luxo foram apreendidos durante a operação. Pessoas físicas também tiveram contas bloqueadas.
Deolane e sua mãe foram presas em 4 de setembro. O estopim da operação aconteceu quando a advogada e influenciadora recebeu voz de prisão por suspeita de integrar o grupo que opera as bets no Brasil e que teria utilizado contas bancárias suas e de terceiros para lavar o dinheiro das atividades ilegais. Sua mãe, Solange, é suspeita de repassar valores em dinheiro incompatíveis com sua renda, e também teve bens bloqueados. A Justiça revogou o pedido de prisão das duas na última semana. Ambas alegam inocência.
*GUSTAVO FREITAS E GILVAN MARQUES/UOL/Folhapress
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