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Em discurso a uma multidão de apoiadores na avenida Paulista neste sábado, 7 de Setembro, o ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) disse que senadores precisam pôr freio no ministro do STF Alexandre de Moraes e afirmou que só uma anistia aos presos dos ataques golpistas de 8 de janeiro trará pacificação ao país.
A cúpula do Senado, porém, já afastou a possibilidade de que pedidos de impeachment do ministro, principal motivação da manifestação, avancem diante da revelação de que o magistrado usou o TSE (Tribunal Superior Eleitoral) fora do rito formal para investigar bolsonaristas, feita pela Folha de S. Paulo.
No carro de som, Bolsonaro não citou o prefeito Ricardo Nunes (MDB) nem Pablo Marçal (PRTB), que chegou de surpresa ao final de sua fala. Os dois candidatos à prefeitura de São Paulo disputam os votos conservadores do ex-presidente, que formalmente apoia o prefeito, mas tem feito acenos ao seu rival.
Ele preferiu retomar um discurso antissistema, relembrando feitos da sua gestão e dizendo que foi retaliado porque “eles não estavam roubando mais”. “Se uniram e voltaram ao velho discurso de que eu queria dar um golpe de Estado, usando dispositivos da nossa Constituição”, declarou.
Bolsonaro ainda afirmou que as eleições de 2022 foram conduzidas “de forma totalmente parcial” por Moraes, a quem chamou de ditador, e pediu que a proposta de anistia avance na Câmara. “Nós conseguiremos essa anistia. Só assim poderemos começar a sonhar com pacificação”, disse.
Ele também se emocionou ao lembrar da facada que levou há seis anos, pouco antes de ser eleito, e citou o ex-presidente norte-americano Donald Trump: “Tenho certeza de que as eleições de novembro deste ano nos Estados Unidos, fazendo com que Trump volte ao poder, serão um recado para ditadores de todo o mundo”.
Bolsonaro foi declarado inelegível pelo TSE até 2030 por ataques e mentiras sobre o sistema eleitoral. O ex-presidente também foi indiciado neste ano pela Polícia Federal em inquéritos sobre as joias e a falsificação de certificados de vacinas contra a Covid-19.
Além desses casos, ele é alvo de outras investigações, que apuram os crimes de tentativa de golpe de Estado e de abolição violenta do Estado democrático de Direito, incluindo os ataques de 8 de janeiro de 2023.
Parte dessas apurações está no âmbito do inquérito das milícias digitais relatado pelo ministro Alexandre de Moraes e instaurado em 2021, que podem em tese resultar na condenação de Bolsonaro em diferentes frentes.
Na última vez que Bolsonaro discursou a apoiadores na Paulista, em fevereiro deste ano, ele estava acuado diante das investigações em torno da suposta trama golpista, por isso maneirou a tradicional agressividade contra o STF.
“O que é golpe? É tanque na rua, é arma, conspiração. Nada disso foi feito no Brasil”, disse. “Agora o golpe é porque tem uma minuta do decreto de estado de defesa. Golpe usando a Constituição? Tenha paciência”, disse o ex-presidente na ocasião, quando também pediu anistia aos presos de 8 de janeiro e disse buscar a pacificação do país.
Daquela vez, Bolsonaro discursou protegido por um colete à prova de balas e de escudos posicionados por seus seguranças, novamente ao lado de aliados como o governador Tarcísio, da ex-primeira-dama Michelle Bolsonaro, do pastor Silas Malafaia e do prefeito Nunes, que ainda buscava seu apoio.
Já no ano passado, primeiro 7 de Setembro do terceiro governo Lula (PT), Bolsonaro não convocou ato. Ele apenas postou um vídeo com imagens do desfile cívico de 2022, que mostrava uma multidão tomando as ruas de Brasília, Rio de Janeiro e São Paulo, com a legenda “Deus, Pátria, Família e Liberdade”.
O senador Flávio Bolsonaro (PL-RJ) fez o mesmo e escreveu: “Brasília, 7 de setembro de 2022! Em 2023 faltou o principal: VOCÊ, o povo!”. Neste ano, a família também buscou explorar a diferença de público na avenida Paulista para o evento oficial de Lula na capital federal.
*JÚLIA BARBON/Folhapress
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