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O presidente Lula (PT) chamou nesta quinta-feira (27) de “cretinos” os que afirmaram que o dólar subiu na véspera por causa de suas declarações.
“Vejam o que aconteceu ontem. Quando eu terminei a entrevista [ao UOL], a manchete de alguns comentaristas era que o dólar subiu pela entrevista do Lula. E os cretinos não perceberam que o dólar tinha subido 15 minutos antes de eu dar entrevista. Quinze minutos antes!”, afirmou.
“Ou seja, nesse mundo perverso das pessoas colocarem para fora aquilo que querem sem medir a responsabilidade do que vai acontecer, é muito ruim”, disse Lula durante reunião do Conselho de Desenvolvimento Econômico Social Sustentável, o chamado Conselhão, no Palácio do Itamaraty.
O petista deu uma entrevista ao UOL nesta quarta-feira (26). No mesmo dia, o dólar registrou alta de 1,16% e fechou cotado a R$ 5,518 maior valor nominal desde 18 de janeiro de 2022.
Como mostrou a Folha de S.Paulo, o movimento foi acelerado por falas do presidente, que colocou em dúvida a necessidade de efetuar um corte de gastos para melhorar o equilíbrio fiscal do governo durante a entrevista.
“O problema não é que tem que cortar. Problema é saber se precisa efetivamente cortar ou se precisa aumentar a arrecadação”, disse Lula ao UOL.
Lula ainda acrescentou que seu governo está fazendo uma análise sobre se está havendo “gasto exagerado”, mas que isso está sendo feito “sem levar em conta nervosismos do mercado”.
Embora tenha sido um dia de avanço generalizado da moeda americana ante outras divisas no exterior, o real foi a que mais se desvalorizou, na comparação com outras divisas.
Nesta quinta, porém, o presidente reclamou da relação entre a alta da cotação do dólar e suas declarações.
“Quem estiver apostando em derivativo vai perder dinheiro nesse país. As pessoas não podem ficar apostando no fortalecimento do dólar e no enfraquecimento do real. Eu já vi isso em 2008. Quem não lembra a quantidade de empresas que quebraram?”, disse Lula nesta quinta.
O presidente deu a declaração após dizer que trabalha para que a inflação no país seja baixa, mas que não é possível pensar só “em macroeconomia”, mas em “microeconomia” também.
“Eu rogo, eu peço que eu trabalhe para que a inflação seja baixa. Mas eu também rogo e peço para que a gente possa melhorar a vida do povo mais pobre desse país”, afirmou o presidente.
Depois, Lula afirmou desejar que o Brasil seja um país de “classe média” e que não quer o país parecido com “Rússia” ou “Cuba”.
“Vocês acham que eu quero um país igual à Rússia? Vocês acham que eu quero um país igual a Cuba? Não. Eu quero um país com um padrão de vida igual à Suécia, à Dinamarca, à Alemanha. É esse país que eu sonho para a classe trabalhadora brasileira.”
*JULIA CHAIB E RENATO MACHADO/folhapress
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