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O Brasil registrou um número recorde de incêndios florestais de janeiro a abril, com mais de 17 mil identificados, mais da metade deles na amazônia.
O MMA (Ministério do Meio Ambiente e Mudança do Clima) atribuiu o aumento das queimadas aos efeitos das mudanças climáticas, que agravam as secas. Em diversas regiões, os incêndios são uma técnica amplamente utilizada pelo agronegócio para abrir pastagens e áreas para plantação.
No total, foram registrados 17.182 incêndios nos primeiros quatro meses de 2024, segundo imagens de satélite do Inpe (Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais) disponibilizadas nesta quinta-feira (2). O número representa um aumento de 81% em relação ao mesmo período de 2023.
A quantidade de incêndios é sem precedentes para esse período desde que os dados começaram a ser compilados, em 1998.
O recorde anterior era de 2003, quando ocorreram 16.888 incêndios de janeiro a abril.
Na amazônia brasileira, que abriga mais de 60% da maior floresta tropical do planeta, o Inpe contabilizou 8.977 incêndios de janeiro a abril, o maior número desde 2016. Os dados representam um aumento de 153% em relação ao mesmo período do ano passado.
Entre os estados da Amazônia Legal, Roraima puxou a alta nos números, com 4.609 incêndios computados de janeiro a abril de 2024. Em segundo lugar, vem Mato Grosso, com 4.131 focos, seguido por Pará (1.058), Maranhão (809), Tocantins (522), Amazonas (368), Rondônia (214), Acre (25) e Amapá (6).
A segunda área mais atingida pelo fogo no período foi o cerrado, com 4.575 incêndios -um crescimento de 43% em relação ao período de janeiro a abril de 2023.
O governo Lula (PT) conseguiu reduzir pela metade o desmatamento na amazônia em seu primeiro ano de mandato, em 2023, após uma disparada durante a gestão de Jair Bolsonaro (2019-2022).
Mas a situação dos incêndios continua alarmante.
“Os incêndios florestais no Brasil e em outros países da região, como Chile e Colômbia, são intensificados pela mudança do clima e por um dos El Niños mais fortes da história, que causou estiagens prolongadas em diversas áreas da amazônia em 2023”, afirmou o ministério do Meio Ambiente em nota.
“O grave aquecimento registrado nos últimos meses provocou mudanças de padrão, como o avanço do fogo para áreas de vegetação nativa”, acrescentou.
Para o Observatório do Clima, rede que reúne mais de cem entidades socioambientais, o dado do primeiro quadrimestre é preocupante, “uma vez que a estação seca na amazônia, no cerrado e no pantanal está apenas começando”.
“[A disparada] sugere que os impactos da seca extraordinária de 2023 ainda perduram e que a estação chuvosa de 2023/2024 não foi suficiente para umedecer o solo e impedir o fogo”, observa o grupo de ONGs, em comunicado.
“As queimadas estão batendo recordes mesmo com os alertas de desmatamento em queda no cerrado e na amazônia nos primeiros meses do ano, o que sugere influência do clima. Se o governo não tomar medidas amplas de prevenção e controle, teremos uma catástrofe nos próximos meses”, diz Marcio Astrini, secretário-executivo do Observatório do Clima.
“Precisamos de uma ampla mobilização da União e dos governos estaduais, além de resolver a greve hoje instalada em órgãos ambientais, como o Ibama. Mas, infelizmente, o quadro que se desenha é de uma prorrogação indefinida da greve, já que o atual governo preferiu dar aumento à corporação que tentou impedir sua eleição do que aos servidores que entregam um dos seus principais resultados”, comenta ainda Astrini, em referência a reajuste dado à PRF (Polícia Rodoviária Federal), categoria identificada com o bolsonarismo.
* SÃO PAULO, SP (FOLHAPRESS)
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