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O presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) falou nesta quarta-feira (10) que a ministra Esther Dweck (Gestão e da Inovação em Serviços Públicos) está “fervilhando de problemas”, por suas negociações com servidores públicos, que vêm pressionando por reajustes salariais. O petista, porém, defendeu o direito à greve: “Não tenho moral para falar contra greve, nasci das greves”, disse.
A fala se deu ao cumprimentar a titular da pasta, além de outros ministros que estavam na plateia da cerimônia de lançamento do Minha Casa, Minha Vida Entidades e Rural, no Palácio do Planalto.
“Ela [Esther] está fervilhando de problemas. Acho até que não devia ter deixado ela vir para cá, devia ficar negociando antes que a gente receba de presente as greves”, disse, arrancando risos da plateia.
“A gente pode até não gostar, mas [greves] são direito democrático dos trabalhadores. Não tenho moral para falar contra greve, nasci das greves. Então sou obrigado a reconhecer”.
Em outro momento de seu discurso, Lula disse ser democrata e lembrou de quando era líder sindical e disse que nasceu xingando empresário, mas que depois sentava à mesa de negociação. E que começava radical, pedindo tudo ou nada, mas que aprendeu que um bom acordo “vale muito para consolidar a democracia”.
Lula disse que, ao invés de pedir 100%, tinha 50%, 40%.
Nesta manhã, Esther Dweck chegou a convocar uma reunião da JEO (Junta de Execução Orçamentária) para discutir no Planalto reajuste. O encontro, contudo, não ocorreu, porque Rui Costa (Casa Civil) e Fernando Haddad (Fazenda) foram chamados para uma reunião com Lula.
Pouco antes do evento no Planalto, Haddad afirmou na Fazenda a jornalistas que a reunião da JEO foi convocada a pedido da ministra com o objetivo de verificar o espaço orçamentário para atender às demandas da pasta referentes ao funcionalismo público, investimento e inovação.
“Tem três cenários que ela [Dweck] nos apresentou, e ela vai mandar para a gente a memória de cálculo para nós trabalharmos e devolvermos para a Casa Civil ainda hoje [quarta]”, disse Haddad. O ministro teve apresentação de técnicos sobre o tema, mas a reunião com ministros deve acontecer ainda nesta quarta.
O programa da cerimônia nesta quarta foi lançado no ano passado e o governo anuncia nesta quarta 2.105 propostas aprovadas para o MCMV Rural e 443 para o Entidades. O investimento previsto é de R$ 11,6 bilhões para atender mais de 440 mil pessoas em áreas urbanas e rurais.
Serão atendidos, neste programa, famílias de movimentos de luta por moradia, quilombolas e indígenas. A cerimônia contou a presença de grupos de movimentos sociais, que fazem parte da base do presidente Lula.
GREVES
Funcionários dos institutos federais cruzaram os braços no começo do mês e prometem paralisar até mesmo programas sociais executados pelas instituições. Professores do ensino superior, por sua vez, aprovaram indicativo de greve a partir de 15 de abril. Técnicos das universidades já estão em greve desde 11 de março.
O Fonasefe (Fórum das Entidades Nacionais dos Servidores Públicos Federais) convocou para 17 de abril uma marcha nacional em Brasília.
Outras carreiras fazem paralisações pontuais, atuam em “operação-padrão” (rotina de maior burocracia, com impacto negativo no tempo dos serviços) ou promovem ações de mobilização. A lista inclui servidores do Banco Central, do Tesouro Nacional, da Receita Federal, da CVM (Comissão de Valores Mobiliários), analistas de comércio exterior e membros de carreiras ambientais (como ICMBio e Ibama).
O Ministério da Gestão e Inovação conta com a liberação de um crédito extra de até R$ 15 bilhões a partir de 22 de maio para conseguir aplacar as demandas do funcionalismo. Por isso, as conversas tinham esfriado, e havia uma expectativa de retomá-las entre o fim de maio e o início de junho.
Agora, em meio ao movimento grevista e da pressão pela retomada das negociações, o governo articulou na Câmara a aprovação de um projeto que, na prática, permite antecipar a abertura desse crédito. O texto ainda precisa do aval do Senado.
*MARIANNA HOLANDA E NATHALIA GARCIA/Folhapress
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