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Arcebispo Metropolitano da Paraíba.
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O Natal anuncia, a cada geração, a mais bela e desconcertante verdade da fé cristã: Deus ama a humanidade e vem ao seu encontro. Esse amor não se manifesta em palácios ou cenários de poder, mas na simplicidade de um estábulo.
O Filho de Deus desce do céu e escolhe a pobreza para nos revelar que o amor divino nos alcança em qualquer lugar, especialmente onde a vida parece frágil e desprovida de beleza.
Ainda hoje, neste tempo santo do Natal, a Igreja proclama com alegria: “Hoje nasceu para nós o Salvador, que é Cristo, o Senhor” (cf. Sl 95). Essa boa-nova permanece viva diante de nossos olhos, iluminando também o início de um novo ano que desejamos confiar inteiramente a Deus. Sabemos que nada podemos realizar sem o seu amparo fiel. O nosso tempo, o nosso futuro e a nossa vida pertencem ao Senhor.
Imersos no mistério do Natal, erguemos o presépio em nossas casas, nas comunidades e até nos ambientes de trabalho. Ele não é um simples adorno, mas um convite profundo à contemplação. Como recordava o querido Papa Francisco, na Carta Apostólica Admirabile Signum, o presépio nos convida a “sentir” e “tocar” a pobreza que o próprio Filho de Deus escolheu para si na Encarnação.
Trata-se de um chamado silencioso, porém exigente, a seguir o caminho da humildade, do despojamento e da misericórdia. Um caminho que começa na manjedoura de Belém e conduz até a Cruz, passando pelo encontro concreto com os irmãos mais necessitados (cf. Mt 25,31-46).
Este é o itinerário espiritual que o Natal nos propõe para o novo ano: uma vida simples, marcada pela humildade e pela misericórdia recíproca. Não ignoramos o quanto essa proposta contrasta com a cultura dominante, marcada pela ostentação e pela ditadura das aparências. Contudo, como cristãos, somos chamados a organizar nosso tempo e nossas escolhas a partir da cultura do encontro, da escuta e da atenção amorosa aos que sofrem, sobretudo aos pobres e feridos da história.
O Evangelho do Natal nos pede essa doce exigência: viver de modo simples para que a paz possa florescer entre os homens.
O Natal do Senhor é, antes de tudo, um mistério de amor. Um amor que não se conteve nas alturas do céu, mas se fez próximo, concreto e vulnerável. Naquele estábulo de Belém, onde reinavam a precariedade e a pobreza humana, Deus instaurou a ordem do amor e da beleza interior. Quando o amor encontra espaço em nossas vidas, tudo começa a reencontrar o seu verdadeiro lugar.
O Natal também nos ensina a não temer os fracassos. Eles fazem parte da condição humana e podem tornar-se ocasião de aprendizado e redenção. À primeira vista, a Encarnação parece um fracasso: Deus feito criança, dependente, rejeitado pelas estruturas do mundo. No entanto, foi justamente ali que Deus triunfou.
No aparente fracasso da carne humana, Ele realizou a vitória do amor. Por isso, não caminhemos com medo. O Senhor está conosco, mesmo quando parece distante ou silencioso, como um Menino que dorme. O Emanuel, o Deus-conosco, jamais nos abandona.
Como proclama o profeta: “Alegrai-vos e exultai, ó ruínas de Jerusalém, porque o Senhor consolou o seu povo” (Is 52,9). E, nesse caminho, contamos ainda com o amparo maternal da Virgem Maria. Ao celebrarmos sua memória como Mãe de Deus, no primeiro dia do ano, pedimos que ela nos tome pela mão e nos conduza à contemplação do Menino Jesus, Príncipe da Paz.
Que, por sua intercessão, o dom tão urgente da paz seja concedido a nós e ao mundo inteiro.
Atenção: Os artigos publicados no ParaibaOnline expressam essencialmente os pensamentos, valores e conceitos de seus autores, não representando, necessariamente, a linha editorial do portal, mas como estímulo ao exercício da pluralidade de opiniões.
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