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Bispo Emérito de Palmares-PE.
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Por estar inserido no calendário pastoral da Igreja católica no Brasil, o mês de agosto enriquece a vivência vocacional, considerando a significação do conceito de vocação e a abrangência da forma de experimentá-la e de testemunhá-la. Com efeito, a partir da perspectiva bíblica ou de uma leitura sociológica, a compreensão do que seja vocação está sempre relacionada com o modo de ser, de viver, de se realizar e de agir de todo vocacionado. Assim, importa entender-se logo a natureza dessa comemoração pastoral: “A vocação comum de todos os discípulos de Cristo é vocação à santidade e à missão evangelizadora.”
A vocação à santidade é inerente à condição de quem recebeu o Sacramento do Batismo. Cabe ao cristão, no curso de sua vida, alimentar essa vocação à santidade, num processo contínuo de santificação. Santidade: “é a qualidade ou característica de quem pode ser considerado santo, ou seja, dotado de virtudes, inocência, piedade e pureza.” “A santidade não é o fruto do esforço humano, que procura alcançar a Deus com suas forças, e até com heroísmo; ela é dom do amor de Deus e resposta do homem à iniciativa divina.” Essa resposta humana acontece mediante a busca da santificação que “é o processo de tornar algo ou alguém santo, ou seja, que possui santidade.”
A doutrina da Igreja é muito clara a esse respeito, ao ensinar que a vocação à santidade é inerente à condição dos homens e mulheres que renasceram das águas do Batismo, por isso são chamados santos nos Atos dos Apóstolos e nas Cartas de São Paulo.
Em cada semana do mês vocacional, a comunidade é motivada a refletir, rezar e apoiar, na forma pertinente, as pessoas que estão em processo de discernimento ou já vivenciam sua vocação. Na primeira semana, contempla-se a vocação ao ministério ordenado – diácono, presbítero e bispo. Por razões óbvias, o processo de santificação, necessariamente, deve conduzir o ministro ordenado ao cultivo da santidade, de conformidade com o grau recebido do Sacramento da Ordem. “Os santos nunca nascem prontos. […] Todo santo é um homem antes de ser santo; e um santo pode ser feito de todo tipo de homem.” Na segunda semana, tem-se presente a vivência matrimonial, com especial atenção à família e com particular destaque para a paternidade, em razão da comemoração do Dia dos Pais, tudo vivido e celebrado dentro da programação da Semana Nacional da Família, entre os dias 11 a 17, que, em 2024, tem como tema “Família e Amizade”. A terceira semana é dedicada à Vida Consagrada de homens e mulheres chamados “a viver a radicalidade da missão batismal.”
O Papa Francisco tem uma palavra apropriada em relação a essa vocação: “Não tenhais medo de mostrar a alegria de ter respondido à chamada do Senhor, à sua escolha de amor e de testemunhar o seu Evangelho no serviço à Igreja. E a alegria, a verdadeira alegria, é contagiosa; contagia… faz ir em frente.” Na quarta semana de agosto, à luz da Sagrada Escritura e do ensinamento do Magistério, a Igreja no Brasil se volta para a vocação dos leigos e leigas. Esse é o ensinamento de São João Paulo II na Exortação Apostólica Pós-Sinodal Chistifideles Laici: “Ide vós também.”
A chamada não diz respeito apenas aos Pastores, aos sacerdotes, aos religiosos e religiosas, mas estende-se aos fiéis leigos: também os fiéis leigos são pessoalmente chamados pelo Senhor, de quem recebem uma missão para a Igreja e para o mundo. Lembra-o S. Gregório Magno que, ao pregar ao povo, comentava assim a parábola dos trabalhadores da vinha: “Considerai o vosso modo de viver, caríssimos irmãos, e vede se já sois trabalhadores do Senhor. Cada qual avalie o que faz e veja se trabalha na vinha do Senhor’.”
Quando há cinco semanas em agosto, reconhecendo, claramente, a importância do serviço da catequese na ação evangelizadora e na prática pastoral, a Igreja comemora o Dia do Catequista. Na realidade, a catequese está presente na ação da Igreja, desde os primórdios, do primeiro anúncio, o querigma, à atualidade, com expressões contextualizadas, no tocante ao conteúdo doutrinário do mistério de Cristo, às formas didáticas de sua transmissão e aos recursos metodológicos de sua explicitação. O lugar da catequese e o ofício do catequista foram formalmente valorizados e reconhecidos, recentemente, pela Igreja, através da Carta Apostólica do Papa Francisco, em forma de Motu Proprio, Antiquum Ministerium, que instituiu o Ministério do Catequista.
Como se constata nas comunidades, o serviço da catequese é exercido, preponderantemente, pelos leigos, como reconhece o Papa: “O apostolado laical possui, indiscutivelmente, valor secular.” E, em relação à natureza desse ministério, ele escreveu, com toda clareza: “Este ministério possui um forte valor vocacional, que requer o devido discernimento por parte do Bispo e se evidencia com o rito de instituição.”
Vocação é sempre entendida como chamado de Deus – à vida, à santidade, ao serviço – que supõe e exige resposta livre, consciente, responsável, quaisquer que sejam as formas de adesão, conforme as vivências pastoralmente celebradas no mês de agosto e muitas outras, conhecidas ou guardadas no baú das “coisas novas e velhas.” (Mt 13,52)
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