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O autor é economista, advogado, professor da Universidade Estadual da Paraíba e membro da Academia de Letras de Campina Grande.
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Recentemente a Igreja Católica elegeu o sucessor do Papa Francisco, tendo recaído a escolha no Cardeal Robert Francis Prevost, que se tornou o Papa Leão XIV. É o 267º papa da Igreja. De origem americana é naturalizado peruano.
Circula na internet que o Brasil já teve um cardeal escolhido para ser papa. Trata-se do cardeal Dom Aloísio Lorscheider, que foi arcebispo de Fortaleza e depois arcebispo de Aparecida. Ele foi nomeado cardeal pelo Papa Paulo VI em 1976, tendo sido presidente da Conferência Nacional dos Bispos do Brasil – CNBB e do Conselho Episcopal Latino-Americano – CELAM.
Em 1978, tendo falecido o Papa João Paulo I, durante o conclave dos cardeais para eleger o novo papa, Dom Aloísio Lorscheider, que à época era arcebispo de Fortaleza, foi o primeiro a receber os dois terços dos votos necessários para ser eleito papa. Como se sabe, para ser eleito papa basta apenas que o cardeal escolhido tenha dois terços dos votos dos cardeais eleitores.
Ocorreu, porém, que ao ser consultado, Dom Aloísio Lorscheider não aceitou o cargo, alegando problemas de saúde. Ele havia passado por uma cirurgia recente e portava 8 pontes de safena. Com receio de que não pudesse conduzir a Igreja por muito tempo, a exemplo do Papa João Paulo I, que a liderou por apenas 33 dias, ele recusou a sua escolha.
O jornalista americano Tadeusz (Tad) Szulc, ligado ao The New York Times, falecido em 2001, escreveu o livro Papa João Paulo II – A Biografia e nele relata que o conclave chegou a um impasse, tendo Dom Aloísio Lorscheider mobilizado nos bastidores os cardeais latino-americanos e africanos para que a escolha se desse sobre o nome do cardeal polonês Karol Wojtyla, que sendo eleito tornou-se o Papa João Paulo II.
Dom Aloísio Lorscheider que era neto de alemães, nascido em Estrela, no Rio Grande do Sul, faleceu em 2007 na cidade de Porto Alegre, com 83 anos de idade, após quase um mês de internação hospitalar, com falência múltipla dos órgãos. Ele faleceu 2 anos depois do Papa João Paulo II, que dirigiu a Igreja por 26 anos até sua morte ocorrida em 2005.
Assim, o Brasil deixou de ter um papa ocupando o trono petrino da Igreja. Quem sabe se Dom Aloísio Lorscheider, tendo sido eleito papa e tivesse aceitado o cargo, pela grande influência que exercia na Igreja da América Latina, não tivesse contribuído significativamente para a vida da própria Igreja e, muito especialmente, para a Igreja do Brasil?
Como dizemos que Deus é brasileiro, com um papa brasileiro seria possível que muita coisa viesse a ser diferente dentro da Igreja, porque o jeitinho brasileiro sempre encontra a melhor solução.
De qualquer forma, a recusa do cardeal em ser papa foi um momento muito emblemático na história da Igreja, restando aos brasileiros o consolo de que estivemos muito perto de termos um papa, ou melhor, que tivemos um papa eleito que por vontade própria não o quis ser oficialmente.
Atenção: Os artigos publicados no ParaibaOnline expressam essencialmente os pensamentos, valores e conceitos de seus autores, não representando, necessariamente, a linha editorial do portal, mas como estímulo ao exercício da pluralidade de opiniões.
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