Um empreendedor visionário

Apresentar uma perspectiva diferente para a sua empresa ou o seu território é viajar pela criatividade, para vivenciar possibilidades fora do imaginário das pessoas. É poder ter grandes ideias, mesmo não tendo ainda um grande orçamento.

Fazer uma gestão criativa nas empresas e nos territórios é um estilo de gestão que coloca as pessoas em primeiro lugar, numa relação de confiança mútua, dedicação, ética e colaboração.

Para atuar no território e transformá-lo em um destino turístico é necessário enxergar os valores culturais como tendências, que não perdem a validade com o tempo, enquanto outras sem autenticidade, desaparecem na sua insignificância.

A ousadia com que nos apropriamos de nossas identidades é um dos caminhos para fortalecer o sentimento de pertencer a uma comunidade. É a melhor versão de nós mesmos. Nossas identidades culturais são construídas ao longo do tempo, com memória afetiva, pertencimento e ancestralidade, por isso não podem ser destruídas pela crescente xenofobia, que é o preconceito contra pessoas de outras nacionalidades, culturas ou etnias.

Como identificar em cada território os empreendedores bem-sucedidos? Basta prestar atenção e perceber o quanto eles são observadores, curiosos, criam ideias inusitadas, refletem sobre as mudanças e seguem em frente. Nas minhas visitas técnicas pelo estado da Paraíba, tenho conhecido empreendedores da iniciativa privada, que encontram na atividade turística, novas maneiras de dividir o seu conhecimento.

Faz parte das megatendências a busca por experiências mais simples, que ofereçam sentimentos de afetividade e relações de confiança. A preservação da nossa história e os bons tempos que ela representa, faz parte da simplificação estratégica, que em muitos casos é a opção preferida das pessoas, que estão procurando momentos de reflexão, fora da rotina estressante. São viajantes que buscam produtos e experiências humanizadas que possam tocar e sentir, que priorizam a empatia e a criação de conexões significativas.

É com esse olhar que a equipe do SEBRAE, em parceria com o Governo do Estado, avança na interiorização do turismo em todos os municípios paraibanos. Destaco a última visita que fizemos ao Castelo Medieval da Torre, no município de Massaranduba.

O empreendedor Vicente de Paulo é um visionário, filho de um agricultor pobre, mas muito inteligente. Ele fez Vicente não seguir os passos dele e querer estudar. Com graduação, doutorado e pós-doutorado, Vicente é professor da UFCG, um pesquisador, que escreve artigos científicos e apresenta em conferências internacionais.

Numa das conferências na Europa, foi até Londres, para conhecer o Castelo de Leeds, em Kent, Inglaterra, a cerca de 40 milhas a sudeste de Londres. Essa visita foi a inspiração para ele construir o Castelo da Torre, para inicialmente, passar finais de semana com a família. Há cinco anos o Castelo está pronto, com réplicas de obras de arte, da deusa da beleza a Vênus de Milo e em breve, a sétima réplica da obra-prima mais conhecida de Michelangelo, que é, sem dúvida, a Pietà, uma escultura que representa a Virgem Maria segurando o corpo de Jesus após a crucificação.

Para Vicente, a visita dos consultores do SEBRAE, traz uma nova estratégia de negócio, voltada para as experiências do turismo e dos eventos, em uma edificação que remete os visitantes ao período medieval.  Próximo ao Castelo da Torre, o empreendedor já construiu o restaurante, para turistas e visitantes que buscam a experiência gastronômica, a experiência temática de um Castelo Medieval, com a carruagem, a pescaria, o arco e flecha e outros esporte medievais, sempre com o monitor para acompanhar as experiências.

O Castelo já dispõe de fantasias para alugar aos turistas que queiram vivenciar uma experiência da Idade Média. Me senti “rainha” por um momento, com o traje da época, circulando pelos jardins do Castelo, em uma “biga romana”, puxada por um cavalo e um “cocheiro”, denominação dada a quem conduzia a carruagem. Em breve é possível ter um dia de experiência no Castelo da Torre e havendo demanda, até dormir no empreendimento, para os turistas se sentirem reis ou rainhas por uma noite.