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Elizabeth Marinheiro

Elizabeth Marinheiro

Escritora e membro da Academia de Letras de Campina Grande.

Tessituras

Por Elizabeth Marinheiro
Publicado em 17 de setembro de 2023 às 21:10

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Ali e alhures já se tornou lugar comum apógtema “se queres ser universal pintas primeiro tua província”. Vários jornalistas paraibanos distanciam-se desse modus-operandi e oxigenam seus textos com sentidos mais exemplares.

Thomas Bruno Gaudencio vem se dedicando à crônica de memória com a limpidez do coloquial. Na cidade Serra Branca visita o Instituto Histórico e a rádio Serra Branca. Seu amor à terra natal revela´-se no reencontro com amigos, na carne-sol das barracas e restaurantes, nas lonas descortinadas ao vento.

Passear no seu Mundo – Sertão, sob água chuvosa e sol ardente, é tão importante quanto uma conversa com o historiador Sérvio Túlio. Senta-se na Praça da Matriz e contempla jovens brincadeiras como se cantasse “ciranda, cirandinha”: jogos de bozó, churrasco bem sertanejo, refresco de laranja são flagrados como presentes ao lirismo de Bruno.

No seu caminhar, a visão desdobra-se diante de sabores, cheiros e potes de barro; escuta os sons do triângulo, o ronco da zabumba, o toque da viola que metonimizam Jackson do Pandeiro porque ele, semelhantes ao bar de “Zé Rato, não eixste mais.

Thomas Bruno e a cidade – texto numa pandeirada saudosa! (A UNIÃO, 02/09/2023).

Rui Leitão, em indiscutível artigo, traz à tona o trucidamento da fala e da escrita durante o “generalato” ditatorial. Exilio dos artistas, prisões dos idealistas, tortura e assassinato dos indefesos. Orfandade coletiva. Mãos atadas.

Trancafiado, o Congresso Brasileiro; parlamentares cassados. Cetano, Chico Buarque e outros ídolos buscam abrigo na Europa. Rui Leitão enfatiza “O discurso que mudou a História no Brasil”; de fato, a bravura de Márcio Moreira Alves anunciou o “CENSURA NUNCA MAIS” e já com a anistia soberana, Rui relembra a ação de Bonifácio de Andrade.

Acrescentamos uma passagem: ao ser preso num certo quartel militar, em João Pessoa, o talentoso e irreverente poeta Orlando Tejo foi indagado: “Você porta armas” Orlando responde: sim, Senhor, ei-la aqui E apresentou sua caneta. Que dizer mais, perguntamos nós.

A literatura também pode dizer muito no pouco. O latifúndio ditatorial no Brasil nos aproxima dos contos de Tchekhov sugerindo “dramas numa caçada”: Nos prenúncios da revolução russa, milhões de homens degredados. O cidadão democrata e o escritor humanista, frente aos desmandos, perseguições e conflitos acreditou na “multidão tola” que, nos seus textos, é astuta e pode compreender tudo.

As caçadas ainda não foram extintas mas, não é preciso fugar para “Sacalina”.

Samuel Amaral acaba de lançar dissertação da mestrado em tempo mais que oportuno. Convivemos com seu protagonista, integrante do governo Ernani Sátiro e indepedente na sua ação jornalística, polemizou estruturas sociais, políticas econômicas; até mesmo a imprensa “ao calor da hora” foi zombada por ele. Realmente Biu Ramos (Severino Ramos Pedro da Silva) significa a superação dos preconceitos e é um dos pioneiros na luta contra o racismo.

Defendeu o movimento “Ligas Camponesas” juntamente com Ofélia Amorim, Agassiz Almeida, Isa Guerra, Figueiredo Agra etc. Faltou-lhe raciocínio lógico no momento em que censurou o Reitorado/Linaldo Cavalcanti de Albuquerque.

Linaldo foi um dos melhores reitores da Universidade Federal da Paraíba; privilegiou o elenco docente com nomes locais e visitantes; descentralizou o comando central, estendendo-o aos vários municípios da Paraíba e ao Departamento de Letras/UFPB com a instalação do Núcleo de Estudos Linguísticos e Literários / NELL, em Campina Grande. Por sua ação administrativa, mereceu a confiança e o apoio do governo federal, tendo sido, a meu ver, um dos diretores do CNPq e do “fundo amazônico”.

É necessário, igualmente, que se escreva acerca das PRÓ-REITORIAS instaladas pelo Reitor Linaldo Cavalcanti de Albuquerque.

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