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Jornalista, professor universitário, escritor e membro da Academia de Letras de Campina Grande.
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Quando a prefeitura de Várzea Alegre – CE, através da Secretaria de Cultura, resolveu homenagear Babinski, este ano, no Barracão Cultural, durante a Festa de Agosto, a Lídia (esposa do artista) comentou comigo: “Querem levar o Babinski para o Barracão, mas é impossível, não tem condições de botar esse homem desse tamanho dentro de um carro, levar essa cadeira de roda, atravessar aquele mar de gente, barraca, bêbado, aquela muvuca toda…. O Babinski não vai. Ponto”.
Eu super compreendi a preocupação dela com o esposo de 94 anos. Até comentei que se fosse em um museu, poderia até dar certo. Ou seja, eu tinha certeza de que Babinski não iria nem para as homenagens no Barracão, e muito menos ao lançamento de meu livro. E de fato o polonês não esteve durante a abertura do local na última quinta-feira. Ele foi representado pela esposa que leu a mensagem “ditada” pelo artista plástico em agradecimento pelas homenagens, mas o polonês ficou em casa.
Ontem, horas antes do lançamento do meu livro sobre o Babinski, fiz o dever de casa como manda o protocolo: estive na casa dele, apresentei o resultado do meu trabalho ao artista e, claro, nem tive coragem de convidá-lo para o lançamento no Barracão, sabendo que a resposta seria um sonoro NÃO. Mas Babinski não é um homem previsível.
Depois de muito me agradecer pelo trabalho, olhou para Lídia e para mim e disse: “eu quero ir ao lançamento do livro do Jurani”. Nessa hora eu chorei mais uma vez porque já tinha me emocionado com tudo que tinha ouvido sobre o livro: “tá muito bonito”, “gostei muito”, “parabéns”, “Uma verdadeira pesquisa”, “você revelou segredos de família”… pra mim tudo isso já bastava.
Mas o “caboclo polonês” me surpreendeu pela enésima vez e mesmo com as várias perguntas de Lídia “tem certeza, Maciej?”, “É sério?”, “Você quer ir mesmo?”…. Ao que ele respondia irredutível e afirmativamente. “Sim, eu quero, não já disse”.
E para minha surpresa, o artista plástico chegou ao local do lançamento bem antes de mim. Quando entrei no Barracão avistei, de longe, a Lídia empurrando a cadeira de rodas com o esposo sentado e, como previsto, sendo abordada por centenas de pessoas que até então só sabiam que Babinski existia em Várzea alegre através das fofocas, mas que nunca tinham visto o polonês em carne e osso. Babinski deixou de ser uma miragem. Babinski passou a existir de verdade.
Quando ele me viu, abriu um largo sorriso verdadeiro de agradecimento e eu, que estava todo emoção, quase me ajoelho aos seus pés.
Toda minha família conheceu Babinski. Prefeito, vereador, senador da república, deputados, gentes simples de Várzea Alegre, todos pararam um pouco para reverenciar o nosso “caboclo cearense”.
As crianças simplesmente paravam ao lado da cadeira de rodas dele e mandavam fazer fotos. Por mais de duas horas o “Meu Vizinho Babinski” esteve ali, ao lado da mesa onde sua biografia estava sendo lançada.
Babinski foi a atração da noite. As pessoas conheceram Babinski, agradeceram a Lídia por ela ter trazido o polonês para o Ceará e a mim pela ideia do livro. Até a viúva de Zé Clementino passou por lá e me disse em tom de ciúmes: “você agora só quer saber de Babinski né?”
Quando cheguei em casa eu estava morto de cansado, sem tempo nem cabeça para nada. Feliz com tudo que aconteceu, com a presença da minha família (mãe, irmãos, sobrinhos, afilhados. Cunhados, primos….), pessoas queridas que torcem por mim….
Enfim, quero dizer que vocês foram fundamentais.
Obrigado a todos. Obrigado Várzea Alegre. Obrigado família. Obrigado Lídia e Babinski.
“Em Várzea Alegre eu me encontrei com a Polônia”, disse Babinski. E ontem a Várzea Alegre finalmente se encontrou com o polonês”.
Vida longa, mestre.
Com carinho!
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