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Benedito Antonio Luciano

Benedito Antonio Luciano

Professor Titular aposentado do Departamento de Engenharia Elétrica da Universidade Federal de Campina Grande (UFCG).

Sem Lei e Sem Alma

Por Benedito Antonio Luciano
Publicado em 5 de novembro de 2025 às 8:21

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O filme Sem Lei e Sem Alma (Gunfight at the O.K. Corral, 1957), dirigido por John Sturges, é um dos grandes clássicos do faroeste americano. Inspirado em fatos reais, o longa-metragem retrata o lendário confronto ocorrido em 1881, em Tombstone, no Arizona, entre o delegado Wyatt Earp e seus irmãos Virgil e James, ajudados pelo dentista, jogador e pistoleiro Doc Holliday, contra os fora da lei conhecidos como a gangue da família Clanton.

Com um elenco estrelado por Burt Lancaster (como Wyatt Earp) e Kirk Douglas (como Doc Holliday), o filme tornou-se uma das representações mais marcantes do Velho Oeste, ao misturar ação, drama e mitologia heroica.

A narrativa gira em torno da relação entre Earp e Holliday — dois homens moralmente opostos, mas unidos pela necessidade e pelo respeito mútuo. Wyatt Earp é o símbolo da lei, do dever e da retidão, sendo um homem determinado a restaurar a ordem em um território dominado pela violência.

Já Doc Holliday é um personagem moralmente complexo e trágico, consumido pela tuberculose e pelo alcoolismo, mas dotado de um senso de lealdade e coragem que o redime aos olhos do espectador. Essa dualidade — o homem da lei e o fora da lei que se tornam aliados — é o eixo dramático que sustenta o filme e lhe confere profundidade.

Na direção de John Sturges destaca-se o tensionamento dramático e o uso expressivo das paisagens áridas do Oeste. Na sequência final, o famoso duelo no O.K. Corral é filmada com precisão exemplar, antecipando o estilo visual e narrativo que Sturges aperfeiçoaria mais tarde em Sete Homens e um Destino (The magnificent seven, 1960).

No filme Sem Lei e Sem Alma, o diretor não se limitou apenas à ação, mas explorou também a dimensão humana dos personagens, revelando suas motivações, seus dilemas e suas fragilidades emocionais.

A trilha sonora, composta por Dimitri Tiomkin, contribuiu decisivamente para o impacto emocional do filme. O tema principal, com letra de Ned Washington, interpretado por Frankie Laine, tornou-se um sucesso independente, servindo de moldura épica para a narrativa da história.

A canção Gunfight at the O.K. Corral segue o estilo das baladas do Velho Oeste, comuns no decênio de 1950, que contavam a história do filme de modo quase narrativo. Assim, a música e a letra envolventes servem, não apenas como trilha sonora, mas como guia que conduz o espectador, desde a cena de abertura até o trágico confronto final.

Dimitri Tiomkin era mestre em criar trilhas temáticas grandiosas, e aqui ele une o estilo erudito ao popular de forma magistral, algo típico de suas composições para o cinema americano.

A orquestração de Tiomkin combina o uso de metais, cordas tensas e percussão marcial, evocando tanto o galope do cavalo, quanto a tensão que antecede o duelo. O arranjo cria uma sensação de destino inevitável, refletindo o clímax do O.K. Corral como um ponto sem retorno para os personagens, reforçado pelas imagens recorrentes do cemitério Boot Hill ao longo do filme e na letra da canção interpretada por Frankie Laine.

Com fotografia e enquadramentos cuidadosos, interpretações intensas e trilha sonora inesquecível, Sem Lei e Sem Alma consolidou-se como um marco do gênero e ajudou a definir o arquétipo do herói do Velho Oeste americano.

Embora baseado fatos reais, o filme Sem Lei e Sem Alma não se configura como um documentário fiel. Nele, o diretor adotou a liberdade poética característica dos faroestes, em que o duelo no O.K. Corral é menos um registro de um acontecimento real e mais um reforço do mito cultivado no gênero western.

Por tudo isso, Sem Lei e Sem Alma é um filme que transcende o entretenimento e se inscreve na história do cinema como uma obra de arte do gênero faroeste, colocando-se ao lado de grandes filmes como: Os Brutos Também Amam (Shane, 1952), Matar ou Morrer (High Noon, 1952), Rastros de Ódio (The Searchers, 1956) e O Homem que Matou o Facínora (The Man Who Shot Liberty Valance, 1962).

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