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Jurani Clementino

Jurani Clementino

Jornalista, professor universitário, escritor e membro da Academia de Letras de Campina Grande.

S. João e a fogueira

Por Jurani Clementino
Publicado em 24 de junho de 2024 às 17:00

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Todos os anos, no dia 23 de junho, centenas de milhares de pessoas espalhadas pelo mundo, pelo Brasil e em especial pelo Nordeste, constroem fogueiras de madeira para festejar a véspera do dia de São João. É um costume que atravessa gerações e continentes. Tendo sua origem na Europa e sendo incorporado a essa tradição elementos da cultura local. Mas qual o significado da fogueira? O que ela comunica? Por que celebramos esse santo junino?

Na tradição cristã, a fogueira tem uma relação direta com a história de nascimento do profeta João Batista. A mãe dele, Isabel, envelheceu sem nunca ter engravidado. Todos consideravam que ela era estéril. Foi aí que o anjo Gabriel teria aparecido ao profeta Zacarias, esposo de Isabel, e anunciado que aquela mulher já idosa iria ter um filho e que esse deveria se chamar João. Zacarias não teria acreditado no que dizia o anjo e ficou mudo até o dia que o filho nasceu. Nesse mesmo tempo o anjo também apareceu a Maria, prima de Isabel, e anunciou que ela seria a mãe do Salvador. Maria foi visitar Isabel e ficou cerca de três meses cuidando da prima grávida. Depois voltou para casa.

Mas, eu estou falando de coisas que aconteceram há mais de dois mil anos. E nessa época a comunicação não se dava com tanta facilidade quanto hoje. Isabel precisava informar a prima Maria sobre o nascimento de João. E como não havia telefone celular na época, a forma mais eficiente para fazer esse comunicado foi acendendo uma fogueira quando o filho nascesse. Portanto, a fogueira é um aviso do nascimento de João.

Quando João cresceu e ficou adulto ele saiu de casa e foi morar no deserto. Fazer suas pregações, seus sacrifícios e viver uma vida com muita dificuldade. Assim ele se tornou conhecido como profeta, homem enviado por Deus. Suas pregações atraiam multidões e ele sempre anunciava a vinda do Messias e batizava todos os que se arrependiam dos pecados. Foi assim que passou a ser chamado São João Batista: aquele que batizava. Não por acaso, Jesus foi batizado por ele. Na bíblia, no evangelho Mateus, tem uma referência sobre esse momento em que o Salvador pede para ser batizado por João. João teria dito: Eu é que devo ser batizado por ti, e tu vens a mim?

Em suas pregações, João não poupava críticas ao Rei Herodes. O monarca dos Judeus. Ele foi um rei sanguinário, o mesmo que mandou sacrificar as crianças recém-nascidas de Belém. Herodes não era um rei popular. E João denunciava a vida adultera do rei e os desmandos de seu governo. Foi então que Salomé, filha de Herodíadis, que era cunhada de Herodes, dançou para o rei e deixou-o deslumbrado. Herodes então disse que daria tudo o que aquela jovem pedisse. Salomé, em conversa com a mãe, decidiu pedir a cabeça de João Batista numa bandeja e assim foi feito. São João Batista, o ultimo dos profetas, tornou-se também o primeiro mártir da igreja.

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