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Benedito Antonio Luciano

Benedito Antonio Luciano

Professor Titular aposentado do Departamento de Engenharia Elétrica da Universidade Federal de Campina Grande (UFCG).

Roraima no Sistema Interligado Nacional

Por Benedito Antonio Luciano
Publicado em 8 de outubro de 2025 às 8:10

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Segundo o Operador Nacional do Sistema Elétrico (ONS), atualmente, existem 212 localidades isoladas no Brasil, sendo a maior parte na região Norte, nos estados de Rondônia, Acre, Amazonas, Roraima, Amapá e Pará. A ilha de Fernando de Noronha, em Pernambuco, e algumas localidades de Mato Grosso completam a lista. Entre as capitais, Boa Vista (RR) é a única que ainda é atendida por um “sistema isolado”.

Denomina-se “sistema isolado” o sistema elétrico que em sua configuração normal, não esteja conectado ao Sistema Interligado Nacional (SIN).

Durante muitos anos o estado de Roraima foi mantido isolado do SIN, em decorrência de entraves causados por liberação de licenciamento ambiental referente à passagem das linhas de transmissão de energia elétrica por terras dos povos indígenas Waimiri-Atroari, localizadas entre Manaus-AM e Boa Vista-RR.

Certamente, um empreendimento dessa natureza não teria sido liberado se não tivesse apresentado e cumprido todos os requisitos legais e ambientais, entres eles o Estudo de Impacto Ambiental (EIA) e o Relatório de Impacto ao Meio Ambiente (RIMA).

Como “não se faz omelete sem quebrar os ovos”, é bom lembrar que, em todo processo de conversão, transmissão, distribuição e usos finais da energia, sempre haverá impactos ambientais, inclusive no tocante ao uso das energias ditas renováveis.

Licitadas em 2011, as obras de instalação das linhas e torres de transmissão de 500 kV, conhecidas como Linhão de Tucuruí, deveriam ter sido concluídas e postas em funcionamento em 2015.

Porém, somente em 2022, depois que a Justiça Federal homologou o acordo entre a empresa Transnorte Energia-TNE e os povos indígenas; o novo prazo de conclusão foi estabelecido para dezembro de 2025 e, assim, a obra ficará pronta com dez anos de atraso.

Entre os dias 18 e 22 de agosto, a Agência Nacional de Energia Elétrica (ANEEL) realizou fiscalização em campo nas obras conduzidas pela TNE, concessionária da linha de transmissão.

O Linhão de Tucuruí tem 724 km de extensão, incluindo um trecho de aproximadamente 120 km construído dentro da Terra Indígena Waimiri-Atroari. Durante a fiscalização, a equipe da ANEEL concentrou os esforços na inspeção das subestações Lechuga (AM), Equador (em Rorainópolis, RR) e Boa Vista (RR), assim como nas estruturas da linha de transmissão ao longo de sua faixa de utilização.

Desta forma, concluída a conexão de Roraima ao SIN, haverá uma melhora significativa e estratégica no fornecimento de energia elétrica, além da redução de despesas, já que hoje o estado arca com o elevado custo das usinas termelétricas, subsidiadas pela Conta de Consumo de Combustíveis (CCC), o que encarece o preço da tarifa de energia elétrica.

Neste contexto, segundo a ANEEL, com a liberação da linha de transmissão, “os cerca de 120 caminhões-tanque que circulam diariamente entre Manaus e Boa Vista transportando gás e óleo diesel para abastecer as usinas de energia elétrica no estado estão com seus dias contados”, o que reduzirá os custos e beneficiará os consumidores.

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