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Professor Titular aposentado do Departamento de Engenharia Elétrica da Universidade Federal de Campina Grande (UFCG).
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No contexto futebolístico, o termo “racha” refere-se ao jogo informal entre dois times formados, sempre que possível, em igualdade de condições entre os participantes, o que reforça a ideia de que todos podem jogar sem burocracia.
No Brasil, “racha” também é usado em outros contextos, tais como divisão de despesas com bebidas e comidas em bares e restaurantes, além de competições ou disputas, como nos famigerados e perigosos rachas de corridas de carro ou motos nas zonas urbanas.
Em 1976, quando eu era estagiário da Coelba, em Salvador-BA, ouvi pela primeira vez alguém empregar o termo “baba”, quando fui convidado para participar de um “baba” na praia de Piatã. Por outro lado, em 1969, sem saber que se tratava de um “baba”, joguei futebol no campo do convento dos Frades Capuchinhos, em Feira de Santana-BA.
Muitos associam “baba” à expressão “babinha”, usada pelos baianos para designar algo fácil ou leve. Em termos de futebol, o “baba” reflete a informalidade do jogo: sem regras rígidas, sem a necessidade de um juiz ou de uniforme. No “baba”, o objetivo é simplesmente jogar, fazer gols e se divertir.
Embora “rachas” e “babas” sejam usados para descrever jogos informais de futebol entre amigos, eles possuem nuances que os diferenciam: o “racha” tende a ser mais disputado, enquanto o “baba” é mais descontraído, com foco no prazer do jogo em si, muitas vezes com menos preocupação com o placar ou desempenho.
Na infância, morei na Avenida Rio Branco, no bairro da Bela Vista, em Campina Grande-PB, na parte enladeirada compreendida entre a Rua Cônego Pequeno e a Volta de Zé Leal. Foi lá que comecei a jogar bola com os meus colegas, no meio da rua, com bolas de meia (barra-a-barra) ou de plástico.
Nos jogos de barra-a-barra, podia ser um contra um ou dois contra dois. As partidas não tinham tempo de duração. Conforme acordo prévio entre os contendores, o que determinava o fim do jogo era o placar e as partidas podiam ser de cinco ou dez gols.
As partidas com bola de plástico no meio da rua causavam muito transtorno, pois naquele tempo as casas não tinham muros na parte da frente, as janelas ficavam abertas e as bolas, vez por outra, caíam dentro das casas ou sobre os telhados. Nessas situações, os meninos não hesitavam em pular pelas janelas ou subir nos telhados para pegar a bola, o que danificava as telhas.
Na adolescência, deixamos o meio da rua e começamos a jogar nos denominados campos de peladas. Nesses campos havia traves sem redes e a bola era de couro. Naquele tempo também era possível jogar futebol de salão em quadras esportivas. Tudo isso fazia parte da iniciação de futuros atletas, tanto para o futebol amador e quanto para o futebol profissional.
Entre a adolescência e a idade adulta joguei em times amadores de Campina Grande e participei de vários rachas de futebol de campo e de salão, em diferentes cidades brasileiras: Mossoró-RN; Coremas-PB; Sumé-PB; Carpina-PE; e São Carlos-SP.
Na minha lembrança, o melhor racha que joguei foi no campo de futebol do Colégio Estadual da Prata, em Campina Grande. Desse racha participavam jogadores de times amadores da cidade, entre eles: Everton, do São José; Real Campina, da Prata; Grêmio do São José, Botafogo, da Liberdade; e, no meu caso, Flamengo, da Bela Vista.
Efetivamente, não poderia esquecer de citar a minha breve participação no histórico racha Bola de Ouro (Associação Atlética Bola de Ouro), fundado em Campina Grande, em 27 de maio de 1967; assim como minha participação no racha do Banco do Brasil na primeira metade do decênio de 1980.
Hoje, não participo mais de rachas e babas, mas percebo que essas tradições resistem ao tempo e continuam sendo passadas de geração em geração, criando laços de amizade entre os praticantes e fortalecendo a relação entre o esporte e a coesão social.
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