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Edjamir Sousa Silva

Edjamir Sousa Silva

Padre e psicólogo.

Quem está em Cristo, procure ser diferente

Por Edjamir Sousa Silva
Publicado em 16 de fevereiro de 2025 às 14:00

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Há um evento histórico que pontua as ações dos profetas: antes dos exilio, durante o exilio, depois do exilio. O profeta Jeremias que é do Reino Sul de Judá atua antes do exilio, mas também em alguns fatos do exilio.

O texto que escutamos hoje (Jr 17, 5-8) é uma palavra dura contra a idolatria, através do profeta, antes do exilio (+- 586 a.C). Começa com uma maldição ao homem (hebraico= adam.  Símbolo de reserva somente de humanidade)  que confia e deposita nele a segurança: “Maldito o homem que confia no homem, que faz da carne sua força” (v. 5).

Interessante abrirmos hoje esta reflexão, pois semana passada, ouvimos Deus escolher o profeta Isaias (6, 1-8) e Jesus escolher Pedro (Lc 5, 1-11) para uma missão, dado que ambos alegaram muita fraqueza e pecado.

Nos versículos que antecedem o texto de hoje (v. 2s), o profeta reclama da idolatria: “para que os seus filhos se lembrem de seus altares e de seus postes sagrados, junto às árvores verdejantes, sobre as colinas elevadas” referindo-se as divindades cananeias da fecundidade e prosperidade como uma conotação de egoísmo. A queixa contra os ídolos deste mundo é “abandonar o Senhor e confiar na força da carne”, isto é, afastar o coração do Senhor e ficar centrado no encurvar-se em si mesmo.

O Bezerro de Ouro é a ideia da fabricação de uma divindade que eu possa usá-lo e manipulá-lo como eu quero em função de dispor dele. É um deus que eu possa controlar segundo os meus desejos.  Diz o profeta: “Afastando o coração do Senhor, ele é como um arbusto no deserto que nunca verá um tempo bom” (Jr 17, 6a). Há uma plasticidade no texto: “ele vai morar em deserto, terra salgada, onde ninguém mora” (v 6b).

Mas, ao contrário, “Bendito aquele que confia no Senhor, pois ELE MESMO É SUA CONFIANÇA.” (V. 7a). Há outra plasticidade neste texto: “Ele é como uma árvore plantada junto da água, que lança suas raízes para a corrente, ele não teme quanto chegar o calor” (v. 7b).

Este não está isento das situações duras da vida, mas continua confiando e produzindo frutos: “ele não teme quando chegar o calor, sua folhagem permanece verde (…), ele não se preocupa e não para de produzir frutos” (v. 8b). Ele quis depender do Senhor e buscou Nele a água que produz vida, é a casa construída sobre a rocha. Do contrário, há um culto de si mesmo projetado em algo: bezerro de ouro.

O Salmo (1, 1-2. 3.4.6 (R.Sl 39,5ª) traz a plasticidade desta árvore plantada na beira do rio, retratando a imagem da “bem aventurança/felicidade de alguém que não senta no conselho dos ímpios, não pára no caminho dos pecadores e nem senta na roda dos zombadores”. Ele evita os fanfarrões que vivem a contabilizar suas façanhas e conquistas egoístas (fruto de suas iniquidades,) para não aprender o caminho destes (debochados) que conseguem conquistas as custas injustas dos outros, principalmente dos mais frágeis.

O homem que escuta a Deus vive plantado junto d’água corrente, dando fruto no tempo certo, pois estes não são ímpios.  ONDE ESTOU PLANTADO?

Em 1Cor 15, 12. 16-20. Paulo se lembra do núcleo do kerigma: “Ele morreu, foi sepultado e ressuscitou” (v.3). A plasticidade da ressurreição, nas catequeses paulina é a idéia de uma semente lançada na terra que morre para produzir frutos. A ressurreição da humanidade é, também, uma conformação dessa semente (a vida do homem) que sepulta o mundo velho (imagem de Adam) para uma vida nova (vida nova em Cristo).

O homem velho, que os textos precedem, é transformado pela força libertadora da ressurreição de Jesus. Dizer que Jesus está vivo é sobrepor a Sua Vida sobre as imagens do homem velho de seu tempo (Herodes, os Sumos Sacerdotes, os Fariseus, os Mestres da Lei…) e de todos os tempos (os egoístas, zombadores, perversos….).

Portanto, “CRSITO RESSUSCITOU DOS MORTOS, COMO PRIMEIRO DOS QUE ADORMECERAM” (V. 20). Pelo batismo, fomos sepultados na morte de Cristo e, como peregrinos da esperança, acreditamos no Senhor. Nossa esperança está cheio de vida eterna.

O evangelista Lucas apresenta Jesus como o Messias, mas aos moldes dos profetas que usam a Palavra como instrumento de força transformadora: cura, liberta, faz discernimentos e ajuda a compreendes as opções de Deus.

A palavra profética gera dois tipos de reação: acolhida ou rejeição. O que tem coração aberto acolhe. Mas, uma boa parte, não acolhe e sim rejeita. No Antigo Testamento muitos profetas foram rejeitados e Lucas quer dizer que assim será com Jesus. Portanto, se você é amigo do evangelho (Teófilo), sem dúvida alguma você será caluniado e rejeitado: pelos parentes, pelos conterrâneos, por quem tem poder, por religiosos fechados, etc…

No evangelho de hoje (Lc 6, 17. 20-26) Jesus abre seus ensinamentos dizendo: “Feliz”. Essa é a mesma expressão vinda do mundo sapiencial e das profecias. FELIZ DE QUEM CONFIA EM DEUS.

Há uma multidão que está em torno de Jesus, como uma árvore plantada próxima ao rio de água vida, que procura a sabedoria de uma vida leve, sem idolatrias, atenta às coisas boas e fundamentais da vida (como está atenta aos outros). É UMA FELICIDADE QUE TRAZ A ALEGRIA DO REINO em contraposição a IDOLATRIA que implementa uma vida pesada para todos.

O texto do evangelho também tem uma plasticidade, “ai de vós os ricos, os que estão fartos, os que estão rindo (deboche), ai de vós que todos falam bem de vós (como os falsos profetas de uma felicidade/autoestima egoísta)”, estes irão experimentar os mesmos sofrimentos que fizeram a muitos.

Ai daqueles que, por medo da morte, procuram sua segurança, procuram seus jeitos, arrumações e estratégias com meios nem sempre honestos. A liturgia da Palavra vem nos dizendo que o medo da morte leva o ser humano à serventia ao demônio. Ai de quem está apegado às coisas.

E porque “aí”? Em hebraico a sonância deste termo lembra não o tom de ameaça, mas de luto. Quem procura está à beira da torrente, procura estar em Cristo. E quem está em Cristo, vive o diferente.

Boa semana!

 

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